25 agosto 2014, Macauhub
http://www.macauhub.com.mo (China)
Cabo Verde é o
mais recente país de língua oficial portuguesa a ser alvo da atenção dos
principais grupos empresariais e financeiros angolanos, em processo de expansão
internacional, onde conquistaram posições de destaque nas telecomunicações e na
banca.
De acordo com
uma edição recente do boletim de informação Africa Monitor Intelligence, a
operadora de telecomunicações “histórica” cabo-verdiana, CV Telecom,
participada pelo Estado e pela Portugal Telecom, está em vias de
perder para a
Unitel T+ a posição de líder no mercado.
Com uma
agressiva campanha de conquista de mercado, a Unitel T+, controlada pela
empresária angolana Isabel dos Santos, está a criar dificuldades ao líder de
mercado, inclusivamente ao nível da sua rentabilidade, adianta a mesma fonte.
O
primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, anunciou recentemente a
celebração de um protocolo entre o governo e a Unitel T+, prevendo a oferta de
um “smartphone” a cada funcionário público, seu cliente, passando a gerir a
base de dados assim criada.
A entrada da
Unitel no mercado aconteceu por absorção de uma pequena companhia local, T+,
tal como em São Tomé e Príncipe, e foi realçada com viagens a ambos os países
da sua accionista de referência, Isabel dos Santos, recebida então pelas mais
altas entidades.
Unitel e
Portugal Telecom têm estado envolvidas num contencioso público, que tem como
centro a participação da operadora portuguesa na angolana (cerca de um quarto
do capital), sendo discutida há vários meses a possibilidade de venda.
Paralelamente,
a operadora participada em Portugal por Isabel dos Santos, principal
concorrente da PT no seu mercado doméstico, fundiu-se recentemente com o
terceiro operador, ganhando dimensão para reforçar a concorrência.
Em Cabo Verde,
adianta o Africa Monitor Intelligence, o governo pondera mesmo retirar as
infra-estruturas de telecomunicações do contrato de concessão da CV Telecom, as
quais passarão futuramente a ser geridas por uma empresa independente.
Para a PT, tal
corresponderia a uma revisão unilateral do contrato de concessão, implicando a
reclamação de uma indemnização pelo Estado ou mesmo a sua retirada da companhia.
Também na
banca, a entrada de um novo concorrente angolano, o BIC, igualmente participado
por Isabel dos Santos, promete agitar o mercado.
A entrada do
BIC no mercado é facilitada por volumosos investimentos e poderá ocorrer por
conversão de uma sucursal do antigo Banco Português de Negócios, a funcionar em
regime de “offshore” em Cabo Verde, recentemente adquirida, em banco de
retalho.
Banco de
referência em Angola, o BIC tem vindo a expandir-se em Portugal, processo que
ganhou grande impulso com a aquisição do BPN, que detinha operações em Cabo
Verde e no Brasil, permitindo alargar a sua rede de agências para 200 no
mercado português, com perto de 1100 trabalhadores.
Em causa,
adianta a mesma fonte, poderá estar a prazo a posição de liderança da Caixa
Económica, mais importante banco comercial e, a par da CV Telecom, outra das
poucas empresas públicas ou mistas que distribuem dividendos.
A Sonangol,
petrolífera estatal angolana, foi o primeiro grande investidor angolano em Cabo
Verde, controlando actualmente a distribuidora de combustíveis Enco, em
parceria com a portuguesa Galp Energia, de que também é accionista de
referência.
Também em São
Tomé e Príncipe a presença da petrolífera angolana é de destaque, com
interesses importantes na distribuição de combustíveis, transportes, actividade
portuária e até exploração de petróleo. (macauhub)
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