José Carlos Mattedi, Repórter da Agência Brasil / 20 de Maio de 2007
Brasília - A atuação econômica e militar da Austrália em Timor Leste preocupa o governo brasileiro. Segundo o embaixador Antônio José Maria de Souza e Silva, representante do Itamaraty nesse pequeno país do extremo sudeste da Ásia, os australianos buscam “isoladamente” influenciar nas ações locais, enquanto os países lusófonos – incluindo o Brasil – tentam manter as raízes culturais portuguesas na região. Ou seja, há uma disputa “surda” pelo protagonismo no Timor Leste.
“A ação da Austrália preocupa. Gostaríamos de manter a lusofonia nesse país, reintroduzindo a língua portuguesa e trazendo o Timor para o seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, sublinha o embaixador, que enfatiza: “Nós gostaríamos que o país pudesse estabelecer sua própria forma de governo, suas alianças internacionais, sem interferência da Austrália. Essa é a nossa preocupação, de poder preservar a independência e a soberania do Timor”.
São oito os países lusófonos: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe e Timor Leste, que passou a integrar a CPLP em 2002.
Ex-colônia portuguesa e há sete anos independente da Indonésia, que invadira o território em 1975, o Timor tenta se reerguer após séculos de exploração internacional e violência interna. O português e o tétum têm status de línguas oficiais, mas a maioria dos timorenses fala apenas a segunda, que é o idioma nativo. Com uma economia frágil, o petróleo é visto como uma das soluções para o desenvolvimento local.
O mar é a fronteira entre o Timor e a Austrália. E nele está a esperança dos timorenses: o petróleo – explorado pelos australianos, inclusive em águas pertencentes ao país vizinho, segundo entidades internacionais. Como no Timor Leste não existe indústria ou turismo, as pessoas vivem da agricultura de subsistência e de uma “rala” exportação de café. O petróleo e o gás tornam-se, então, a principal fonte de rendimentos.
A Austrália, segundo o embaixador brasileiro, mantém uma tropa de 1.300 homens no país, sem estar diretamente subordinada ao comando militar dos Boinas Azuis da Organização das Nações Unidas (ONU), que atuam na região, e já firmou um acordo de exploração de petróleo com o governo local. Para tentar frear essa influência militar e econômica, Brasil e Portugal investem em educação, formação profissional e militar dos timorenses, e estreitam relações governamentais.
“É uma força desigual [dos australianos], mas a questão de reafirmação da língua [portuguesa] é muito importante para nós, além de apoiar os governos democraticamente eleitos”, pontua Souza e Silva.
A “tropa” luso-brasileira é mais burocrática. O Brasil, por exemplo, enviou 50 professores, que atuam nos níveis fundamental, médio e superior; cinco juízes que trabalham nas cortes locais; e um grupo de militares que ajudam na formação de soldados e policiais. Quatro técnicos parlamentares brasileiros também serão enviados para ajudar no funcionamento do Legislativo, além de introdução de um programa na área de agricultura.
Essa falta de pessoal leva o embaixador a uma conclusão: “O grande desafio do Timor é a falta de recursos humanos. Não há quadros capacitados em todos os níveis para gerir o país. E o Brasil está ajudando com grande empenho”.
Em relação à política interna, Souza e Silva assinala que “o grande temor é que não haja uma reconciliação nacional”. O país passará por uma nova eleição, no final de junho, para a escolha de novos parlamentares. Conseguir reunir uma maioria num processo de fragmentação partidária – são mais de dez partidos – é o desafio do novo presidente, José Ramos Horta, que toma posse hoje (20).
Ele não tem partido e buscará influenciar na escolha do primeiro-ministro. “Acredito que dá para construir uma maioria, que terá de acontecer para se poder governar. Acredito também num certo grau de estabilidade. É um processo longo, mas tende a se normalizar”, finalizou.
Brasília - A atuação econômica e militar da Austrália em Timor Leste preocupa o governo brasileiro. Segundo o embaixador Antônio José Maria de Souza e Silva, representante do Itamaraty nesse pequeno país do extremo sudeste da Ásia, os australianos buscam “isoladamente” influenciar nas ações locais, enquanto os países lusófonos – incluindo o Brasil – tentam manter as raízes culturais portuguesas na região. Ou seja, há uma disputa “surda” pelo protagonismo no Timor Leste.
“A ação da Austrália preocupa. Gostaríamos de manter a lusofonia nesse país, reintroduzindo a língua portuguesa e trazendo o Timor para o seio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, sublinha o embaixador, que enfatiza: “Nós gostaríamos que o país pudesse estabelecer sua própria forma de governo, suas alianças internacionais, sem interferência da Austrália. Essa é a nossa preocupação, de poder preservar a independência e a soberania do Timor”.
São oito os países lusófonos: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe e Timor Leste, que passou a integrar a CPLP em 2002.
Ex-colônia portuguesa e há sete anos independente da Indonésia, que invadira o território em 1975, o Timor tenta se reerguer após séculos de exploração internacional e violência interna. O português e o tétum têm status de línguas oficiais, mas a maioria dos timorenses fala apenas a segunda, que é o idioma nativo. Com uma economia frágil, o petróleo é visto como uma das soluções para o desenvolvimento local.
O mar é a fronteira entre o Timor e a Austrália. E nele está a esperança dos timorenses: o petróleo – explorado pelos australianos, inclusive em águas pertencentes ao país vizinho, segundo entidades internacionais. Como no Timor Leste não existe indústria ou turismo, as pessoas vivem da agricultura de subsistência e de uma “rala” exportação de café. O petróleo e o gás tornam-se, então, a principal fonte de rendimentos.
A Austrália, segundo o embaixador brasileiro, mantém uma tropa de 1.300 homens no país, sem estar diretamente subordinada ao comando militar dos Boinas Azuis da Organização das Nações Unidas (ONU), que atuam na região, e já firmou um acordo de exploração de petróleo com o governo local. Para tentar frear essa influência militar e econômica, Brasil e Portugal investem em educação, formação profissional e militar dos timorenses, e estreitam relações governamentais.
“É uma força desigual [dos australianos], mas a questão de reafirmação da língua [portuguesa] é muito importante para nós, além de apoiar os governos democraticamente eleitos”, pontua Souza e Silva.
A “tropa” luso-brasileira é mais burocrática. O Brasil, por exemplo, enviou 50 professores, que atuam nos níveis fundamental, médio e superior; cinco juízes que trabalham nas cortes locais; e um grupo de militares que ajudam na formação de soldados e policiais. Quatro técnicos parlamentares brasileiros também serão enviados para ajudar no funcionamento do Legislativo, além de introdução de um programa na área de agricultura.
Essa falta de pessoal leva o embaixador a uma conclusão: “O grande desafio do Timor é a falta de recursos humanos. Não há quadros capacitados em todos os níveis para gerir o país. E o Brasil está ajudando com grande empenho”.
Em relação à política interna, Souza e Silva assinala que “o grande temor é que não haja uma reconciliação nacional”. O país passará por uma nova eleição, no final de junho, para a escolha de novos parlamentares. Conseguir reunir uma maioria num processo de fragmentação partidária – são mais de dez partidos – é o desafio do novo presidente, José Ramos Horta, que toma posse hoje (20).
Ele não tem partido e buscará influenciar na escolha do primeiro-ministro. “Acredito que dá para construir uma maioria, que terá de acontecer para se poder governar. Acredito também num certo grau de estabilidade. É um processo longo, mas tende a se normalizar”, finalizou.
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