6 agosto 2014,
Gazeta Russa http://gazetarussa.com.br (Rússia)
Российская
газета http://rg.ru
Atualmente, a comunidade internacional lança um novo olhar para a
América Latina, formada principalmente por economias robustas, crescentes e
estáveis.
O potencial econômico dos países da latino-americanos
é impressionante: 600 milhões de pessoas compõem um potencial mercado
consumidor e indicadores de 2013 mostrando um PIB conjunto de US$ 6 trilhões.
A América Latina também
é potência no mercado mundial de minérios: 47% de prata, 41% de bauxita, 27% de
estanho e 22% de zinco mundiais são extraídos dos
países do continente. A
região possui ainda 18% das reservas mundiais comprovadas de petróleo e é
responsável por 9% da produção mundial total de grãos, 52% de soja, 30% de
carne bovina e 24% de aves.
Reação russa
Os cidadãos russos
estão satisfeitos com o desenvolvimento da cooperação entre a Rússia e a
América Latina. Como demonstrou a Fundação “Obschestvenoe Mnenie” (FOM), 62%
dos habitantes do país acreditam que a Rússia tem boas relações com os países
latino-americanos, contra 16% acreditam que as relações “não são amigáveis”;
22% ficaram indecisos.
De acordo com especialistas,
a opinião da população do país foi reforçada pela recente visita do presidente
Vladímir Putin à região.
“Para a Rússia, é muito importante expandir seus laços
com países que estão menos suscetíveis à pressão do Ocidente”, afirmou à Gazeta
Russa o vice-diretor do Instituto América Latina da Academia Russa de Ciências,
Borís Martinov.
“Se já observávamos há muito tempo uma certa tendência
de Moscou em reforçar as relações de política externa com a América Latina, a
visita de Pútin demonstrou que a Rússia agora pretende também diversificar suas
relações econômicas com os países da região, principalmente agora que EUA e
União Europeia impuseram sanções contra o país”, completou o especilista.
As relações políticas
entre Rússia e América Latina são mais robustas do que as econômicas. Isso se
deve ao contato econômico entre estes países, que está atrasado em forma e
método em comparação aos padrões internacionais. As empresas russas não são
conhecidas na região e as exportações mútuas e importações são pouco
diversificadas. A base de fornecimento de produtos russos à América Latina é
composta por fertilizantes mineirais, minérios e alguns produtos
técnico-militares. Já as importações russas são limitadas a produtos agrícolas,
cujos preços estão sujeitos à flutuação da demanda e das conjunturas
socioeconômicas. Por fim, os contatos nas áreas financeira, de investimentos e
de cooperação técnico-científica ainda são bem frágeis.
Com o objetivo de reverter a situação, Pútin visitou
Cuba, Argentina e Brasil, promovendo um amplo pacote de acordos de cooperação
nas áreas de energia –inclusive nuclear–, aviação, telecomunicações, utilização
do espaço exterior para fins pacíficos etc. Isso poderá render contratos de
bilhões de dólares, bem como projetos conjuntos em áreas técnicas promissoras,
capazes de unir de vez a Rússia aos países da região.
Concorrência
No entanto, a
“conquista” da América Latina é um jogo com sérios concorrentes. A China já é
considerada na região o maior investidor e parceiro comercial. O volume de
comércio entre a República Popular da China e a América Latina no período de
2000 a 2013 saltou de US$ 15 bilhões para US$ 260 bilhões (em comparação, o
comércio russo-latino-americano é atualmente de US$ 17,5 bilhões). Em volume de
negócios, a China já ultrapassou os Estados Unidos em relação a Brasil, Chile e
Peru.
Após a recente Cúpula
dos Brics (Brasi, Rússia, Índia, China, Áfricado Sul) no Brasil, o presidente
chinês, Xi Jinping, promoveu um tour de nove dias pela região e concedeu à
Argentina e Venezuela generosos empréstimos. Caracas ofereceu uma
contraproposta ao pagamento dos empréstimos de US$ 4 bilhões em petróleo, gás e
outros minerais. Buenos Aires, por sua vez, irá compensar o empréstimo chinês
de US$ 11 bilhões com petróleo e produtos agropecuários. O líder chinês
terminou sua visita em Cuba, onde também apresentou propostas de empréstimos.
A China possui um
projeto com a Nicarágua para a construção de um canal ligando os oceanos
Atlântico e Pacífico de US$ 40 bilhões e que será o principal concorrente do
Canal do Panamá. A Rússia tem um importante papel neste projeto. Apesar de não
fornecer apoio econômico-organizacional, será o país que garantirá a segurança
militar para a construção da passagem.
O premier japonês, Shinzo Abe, também visitou a
América Latina recentemente, entre os dias 25 de julho a 4 de agosto, logo
depois dos líderes russos e chineses. O Japão, assim como a China, necessita
muito dos recursos energéticos, matérias-primas e produtos alimentícios
produzidos no continente.
“A visita de Abe à região reflete a linha de
pensamento sobre a forte revitalização da diplomacia japonesa no cenário
mundial. Este é o curso de ação que Abe pretende levar a cabo, sob o lema ‘o
Japão está de volta’”, disse em entrevista à Gazeta Russa o chefe do Centro de
Estudos Japoneses do Instituo de Estudos do Extremo Oriente da Academia Russa
de Ciências, Valeri Kistanov.
O especialista ainda
acredita que Washington desaprova a sucessão de visitas dos líderes de três
potências mundiais à região, que sempre foi considerada seu “quintal”.
A América Latina parece
agora estar à procura de uma nova bússola moral e política com a Rússia, de
dinheiro com a China e de tecnologia com o Japão.
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BRICS, БРИКС: Brasil, Rússia, Índia, China, South Africa, Бразилия, Россия, Индия, Китай, Южная Африка
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