July 24, 2014, Global Research
http://www.globalresearch.ca (Canada)
Para compreender melhor uma das razões do ataque israelense contra
Gaza é necessário se ir em profundidade, exatamente a 600 metros abaixo do
nível do mar, a 30 Km da costa litoral. Lá, nas águas territoriais
palestinianas encontra-se um grande depósito de gás natural, Gaza Marinha,
estimado em 30 bilhões de metros cúbicos, num valor de bilhões de dólares.
Outros depósitos de gás e petróleo, de acordo com um mapa estabelecido pela
U.S. Geological Survey (agência governamental dos Estados Unidos), encontram-se
em terra firme, em Gaza e na Cisjordânia.
Em 1999, com um acordo
assinado por Yasser Arafat, a Autoridade Palestiniana confiou a exploração da
Gaza Marinha a um consórcio formado pelo “British Group” e “Consolidated
Contractors” (companhia particular palestiniana), com respectivamente 60% e 30%
das ações, nas quais o Fundo de Investimento da Autoridade Palestiniana tem um
porcentagem de 10%. Dois poços de petróleo foram abertos, Gaza Marinha-1 e Gaza
Marinha-2. Mas eles nunca jamais entraram em função, porque foram bloqueados
por Israel, que queria todos os dividendos desse gás confiscados.
Por
intermédio do ex-Primeiro Ministro Tony Blair, enviado do “Quarteto para o
Oriente Médio”, foi preparado um acordo com Israel que retiraria dos
palestinianos ¾ dos futuros rendimentos do gás, colocando a parte que se lhes
retornaria, numa conta internacional controlada por Washington e Londres.
Entretanto, imediatamente depois de ter ganho as eleições de 2006, Hamas
recusou o acordo qualificando-o de roubo, e exigiu uma renegociação do mesmo.
Em 2007, o atual ministro israelense da Defesa, Moshe Ya’alon disse que “o gás
não poderia ser extraído sem uma operação militar que erradicasse o controle de
Hamas de Gaza”.
Em 2008 Israel lançou a
operação “Chumbo Fundido” contra Gaza. Em setembro 2012 a Autoridade
Palestiniana anunciou que, apesar da oposição de Hamas, ela tinha retornado as
negociações sobre o gás com Israel. Dois meses depois, a admissão da Palestina
como um “Estado observador não membro” na ONU, veio a reforçar a posição da
Autoridade Palestiniana nas negociações. Gaza Marinha continua entretanto
bloqueada, impedindo os palestinianos de explorar a riqueza natural deles. Mas
nesse ponto deu-se uma reviravolta e a Autoridade Palestiniana entrou num outro
caminho. Em 23 de janeiro de 2014, de quando do encontro do presidente
palestiniano com o presidente russo, Vladimir Putin, discutiu-se a
possibilidade de confiar à companhia russa Gazprom a exploração dos depósitos
de gás, nas águas de Gaza. Foi a agência Itar-Tass que o anunciou, ressaltando
que a Rússia e a Palestina tinham um entendimento para reforçar a cooperação no
setor energético. Nesse cenário, além da exploração dos depósitos de gás,
tinha-se em mente as jazidas de petróleo nos arredores da cidade palestiniana
de Ramalá, na Cisjordânia. Nessa mesma região a sociedade russa Technopromexport
está pronta a participar na construção de uma central termoelétrica com uma
potência de 200 MW. A formação do novo governo palestiniano de unidade
nacional, em 2 de junho de 2014, reinforçava a possibilidade de que o acordo
entre a Palestina e a Rússia chegasse a um bom porto, e atracasse bem. Dez dias
mais tarde, em 12 de junho, teve-se o desaparecimento de três jovens
israelenses, que foram retornados mortos em 30 de junho: esse veio a ser o
pontual casus belli – motivo de guerra – que levou a operação “Barreira
Protetora” contra Gaza. Essa é uma operação que entra na estratégia de Tel
Aviv, que tem em vista também o se apropriar das reservas energéticas da
inteira Bacia do Levante, na qual as reservas palestinianas, libanesas e sírias
estão incluidas. Depois tem-se a estratégia de Washington, que em apoiando
Israel, tem o controle de todo o Oriente Médio, assim como o impedir a Rússia
de restabelecer uma influência na região, nos seus próprios planos.
Essa é uma mistura
explosiva, na qual as vítimas são, ainda mais uma vez, os palestinianos.
Manlio Dinucci
Edição de terça-feira,
15 de julho de 2014 de il manifesto
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