quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Cuba/O LÍDER "IMORTAL" QUE OBCECOU A CIA




15 de Agosto, 2016, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Portugal)

Sara Gómez Armas, EFE

Charutos explosivos, bebidas envenenadas, um traje de mergulho letal e uma “Mata Hari” apaixonada. Nada pôde acabar com Fidel Castro, líder da revolução cubana que fez 90 anos no sábado e burlou mais de 600 complôs homicidas orquestrados pela CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos).

Fidel Castro, nêmesis por décadas do “imperialismo ianque”, transformou-se desde os preâmbulos da revolução que triunfou em 1959 num obstáculo para os EUA e a principal ameaça aos seus interesses na América Latina, onde
o líder cubano apoiou movimentos de esquerda e guerrilhas de inspiração comunista nas trincheiras da Guerra Fria.

Mesmo de antes de 1959, durante a revolta na Sierra Maestra, datam as primeiros tentativas da CIA de exterminar o “barbudo”. Uma lista que inclui pelo menos 638 atentados entre 1958 e o ano 2000 dos quais os serviços secretos cubanos tiveram registo, 167 dos quais estavam em avançada fase de execução no momento que foram desmantelados.

Entre eles há planos altamente rocambolescos, mais próprios de filmes de espiões como James Bond ou da Pantera Cor-de-Rosa que dos todo-poderosos serviços de inteligência dos EUA, que chegaram a criar o departamento ZR/Rifle com a única missão de liquidar Fidel, em colaboração com a máfia para acrescentar um toque “hollywoodiano” ao assunto. Nos alvores da revolução, Fidel participou na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque em 1960, ocasião que a CIA quis aproveitar para o matar com várias ideias como colocar explosivos nos charutos do comandante, uma missão que finalmente não chegou a concretizar-se.

Após a fracassada invasão da Baía dos Porcos -- por exilados anti-castristas financiados pelos EUA -, os serviços de inteligência esforçaram -- sepor idealizar um desaparecimento limpo e sem rasto de sangue de Fidel Castro, com o envenenamento como opção predilecta, operação que contou com a participação expressa de mafiosos como John Rosselli e Santos Traficante Jr. Eles ocuparam-se de conseguir as cápsulas de cianeto que entregaram em 1963 ao garçom da cafetaria do Hotel Habana Libre, aonde Fidel ia frequentemente tomar uma bebida.

Foi outro fracasso: a cápsula de cianeto ficou colada ao gelo do congelador onde estava guardada e não pôde ser utilizada; o atentado que mais perto esteve de ter êxito, embora o acaso tenha salvado de novo a vida do líder cubano.

No entanto, o episódio mais cinematográfico é o que envolveu Marita Lorenz, amante de Fidel durante alguns meses após o triunfo da revolução que, após transferir-se para os EUA, foi contratada pela CIA no final de 1960, com apenas 20 anos, para envenenar o comandante durante um encontro na suíte de um hotel de Havana.

Marita guardou as pílulas letais num frasco de creme hidratante e viajou para Cuba. As pastilhas derreteram com o creme, mas a jovem “Mata Hari” -- que depois trabalhou como espiã da CIA durante várias décadas -- já tinha decidido no avião que não assassinaria aquele que tinha sido o seu primeiro amor.

Conhecedores da sua paixão pelo mergulho, os agentes da CIA também projectaram planos como impregnar de bactérias letais um traje de neopreno ou camuflar uma pequena bomba explosiva sob um búzio numa das praias onde o comandante costumava mergulhar.

Perante as dificuldades para matá-lo, houve outros planos que só procuravam desacreditá-lo: colocar sal de tálio, uma substância depilatória, nos seus charutos ou sapatos, o qual ao ser inalado por Fidel provocaria a perda da sua significativa barba; ou bombear com LSD uma estação de rádio onde discursaria ao vivo para drogá-lo e fazer com que parecesse que tinha perdido a cabeça.

Um capítulo à parte merece Luis Posada Carriles, que atentou contra a vida do comandante em várias ocasiões, além de participar na explosão de uma bomba no hotel Copacabana de Havana em 1997, que matou um turista italiano; ou da explosão de um avião da empresa Cubana de Aviación em 1976, no qual morreram 73 pessoas.

Carriles - exilado cubano, anti-castrista ferrenho, ex-agente da CIA e “cruel terrorista”, segundo Fidel - urdiu o seu último atentado contra o líder cubano durante a 10ª Cimeira Ibero-Americana realizada no Panamá em 2000: outra tentativa frustrada pela qual foi condenado e enviado para a prisão, embora tenha sido amnistiado logo depois.

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