14 agosto 2016, Jornal Domingo http://www.jornaldomingo.co.mz
(Moçambique)
O Chefe do Estado
declarou um basta aos ataques da Renamo, sustentando não fazer nenhum sentido
que estes continuem a semear terror às populações, numa altura em que estão a
ser desenvolvidas todos mecanismos pacíficos para responder as inquietações
daquele partido político com representação parlamentar.
Na sexta-feira finda a
Renamo protagonizou dois ataques nas províncias da Zambézia e Manica, este
último visando viaturas de jornalistas da TVM, Rádio Moçambique e ICS
(Instituto de Comunicação Social), ambos órgãos do serviço público, em
Moçambique, que seguiam viagem ao distrito de Macossa, que no dia seguinte
(Sábado) receberia a visita do Chefe de Estado.
O ataque selectivo às
viaturas dos jornalistas, tendo em conta que ambos traziam os distintivos das
respectivas empresas jornalísticas, surpreendeu ainda mais a sociedade
moçambicana, principalmente a classe dos jornalistas que saiu a condenar em
termos veementes o acto, quer individualmente, quer através do seu Sindicato
(SNJ) que participou imediatamente à Federação Internacional dos Jornalistas,
quer pelo Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) capítulo
moçambicano, bem assim através do Conselho Superior de Comunicação Social,
órgão do Estado moçambicano que regula as liberdades de imprensa, dos
jornalistas e o direito à informação.
Perante estes actos,
classificados de autêntica ameaça à paz, à convivência social e ao próprio
Estado, Filipe Nyusi, disse à população que acorreu ao comício de Mossurize que
os promotores estão há muito tempo identificados embora se enganem que se
disfarçam.
Acrescentou que quando
se fala de paz, o mesmo grupo entende que seja o sinónimo de guerra. Enquanto
se fala de paz, eles entendem o contrário. Entendem que seja guerra. Matam e
destoem bens da população. Isso não pode ser tolerado. Enganam-se que são mais
fortes do que o Estado, do que o povo insurgiu-se Filipe Nyusi,
visivelmente constrangido pelo cenário de belicismo protagonizado pela Renamo.
Basta de ataques da Renamo. Chega! Moçambique está
crescer. O povo quer trabalhar e produzir comida para alimentar-se, construir
suas casas, educar seus filhos e viver num clima de paz. A Renamo não pode
continuar significar a desgraça para os moçambicanos, sublinhou o Presidente da República.
Filipe Nyusi, que
elencou realizações do Governo, respeitantes ao desenvolvimento socioeconómico,
afirmou haver tendências claras da Renamo, visando contrariar os objectivos do
seu Executivo.
A população clama pelo bem-estar, ter casa condigna,
água potável e alimentação. Para isso é necessário que a Renamo se reencontre
consigo mesmo, deixe de fazer ataques e junte-se aos esforços do governo
tendentes à busca da paz. Com a paz os moçambicanos podem continuar a produzir
e melhorar as suas condições de vida, referiu.
Intervindo no comício
popular, os residentes de Mossurize pediram ao chefe de Estado para destacar
uma unidade das Forças de Defesa e Segurança para aquele distrito com vista a
permitir que a população se movimente com segurança, contrariamente ao que
acontece actualmente devido a ameaça da Renamo.
Francisco Moiana, um
dos intervenientes, disse que o povo quer produzir, mas a presença dos homens
da Renamo e as frequente matanças que se verificam em algumas zonas daquele
distrito intimidam a população, impede-a de produzir, daí a necessidade de se
destacar um exército para o distrito a fim de repor a ordem.
Senhor presidente, pedimos um efectivo militar para
garantir a nossa segurança. O distrito tem que ter um quartel para repelir a
acção criminosa dos homens da Renamo que não nos deixam trabalhar e gerar
riqueza, acrescentou Moiana.
Trinta anos depois: água já jorra em Espungabera
No primeiro dia de
trabalhos na província de Manica, o Presidente da República inaugurou um sistema
de abastecimento de água à vila de Espungabera, sede do distrito de Mossurize.
O empreendimento custou mais de 36 milhões de meticais provenientes dos
governos de Moçambique e Holanda e do Fundo das Nações Unidas para Infância
(UNICEF).
O valar foi aplicado na
materialização dum projecto de água potável canalizada que vai abastecer 11.279
habitantes de um universo de 14 mil residentes daquela vila localizada a Sul da
província de Manica.
As obras foram
consignadas no ano passado, implementadas pela Administração de
Infra-estruturas de Água e Saneamento, com o término em Junho do presente ano.
Permitirão a elevação da cobertura no fornecimento daquele líquido precioso.
Até a inauguração do sistema, apenas 3.700 pessoas é que beneficiavam de água
canalizada, cujo abastecimento era deficiente, razão porque muitas famílias
recorriam às fontes alternativo-tradicionais.
Dados indicam que o
actual nível de abastecimento representa um crescimento em 86.7 por cento de
pessoas com água potável, o que também significa a redução de situações de
doenças de origem hídricas.
Gerido pelo Governo
local, o sistema compreende estações de captação, conduta adutora de cerca de
1.100 metros, depósitos em betão armado de 60 metros cúbicos, uma rede
distribuidora actualmente com 250 ligações. A distribuição é feita por
gravidade aos três bairros, nomeadamente, o de Cimento, Primeiro de Maio e
Chicocha, por cinco horas diárias, sendo 1,5 hora por cada bairro.
A abertura
oficial do sistema é tomada como sendo verdadeiro final dum martírio que data
desde há anos, embora o plano tenha sido idealizado em 1986. Trinta anos depois
é concretizado, perante expectativas, perante um projecto que já se via
bastante demorado.
A visita do chefe de
Estado termina hoje com um comício popular na sede do distrito de Macate,
depois de ter galgado durante três dias os distritos de Mossurize, Macossa,
Vanduzi onde inaugurou algumas infra-estruturas sociais, e orientou comícios
populares.·
Domingos Boaventura
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