sábado, 26 de maio de 2007

Cabo Verde desencoraja criação dos EUA

O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, considerou ontem ser ainda "muito cedo" para se criar neste momento uma comunidade de Estados Unidos de África, ponto único da agenda da próxima Cimeira da União Africana (UA) de Julho deste ano em Acra (Gana).

Numa declaração a propósito do Dia da África, que se assinalou ontem, Neves esclareceu que o seu Governo defende "uma integração africana faseada e de forma sustentada", em vez da criação brusca dos Estados Unidos de África.

"Não podemos colocar à frente dos interesses africanos situações institucionais que poderão prejudicar o desenvolvimento. Não é momento de criar os Estados Unidos de África, mas sim de criar Estados mais fortes, com critérios de convergência", defendeu o primeiro-ministro cabo-verdiano.

O chefe do Governo cabo-verdiano considera que "os Estados Unidos da África não podem ser criados no vazio" e citou como exemplo a União Europeia onde, segundo ele, antes de se criar a moeda única, procurou-se a convergência no domínio económico.

Em África, disse, ainda não se chegou a esse patamar de entendimento e nem há critérios de convergência, mas sim "disparidades grandes entre os países", pelo que "não fazem sentido, neste momento, os Estados Unidos de África".

Neves defende, por outro lado, que a própria Comunidade Económica de Estados da Africa Ocidental (CEDEAO), de que Cabo Verde faz parte com outros 14 Estados da região, "tem de ser reformulada".

No entanto, José Maria Neves considera que tem ocorrido transformações positivas e encorajadoras em África, nomeadamente as perspectivas de um crescimento económico mais sustentado do continente e a transformação da instituição da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD) numa agência para o desenvolvimento.

Para ele, o problema da NEPAD, criada em 2001 com o objectivo de melhorar a governação em África e as contribuições dos doadores ocidentais "é que começou a funcionar paralelamente às outras instituições".

Por isso, José Maria Neves considera que a sua transformação em agência "é um passo positivo, mas o mais importante é criarmos instituições em função das necessidades do continente".

"O dia que hoje (sexta-feira) se comemora é o dia em que os líderes africanos devem renovar os seus compromissos para a paz, liberdade e democracia em África, ao mesmo tempo que devem olhar para os vários conflitos no continente e procurar formas de os resolver pacificamente", insistiu.

José Maria Neves congratulou-se por África ser um continente que está a crescer, defendendo ser necessário encontrar novas parecerias para que o continente possa "ganhar o futuro", resolvendo os casos de conflitos, fome, deslocados, migrações clandestinas e doenças.

Moscovo quer aumento de ajuda à África
O Presidente russo, Vladimir Putin, defendeu o aumento da eficácia da ajuda internacional à África e particularmente à RDCongo, numa mensagem endereçada ao seu homólogo congolês, Joseph Kabila, por ocasião do Dia da África.

“O 25 de Maio” simboliza a aspiração dos países africanos à unidade visando garantir a evolução independente, à paz e à prosperidade no continente", escreveu Putin, que sublinha o papel "progressivamente crescente" dos países africanos na resolução dos problema-chave da actualidade e na criação de uma ordem mundial equitativa e multipolar.

Putin expressou o seu apoio aos esforços das nações africanas visando lançar os fundamentos da segurança colectiva, a fim de transformar o continente num espaço de segurança, estabilidade e desenvolvimento sustentável. Estima que a criação da NEPAD é "uma obra progressiva". (Notícias / 26 de Maio de 2007)

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