11 agosto 2014, Jornal
de Angola (Angola)
António Bequengue|
“Angola e o movimento
revolucionário dos capitães de Abril em Portugal” é o título do livro de
memórias (1974-1976) da autoria do escritor Manuel Pedro Pacavira a ser lançado
quarta-feira, às 18h30, no hotel Epic Sana, em Luanda.
Com 319 páginas, o livro, cujo prefácio é de Aldemiro
Vaz da Conceição, inclui o texto integral do Acordo de Alvor, datado de 15 de
Janeiro de 1975, termo de posse do Governo de transição e texto da proclamação
da independência de Angola, lido pelo Presidente Agostinho Neto,
às zero horas
do dia 11 de Novembro de 1975.Aldemiro Vaz da Conceição escreve no prefácio que o livro apresenta um contributo inestimável para a compreensão do processo de descolonização e os acontecimentos políticos em Angola, entre o 25 de Abril de 1974 e Março de 1976, data em que se retiraram de Angola os invasores sul-africanos.
As memórias de Manuel Pedro Pacavira sobre este período exaltante da História de Angola, são escritas num ritmo empolgante e sublinhado pela oralidade, que é a matriz da moderna literatura angolana. Revelam factos, situações e protagonistas que ajudam a compreender o que estava em jogo num período em que a Guerra Fia estava no auge em África.
Manuel Pedro Pacavira, Prémio Nacional da Cultura, foi representante de Angola junto da ONU entre 1988 e 1991, onde fez o papel de embaixador de bons ofícios junto das instituições ds EUA, tendo aberto caminhos para o posterior reconhecimento de Angola por Washington.
“Este livro de Manuel Pedro Pacavira é uma peça preciosa para melhor se compreender o período conturbado entre a queda do fascismo em Portugal e a proclamação da Independência de Angola, à meia noite de 11 de Novembro de 1975”, lê-se no prefácio.
O texto sublinha ainda que “o livro revela factos até agora desconhecidos e que vão ajudar a clarificar algumas etapas do processo de descolonização e, sobretudo, a evolução do MPLA desde o momento em que foi dilacerado pelas revoltas até à conquista do poder político”.
Manuel Pedro Pacavira afirma na nota prévia que o livro “é mesmo de memórias", com recurso exclusivo à sua própria lembrança e às notas que possui, apesar dos valiosos e multiformes subsídios que obteve de camaradas de luta daqueles momentos, como Brás da Silva e Artur Queiroz, “assim como do companheiro e eterno amigo Jorge Risquet", membro do Comité Central do Partido Comunista de Cuba.
Manuel Pedro Pacavira nasceu no Golungo Alto, a 14 de Outubro de 1939 no seio de uma família humilde. O pai era alfaiate, na época uma profissão que dava algum estatuto social. A mãe era lavadeira e camponesa. É licenciado em Ciências Sociais.
Foi preso político entre Junho de 1960 e Março de 1967, no Campo do Missombo, Cuando Cubango. Em meados de 1969 foi deportado para o campo de concentração do Tarrafal, Ilha de Santiago (Cabo Verde), onde permaneceu até ao dia 5 de Maio de 1974, por envolvimento na luta clandestina pela Independência de Angola.
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