18 agosto 2014, Macauhub http://www.macauhub.com.mo
(China)
As unidades de produção de combustíveis
refinados a partir de gás natural projectadas para Moçambique podem multiplicar
o impacto desta matéria-prima energética na economia, com a redução da
importação de combustíveis e mesmo exportação para a região.
Enquanto as unidades de processamento de
gás natural liquefeito (LNG) para exportação têm sido mais faladas e têm
projectos mais avançados, as fábricas de transformação de gás em combustíveis
líquidos (GTL, na sigla inglesa) oferecem a capacidade de
abastecer o mercado
interno e regional com gasóleo, combustíveis sintéticos e outros combustíveis
refinados.
Este tipo de produção, afirma a Economist
Intelligence Unit em relatório sobre a economia moçambicana, “trazem mais benefícios
para a economia doméstica em termos de criação de emprego, actividade
industrial e eliminação de custos das caras importações de bens energéticos.”
O desenvolvimento destas unidades
“permitirá a Moçambique acrescentar valor aos seus recursos gasíferos”
recentemente descobertos na bacia do Rovuma, que rivalizam com as maiores já
identificadas no mundo, com “grande impacto industrial, comercial e orçamental”,
para além de 2018, quando a produção tiver início, adianta a EIU.
No mês passado, a estatal moçambicana
Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) acordou com os grupos sul-africanos
Sasol e italiano ENI a realização de um estudo de pré-viabilidade para a
construção de uma fábrica GTL, a ser alimentada com o gás natural a ser
extraído na bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado, que deverá ter uma
capacidade inicial de produção de 96 mil barris de combustíveis líquidos por
dia.
A ENH e o grupo ENI são parceiros no bloco
Área 4 da bacia do Rovuma e a Sasol está a desenvolver com a ENH o projecto de
Pande e Temane, detendo o grupo Sasol tecnologia que permite a transformação do
gás em derivados líquidos.
“A implantação de um projecto do género
vai permitir que o país passe a produzir combustíveis líquidos a partir do gás,
como gasóleo e petróleo de iluminação, por exemplo, e reduzir a dependência na
importação”, afirmou o presidente da ENH, Nelson Ocuane.
Já antes, no final de Junho, a Royal Dutch
Shell havia assinado um outro acordo com a ENH, que permitiu lançar um estudo
de pré-viabilidade para uma unidade de GTL.
A Shell construiu a primeira fábrica de
GTL comercial em Bintulu, Malásia, e em 2011, com a sua parceira Qatar
Petroleum, iniciou a produção na maior fábrica de GTL no mundo, a Pearl GTL, no
Qatar.
Os estudos permitirão à Sasol e à Shell
fazer uma estimativa dos investimentos necessários na construção das unidades e
um calendário até que cheguem ao terreno, permitindo a Moçambique diversificar
o uso potencial do gás natural, um “desenvolvimento positivo”, para a EIU.
A construção destas unidades integra-se no
chamado “Plano director do gás natural”, documento desenvolvido com assistência
técnica do Banco Mundial e aprovado pelo Conselho de Ministros no final de
Junho, com objectivo de acelerar o desenvolvimento industrial através do uso e
processamento local de recursos energéticos.
O plano contempla ainda a construção de um
oleoduto ligando a província de Cabo Delgado a Maputo, no sul.
Também a produção de combustíveis a partir
de carvão despertou recentemente o interesse de alguns investidores
estrangeiros, como a Clean Carbon Industries, que chegou a anunciar no final de
2012 a intenção de investir mil milhões de dólares na construção de uma fábrica
com esse finalidade.
Hugh Brown, que apresentou o projecto no
decurso de uma reunião do governo da província de Sofala, disse que a fábrica,
a ser construída no posto administrativo de Savane, com entrada em
funcionamento prevista para 2015, irá produzir gasolina, gasóleo e petróleo
para a aviação, conhecido por “Jet A1″.
Os estudos de pré-viabilidade indicavam
que a fábrica deverá vir a produzir 65 mil barris de combustíveis por dia,
permitindo a Moçambique poupar até 300 milhões de dólares em divisas, além de
assegurar o abastecimento de combustíveis. (macauhub/MZ)
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