2 agosto 2014, ODiario.info http://www.odiario.info (Portugal)
A loucura belicista do capitalismo mundial em 2014 não é novidade.
Repetem-se as tragédias de 1914 e 1939. O sistema capitalista, sobretudo na sua
fase imperialista, é isto: um sistema baseado na exploração, agressão, opressão
e guerra.
Cem anos após o começo da I Grande Guerra, e quase 75 após o início
da II Guerra Mundial, o imperialismo está a lançar a Humanidade num novo e
terrível conflito de enormes proporções. Os massacres israelita em Gaza e do
fascismo ucraniano no Donbass têm mais em comum do que se possa pensar. As
guerras no Iraque, Síria, Afeganistão, Líbia não chegaram a acabar. Os ataques
militares por intermédio de aviões não tripulados (drones) semeiam a morte e
destruição nesses países, mas também no Iémen, Paquistão, Somália e outros. Misteriosos
bandos terroristas fazem o jogo do imperialismo na destruição da Nigéria,
Iraque, Sudão. O planeta está a ser incendiado pelos senhores da guerra
imperialista. Que agora ameaçam abertamente a Rússia, a China e qualquer outro
país que
não cumpra as ordens imperiais. Um sistema decadente e senil, mas
armado até aos dentes, está disposto a sacrificar os povos para manter o seu
domínio. Para parte importante do mundo não é exagero falar já hoje numa nova
Grande Guerra. E ninguém pode garantir que não se esteja perante uma nova
Guerra Mundial, de ainda maiores e mais devastadoras proporções, que ameaça a
própria sobrevivência da Humanidade.
Os mais de mil mortos de Gaza, na sua grande maioria civis e em boa
parte crianças, são bem o espelho da barbárie do capitalismo dos nossos dias.
De forma nada surpreendente, os promotores das chamadas «guerras humanitárias»
estão calados. Sempre prontos a dizer que é preciso bombardear ou invadir o
país X porque supostamente o seu povo estaria a ser vítima de alguma
barbaridade (as mais das vezes fictícia e inventada pela propaganda do «partido
da guerra»), calam-se perante a chacina diária duma população encurralada numa
enorme prisão a céu aberto, quase toda refugiada de anteriores guerras e
limpezas étnicas do monstro sionista. Ou juntam-se mesmo ao coro dos que, mais
do que pôr a vítima e o agressor em pé de igualdade, têm o desplante de culpar
a vítima pela agressão.
O mesmo se passa, num ainda maior silêncio cúmplice, com a chacina
que vitima a população do Donbass, no Leste da Ucrânia. As vilas e cidades são
diariamente bombardeadas pelas tropas de Kiev com canhões, aviões, e mesmo
sistemas de lançamento múltiplo de obuses. O Ministério da Defesa russo já
acusou publicamente o governo golpista de usar fósforo branco e bombas de
fragmentação contra alvos civis. A Internet está cheia de vídeos das vítimas
civis, de casas e mesmo prédios destruídos pelos fascistas do poder golpista
patrocinado pelos EUA e UE. Mas os ecrãs da televisão calam e silenciam. Tal
como silenciam o processo judicial em curso para ilegalizar o Partido Comunista
da Ucrânia (que recebeu 13,2% dos votos nas últimas eleições antes do golpe), a
alteração do regimento do Parlamento para dissolver o seu grupo parlamentar, as
repetidas agressões (dentro e fora do hemiciclo) contra comunistas e outros
antifascistas ucranianos, a morte sob tortura de dirigentes locais do PCU às
mãos da Guarda Nacional, entregue às tropas de choque nazis que fizeram o golpe
de Estado de Fevereiro. Para a comunicação social de regime, nada disto existe.
Estão empenhadas numa histérica campanha de falsificações que visa preparar o
terreno para um confronto directo com a Rússia. Como se um embate militar entre
as principais potências nucleares do planeta fosse coisa menor.
A loucura belicista do capitalismo mundial em 2014 não é novidade.
Repetem-se as tragédias de 1914 e 1939. O sistema capitalista, sobretudo na sua
fase imperialista, é isto: um sistema baseado na exploração, agressão, opressão
e guerra. É o que mostra toda a História do último século. A guerra pode ser
impedida, pela intervenção dos povos. Essa intervenção exige esclarecimento,
informação, mobilização. Nunca a luta pela paz e contra as guerras do
imperialismo foi tão importante como hoje.
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2122, 31.07.2014
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2122, 31.07.2014
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