29 julho 2016, Brasil 247
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Altamiro Borges*
Em recente debate no Centro de Estudos Barão de Itararé, o ex-ministro
Franklin Martins disse que o golpista Michel Temer se converteu de "um
vice decorativo em um interino vingativo". Ele se referia ao processo de
desmonte da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), com a exoneração do seu
presidente-executivo, o jornalista Ricardo Melo – medida ilegal e arbitrária
que depois foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – e a demissão de
vários profissionais de renome. "Isto é censura, é perseguição
política", afirmou na ocasião. Nesta terça-feira (26), o alerta do ex-ministro
foi corroborado pela onda de demissões no Ministério da Cultura – o que
confirma que o vingativo usurpador detesta a democracia.
Segundo o noticiário da mídia chapa-branca, a caça às bruxas no MinC
resultou na dispensa sumária de 81 profissionais e no desmonte de áreas
estratégicas do ministério – como a Diretoria de Livro, Leitura, Literatura de
Bibliotecas (DLLLB) e a Cinemateca. Em comunicado oficial e lacônico, o
"sinistro" interino da pasta, Marcelo Calero, alegou
que a onda de
cortes faz parte do "processo de reestruturação" e do
"desaparelhamento" da pasta, insinuando que todos os demitidos são
"petistas". Na prática, o Judas Michel Temer sempre desejou extinguir
o ministério e só voltou atrás devido à forte pressão do mundo cultural, com
dezenas de manifestos e protestos públicos.
Agora, irritado com a altiva resistência dos funcionários do MinC, que
ocuparam vários dos seus equipamentos – como a Funarte do Rio Janeiro –, o
interino vingativo parte para a retaliação. A medida fascista deve gerar mais
rebeldia no mundo cultural e a tendência é de novas perseguições políticas no
ministério, lideradas pelo insignificante capacho Marcelo Calero. Há boatos de
que demissões podem vitimar até 140 profissionais do setor. No caso da
Cinemateca, órgão responsável pela preservação do audiovisual, toda sua direção
já foi exonerada – incluindo a coordenadora-geral, Olga Futemma. Para o seu
lugar foi nomeado Oswaldo Massaini Filho, um agiota ligado ao mercado
financeiro.
Processo macarthista de perseguição
A postura vingativa do Judas Michel Temer ficou explícita logo após a
concretização do "golpe dos corruptos", com o afastamento da
presidenta Dilma Rousseff no Senado, em 12 de maio passado. Demonstrando toda
sua pequenez política, o ex-vice-presidente – que confessou numa carta patética
que se considerava apenas uma figura "decorativa" – passou à
retaliação política mais torpe. Cancelou os voos da presidenta eleita pela
maioria dos brasileiros e suspendeu, inclusive, a refeição designada à sua nova
residência oficial, o Palácio da Alvorada. As iniciativas truculentas,
totalmente contrárias à legislação, foram questionadas na Justiça, mas o
usurpador não recuou na sua sanha vingativa.
Logo na sequência, o golpista deu início a um processo macarthista de
perseguição política. Uma das primeiras vítimas foi um funcionário público que
servia café no Palácio do Planalto, acusado de ser "um fiel petista".
A onda fascistoide foi festejada por uma reportagem da excitada revista Época,
assinada pelo jornalista Ricardo Della Costa, "Michel Temer escalou
auxiliares para desempenhar uma tarefa curiosa: caçar simpatizantes do PT
escondidos no governo. A cada suspeita, os auxiliares do peemedebista buscam
por registro de filiação e monitoram até as redes sociais. O nome dos
encontrados param na mesa do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, para a
exoneração".
Balcão de negócios para bandidos
A onda macarthista também foi confirmada pela Folha, em reportagem
publicada em 8 de junho. "O presidente interino, Michel Temer, ordenou
acelerar as demissões de servidores ligados ao PT que ainda ocupam cargos no
segundo e terceiro escalão do governo... A equipe do presidente interino pediu
um levantamento do número de postos que ainda abrigam indicações consideradas
políticas e orientou que os quadros petistas sejam substituídos o mais rápido
possível. Nas palavras de um auxiliar de Temer, os funcionários ligados ao
partido da presidente afastada que ainda permanecem em secretarias e diretorias
'estão atrapalhando o andamento da gestão'. 'O clima é de guerra', sentenciou o
assessor".
A mídia venal, que apoiou o "golpe dos corruptos" e tem feito
de tudo para embelezar a imagem do usurpador Michel Temer – sabe-se lá a que
preço – ainda tentou difundir a ideia de que os demitidos – "todos
petistas" – seriam substituídos por nomes de perfil técnico. Mas nem ela
tem conseguido esconder que os golpistas estão loteando os cargos, entregando
postos estratégicos e até mesmo do segundo escalão em troca da fidelidade dos
partidos fisiológicos na aprovação definitiva do impeachment da presidenta
Dilma no Senado. O Palácio do Planalto virou um agitado balcão de negócios, com
a indicação de todo tipo de bandido – muitos deles com longas fichas policiais
– para os cargos públicos.
*Altamiro Borges é responsável pelo Blog do Miro - Uma
trincheira na luta contra a ditadura midiática
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