quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Brasil/“A democracia incomoda aos que não querem a participação popular” -- Dilma



23 agosto 2016, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)

Por Railídia Carvalho    



Fica, Dilma: Presidenta é recebida em ato em São Paulo (Midia Ninja)

“Se você não pode passar pelo crivo do voto, o que eles pensaram: vamos saltar o voto e substituir um colégio eleitoral de 110 milhões de pessoas por um colégio menor de 81 pessoas. É disso que se trata”, afirmou a presidenta eleita Dilma Rousseff referindo-se ao golpe imposto ao país com o governo interino de Michel Temer. As declarações foram feitas durante o ato realizado em São Paulo na noite desta terça-feira (23).

A partir da quinta-feira (25) se inicia o julgamento do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff.

O ato realizado em São Paulo por entidades do movimento sindical e social e partidos políticos, integrantes da Frente Brasil Popular e da Frente Povo sem Medo, faz parte das ações de denúncia do golpe.  Diversas iniciativas estão programadas para acontecer a partir de quinta-feira (25), simultaneamente às
sessões do Senado.

“Algum de nós aqui na última eleição votou para que o gasto de educação e saúde fosse congelado por 20 anos? Não voltamos. Nós votamos para acabar a faixa 1, que é a razão de ser do programa Minha Casa, Minha Vida? Não, não votamos”, indagou Dilma. 

“A democracia é muito incômoda principalmente quando você quer evitar a participação popular nas decisões”, declarou. Ela enfatizou que a questão democrática no Brasil é crucial e é no momento da eleição direta que o povo se manifesta sobre os rumos do país.

O nome é golpe
“Porque é um golpe? Porque se trata da utilização de um instrumento que, de fato está previsto na Constituição, que é o impeachment, mas que não tem base de sustentação porque não houve crime de responsabilidade”, explicou Dilma.

Na opinião dela, a acusação é pífia e é defendida por aqueles que não tem como explicar o golpe. 

“Quando falam que é questão política, a solução para divergência política ou como eles dizem que discordam do conjunto da obra, só tem um caminho e é a eleição direta, pelo voto direto da população brasileira”, cutucou.

“Eu nunca tive conta no exterior, não usei um centavo de dinheiro público a meu favor ou de terceiros. Do que me acusam? Sabe do que me acusam? De exercer a atividade de gestão do governo federal usando as mesmas regras e a mesma lei de todos os presidentes que me antecederam”, ressaltou.

Acusações
A presidenta relembrou que a denúncia começou com seis decretos além das pedaladas fiscais, e hoje se mantém com três decretos. 

“Eram meras ações de governo. Decretos para suplementação do ministério da Educação e Cultura, que eles querem dilapidar, e da Justiça do Trabalho. O que eles queriam é que tivéssemos parado o governo e que não continuássemos a executar os programas sociais”.

No caso das pedaladas, Dilma explicou a discordância dos que a acusam em relação ao financiamento da agricultura familiar e comercial. 

“Há, sim, uma divergência entre nós e eles. Nessa divergência o Tribunal de Contas da União tomou uma decisão que nunca tinha se estabelecido antes, por isso nós sabemos que esse processo de impeachment tem por base uma fraude, uma verdadeira fraude porque seus argumentos não ficam de pé”, salientou.

Ida ao Senado
Dilma explicou que sua ida ao Senado para fazer pessoalmente sua defesa não referenda o golpe. “Não, nós não estamos referendando o golpe. Uma coisa é a instituição, outra coisa são as pessoas que são contrárias à tua posição”.

“Nós somos democratas e por isso a nossa maior arma é ampliar o espaço de discussão e debate em cada uma das instituições, por isso eu vou sim ao Senado por isso eu vou debater no Senado”, ressaltou Dilma.

“Eu não vou ao Senado porque acredito nos meus belos olhos. Eu vou ao Senado porque eu acredito na democracia deste país”, completou. 

Democracia
Dilma citou ainda que espaços democráticos criados no Brasil hoje garantiram que ela não renunciasse e se referiu a situações trágicas ocorridas com ex-presidentes atingidos por golpes. 

“Eu não fui obrigada a me suicidar, como Getúlio Vargas, ou ir para o Uruguai, como João Goulart, porque tem uma democracia neste país que nós lutamos para construir, muitas pessoas foram presas e exiladas.
Eu devo isso a todos os que lutaram”.

A presidenta admitiu que a geração dela quando obteve a vitória achou que estava tudo bem. 
“Não tá, não. Tem que lutar todo santo dia, é que nem a vida. Temos que ter esta clareza que a democracia é algo muito valioso pra gente não lutar por ela sistematicamente”, finalizou Dilma.

Do Portal Vermelho

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