10 agosto 2016, ADITAL Agência de Informação Frei Tito para América
Latina http://site.adital.com.br (Brasil)
Roberto Malvezzi, Gogó*, Adital
Um Ministro do Supremo Tribunal Federal mandou um aviso
para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): "preparem-se para
dias difíceis”. O que será que ele sabe exatamente? Será que é para preparar o
povo Brasileiro para o pior?
Mas, consumado esse golpe, o que pode vir de pior? A
maioria das propostas já conhecemos: desmonte do SUS em favor da medicina
privada; modificações draconianas para o povo na previdência social em favor da
previdência privada; modificações dos tempos da revolução industrial na
legislação trabalhista em favor do capital privado; entrega do Pré-Sal;
desmonte da educação pública – inclusive universidades
– em favor da educação
privada; entrega das terras públicas aos estrangeiros; repressão dos movimentos
sociais; supressão de verbas para pesquisas científicas; crescimento da
intolerância fascista; assim ao infinito.
As políticas sociais ficarão apenas como marketing,
não mais com a proposta da inclusão social. Fim dos 15 anos do desenvolvimento
da política de Convivência com o Semiárido.
O pior para o povo brasileiro será essa falta de
perspectiva, de futuro. O Brasil volta a ser de poucos e com políticas para
poucos. Verdade, com apoio de Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Cristovam
Buarque, Marta Suplicy e outros que jurávamos democratas.
Com Dilma era difícil, pelas ambiguidades, pelo
autoritarismo, pelo obreirismo e crescimentismo, mas havia contradições e, por
elas, avançamos em alguma inclusão social, sobretudo aqui no Semiárido. Mas,
agora o poder dominante tende a ser monolítico. As contradições internas do bloco
que chega ao poder jamais porão em risco o projeto do Brasil farto para as
oligarquias tradicionais que dominam esse país, embora tornem o Brasil menor
para seu povo e perante as nações do mundo.
Há horizontes? Por hora nenhum, a não ser uma tormenta
formada por nuvens escuras e carregadas. Mas, como dizia o grande místico João
da Cruz em sua noite escura: "é por não saber por onde vou – e nem como -
que eu vou”. Nós vamos.
*Roberto Malvezzi: Equipe CPP/CPT do São Francisco. Músico. Filósofo e Teólogo
robertomalvezzi@hotmail.com
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Brasil/Nota da Comissão Brasileira Justiça e Paz -- CBJP* sobre o Momento Atual
10 agosto 2016, ADITAL Agência de Informação Frei Tito para América
Latina http://site.adital.com.br (Brasil)
Para onde vamos?
A Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), frente à grave situação
político-econômica brasileira, conclama ao diálogo e à busca de soluções
democráticas que preservem as conquistas e os direitos do nosso povo.
Democracia é respeito à vontade do povo; as recentes pesquisas expressam
com clareza a vontade dos brasileiros/as diante das perplexidades que afligem a
nossa grande Nação.
O processo de impeachment contra a presidente democraticamente eleita
foi instaurado com argumentos jurídicos que veem sendo refutados por técnicos
do Senado Federal, por parecer do Ministério Público Federal (MPF) e
especialistas internacionais em recente evento realizado no Rio de Janeiro
(Tribunal Internacional pela Democracia no Brasil). Para onde vamos?
Estamos diante do conflito de dois projetos de sociedade: os que
defendem a continuidade da Presidente eleita, superando o impeachment e os que
defendem que o vice-presidente assuma de modo definitivo a direção do Brasil. O
que incluem os dois projetos, para além das pessoas que se dispõem a
assumi-los? Quais as prioridades na perspectiva da atenção à maioria da
população, sobretudo os mais pobres?
O governo interino, assumido pelo vice e sua equipe, anuncia medidas, em
várias esferas da vida da população, que apontam para o retrocesso nos direitos
arduamente conquistados: educação, saúde, cultura, previdência social, direitos
humanos, comunidade negra, populações indígenas, mulheres, a liberdade de
expressão e de organização. Mais uma vez na história brasileira a conta da
crise é depositada nos ombros dos mais necessitados, das maiorias
desprotegidas.
Estamos vivendo momento de angústia e tristeza. Sentimo-nos em sintonia
com o Papa Francisco que já tem manifestado preocupação com o processo político
brasileiro. No entanto, a Esperança continua nos iluminando e nos levando à
ação.
A Comissão Brasileira de Justiça e Paz tem se empenhado em dialogar com
os movimentos sociais e os agentes públicos, principalmente os Senadores da
República.
Sua conclusão é que o processo de impeachment em andamento não responde
aos anseios mais profundos do povo brasileiro. No entanto, se empenha na
construção de uma saída para a crise, negociada com todos os setores sociais,
exigindo que sejam garantidos os direitos humanos e sociais da população, consciente
do que nos diz a Palavra de Deus: "Deus ouviu os clamores do seu povo”.
Brasília, 09 de agosto de 2016
Carlos Alves Moura
Secretário Executivo
Comissão Brasileira de Justiça e Paz
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