domingo, 24 de agosto de 2014

“VINGANÇA JUSTIFICADA”, O PRETEXTO PARA BOMBARDEAR GAZA: ESTEVE O GOVERNO DE NETANYAHU POR DETRÁS DOS ASSASSINATOS DOS TRÊS JOVENS ISRAELENSES?

July 25, 2014 Global Research http://www.globalresearch.ca (Canada)

 

By Prof Michel Chossudovsky


A morte de três jovens israelenses alegadamente assassinados por Hamas foi o pretexto dado para os atuais bombardeios de Gaza.

Operação Margem de Proteção – Operation Protective Edge (OPE) – dirigida contra Gaza, é reminescente do abominável Plano Dagan denominado “Operação Vingança Justificada”, no qual mortes de inocentes israelenses civís tinham sido previstas pelo planejamento militar da IDF, Força de Defesa de Israel.

As mortes seriam usadas para convocar o apoio do público israelense, assim também como para dar justificação a uma operação contra-terrorista nos territórios dos palestinianos, ocupados por Israel, fazendo-a “legitima” aos olhos da comunidade internacional.

Planejado atrás de portas fechadas, em julho de 2001, o Plano Dagan (denominado assim em referência ao então chefe do serviço secreto Mossad, Meir Dagan) tinha sido escolhido pelos arquitetos da IDF e do serviço secreto israelense, Mossad, para ser “lançado imediatamente após o próximo alto-número de vítimas”.

A Operação Margem de Proteção (OPE), dirigida agora contra Gaza, foi planejada bem anteriormente ao sequestro e morte dos três adolescentes israelenses.
O Primeiro Ministro Netanyahu, já agora também, convocou 40.000 reservistas. No segmento dos ataques, e dos raids de bombardeios aéreos, um cenário de uma maior operação terrestre é a ser esperada.

Ainda mais, de maneira similar a lógica do Plano Dagan, o chefe do Mossad, serviço de inteligência, “fez uma predição” do sequestro dos três adolescentes.

Abaixo do título “A frieza da presciente profecia do chefe da Mossad quanto ao sequestro” Haaretz, de Israel, confirmou que o “Chefe da Mossad, Tamir Pardo, tinha ‘feito um perfil’ de um cenário fantasmagóricamente [sic] similar ao do sequestro dos três adolescentes desaparecidos na Cisjordânia” Haaretz, 13 de julho de 2014, ênfases acrescentadas).

As mortes dos civís israelenses são apresentadas como culpa de Hamas, sem evidências, e isso para justificar uma operação militar contra Gaza. O objetivo final da “Operação Margem de Proteção” (OPE) é o de romper a base institucional da liderança de Hamas, e destruir a infraestrutura civil de Gaza, tendo em vista uma eventual anexação da Faixa de Gaza a Israel. Foi relatado que Israel já teria atacado 1.320 sítios em Gaza, resultando em 167 mortes e mais do que 1.000 feridos, e isso de até quando da presente data, 13 de julho. (Mannam News, 13 de julho de 2014)

Foram os três rapazes assassinados por Hamas?

Em reportagens da mídia israelense relatou-se que os três adolescentes poderiam ter sido executados por entidades afiliadas a Al Qaeda, mais especificamente pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) que, como por acaso, são “encobertamente”, assim como “abertamente”, apoiados por Israel.

Abaixo do título “Grupo Jihadista toma responsabilidade pela morte dos adolescentes”, o the Times of Israel confirmou que:

Um novo grupo palestiniano de guerra santa, a jihad, prometendo lealdade ao Estado Islâmico (anteriormente conhecido como ISIL) tomou a responsabilidade pelas mortes dos três adolescentes israelenses no mês passado na Cisjordânia, assim como para outros recentes ataques mortais, contra soldados e civís israelenses.

“A ação foi feita em honra de Abu Bakr al-Baghdadi, o auto-proclamado “califa” do Estado Islâmico, a reencarnação do Estado Islâmico da Síria e do Levante (ISIL), declarado no mês passado, foi dito na declaração.” (Times of Israel, 3 de julho de 2014)
ISIL (com o novo nome Estado Islâmico) (veja foto) constitue-se na principal força de luta rebelde da Al Qaeda na Síria, dirigida contra o governo de Bashar al Assad. Mais recentemente, brigadas da ISIL entraram também no Iraque confrontando forças governamentais.

Enquanto ISIL é uma entidade afiliada a Al Qaeda, financiada pela Arábia Saudita e Catar, retribuições para as mortes dos adolescentes foi dirigida contra Gaza, em vez de contra a Arábia Saudita e os Países do Golfe.

O apoio que os Estados Unidos e Israel dão as entidades afiliadas da Al Qaeda não se limita ao domínio das operações encobertas. Os militares israelenses (IDF) estão apoiando a entidade da guerra santa, jihadista, no ocupado Elevados dos Golãs – Golan Heights. Além disso, amplamente documentado, lá encontram-se também Forças Especiais ocidentais, assim como israelenses, nas fileiras dos rebeldes do ISIL.

Em março um oficial militar austríaco da Força ONU de Observação do Desembaraçamento nos Elevados dos Golãs – UNDOF  – “confirmou que Israel tinha dado apoio militar e logístico, em alta-escala, aos  terroristas e rebeldes [ISIL e Al Nusrah] em diferentes partes da Síria”.

O official da UNDOF confirmou a existência de uma “sala de operações conjuntas”, entre Israel e os rebeldes da Al Qaeda, pertencendo “ao fornecimento de assistência de Israel aos terroristas.”

Essa assistência não se limita a assuntos de logística:

“De acordo com o Canal 1 da televisão de Israel, ‘fontes ligadas a segurança’ informaram a respeito de um novo sistema de mísseis chamados ‘Mitar’, estabelecido nos Golãs para dar cobertura de retaguarda a grupos militantes anti-Síria.
Esse sistema inclui mísseis de meia e de longa distância, de acordo com o relatório.” (Al Alam May 3, 2014 ênfases acrescentadas)

Um hospital militar da IDF, nos ocupados Elevados dos Golãs foi estabelecido para tratamento dos rebeldes da Al Qaeda que tivessem sido feridos.

Em fevereiro o Jerusalem Post disse que o Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu tinha visitado o hospital de batalha da IDF nos ocupados Golãs, hospital esse que tinha sido levantado para apoio dos rebeldes jihadistas operando na Síria. O hospital tinha sido levantado então para tratar dos rebeldes feridos da Al Qaeda.

O Jerusalem Post reconhece que o hospital está sendo usado em apoio aos jihadistas da insurgência. Netanyahu referiu-se ao hospital como um lugar que “separava o bem no mundo, do mau no mundo.”

“O bem” de acordo com Netanyahu “é Israel” o qual, numa amarga ironia, apoia de todo coração, os “lutadores da liberdade” da Al Qaeda na Síria; e “o mau refere-se ao Irã, o qual apoia Bashar Al Assad”.

O bem, disse o primeiro ministro, é Israel, o qual “salva vidas da carnificina diária tendo lugar na Síria. Essa é a face real de Israel.”

O mau, ele continuou, é o Irã, que está armando os que fazem essa carnificina. (Jerusalem Post, 19 de fevereiro de 2014)

Enquanto o hospital de campo de batalha da IDF foi estabelecido para apoiar a Al Qaeda, numa operação coordenada pelas Forças Especiais da IDF, Netanyahu casualmente acusa o Irã por “seu apoio a grupos terroristas através do mundo”. (JP, 19 de fevereiro de 2014).
Netanyahu não nega o apoio de seu governo aos jihadistas. O alto chefe da IDF implicitamente reconhece que “elementos da global jihad dentro da Síria” são apoiados por Israel:

Netanyahu fez uma visita aos Golãs conjuntamente com o Ministro Mosje Ya’ alon e o Chefe do Personal, Chief of Staff, Lt.-General Benny Gantz.

Num local de miradouro, com vista panorâmica da fronteira da Síria, OC Comando Norte, Maj.-General Yair Golan, informou Netanyahu a respeito da presença de elementos da jihad global dentro da Síria, assim também como a respeito do trabalho sendo feito para fortificar as defesas da fronteira. (Ibid)

(Foto de direita : O Primeiro Ministro Netanyahu cumprimentando um Terrorista da Al Qaeda)

Seria esse terrorista ferido um trunfo de inteligência de Israel?

Na foto: “O Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu e o Ministro da Defesa Moshe Ya’ alon ao lado de um mercenário ferido. Hospital militar de campo de batalha nos ocupados Elevados dos Golãs, na fronteira com a Síria, 18 de fevereiro de 2014 (ibid, ênfases acrescentadas)

Quem matou os três adolescentes israelenses?

Ironicamente, o mesmo grupo jihadista que foi apontado na reportagem como tendo sequestrado e assassinado os três adolescentes é apoiado pela IDF de Israel, a partir dos ocupados Elevados dos Golãs.

Uma simples coincidência.
 Michel Chossudovsky

Artigo original em inglês :
Tradução do inglês : Anna Malm, artigospoliticos.wordpress.com


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