Cabo Verde e Moçambique são das economias mais expostas a uma possível subida abrupta do preço dos cereais, devido ao aumento da procura do milho ou trigo para produção de bioetanol, segundo dados do Banco Mundial.
A simulação do impacto de um "choque" no abastecimento de cereais, que consta do relatório Desenvolvimento das Finanças Globais (GDF, na sigla inglesa) do Banco Mundial, indica que o produto interno bruto dos dois Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) pode sofrer um choque de cerca de um por cento, a confirmar-se a escalada de preços.
Para estes dois países, que têm um défice corrente superior a cinco por cento do PIB, "os custos de importação adicionais podem ser particularmente perturbadores, obrigando a ajustamentos substanciais na economia real", refere o relatório, divulgado na terça-feira ao final do dia em Washington.
"Os impactos seriam muito mais pronunciados para as famílias pobres não-rurais, devido à importância dos cereais no seu consumo", adianta.
No caso da Eritreia e do Tajiquistão, o impacto no PIB será superior a dois por cento, de acordo com as estimativas do Banco Mundial.
Cabo Verde aparece em 10º lugar e Moçambique no 11º, na lista das economias mais afectadas, da qual consta também São Tomé e Príncipe, com uma quebra potencial de 0,75 por cento no PIB.
Os "stocks" de cereais têm vindo a cair nos últimos anos, situando-se hoje a apenas 16 por cento do consumo mundial, facto que poderá ser agravado por um aumento substancial na procura de milho para produção de biocombustíveis.
"Os baixos `stocks´ são um factor fundamental para o aumento de 15 por cento nos preços de trigo e milho", mas "as condições de abastecimento estão tão estreitas que um forte choque de abastecimento pode resultar numa subida muito mais acentuada do preço destes cereais", lê-se no relatório.
Segundo os cálculos do Banco Mundial, um aumento de 40 por cento nos preços dos cereais implica uma quebra de perto de 6,3 por cento no rendimento real dos lares que vivem abaixo da linha de pobreza de um dólar por dia.
De acordo com as últimas projecções do BM, Cabo Verde é a única economia dos países africanos lusófonos em trajectória de aceleração - de 5,8 por cento no ano passado para 6,3 por cento no próximo ano.
Angola deverá abrandar o ritmo de crescimento nos dois próximos anos - para 13,4 por cento em 2009 - depois de atingir um "pico" de 25,1 por cento este ano.
Para Moçambique, as previsões apontam para um abrandamento contínuo até 2009 - dos actuais 7,4 por cento para 6,7 por cento dentro de dois anos, enquanto que a economia da Guiné-Bissau deverá acelerar até 2008, abrandando a partir daí. (Noticias Lusófonas / 30/maio/2007)
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