quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Angola/Estudo geológico arranca no Norte

27 agosto 2014, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)

Jaquelino Figueiredo, Soyo

O voo inaugural de prospecção para determinar o potencial de recursos mineiros das províncias de Cabinda, Uíge e Zaire, no quadro do Plano Nacional de Geologia (PLANAGEO), aconteceu segunda-feira, na cidade do Soyo.

A cargo do grupo chinês CITIC, a prospecção é feita através de um avião Falcon - 406 que vai realizar levantamentos aerogeofísico, geoquímico, cartográfico, geológico, além de estudos geotécnicos e de infra-estruturas. O objectivo é aumentar o nível de conhecimento geológico e mineiro do país, para diversificar a produção mineira e aumentar as fontes de receitas para Orçamento Geral do Estado.

A cerimónia foi orientada
pelo director nacional de minas, Miguel Paulino, em representação do ministro de tutela, Francisco Queiroz, e contou com as presenças de responsáveis de outras empresas envolvidas no Plano Nacional de Geologia e os vice-governadores de Cabinda, Otiniel Niemba da Silva, do Uíge, Carlos Mendes Samba e do Zaire, Alberto Sabino.

O Plano Nacional de Geologia vai ser desenvolvido durante cinco anos pela empresa chinesa CITIC, que é responsável por 25 por cento da área total, pela brasileira Costa e Negócios (37,5 por cento) e pelo consórcio formado pelas empresas Impulso, Instituto Geológico e Mineiro de Espanha e o Laboratório Nacional de Energia e Geologia de Portugal, que também detêm 37,5 por cento.

Cada  empresa contratada utiliza aviões equipados  com instrumentos técnicos sofisticados que vão voar a uma altura de 100 a 120 metros para determinar o potencial mineiro do país e traçar o mapa geológico. As pesquisas vão permitir explorar os recursos mineiros em mais de 100 anos.

O acto de segunda-feira é o último de três, depois do lançamento, em princípios de Junho, em Menongue, do voo para a zona leste, que engloba as províncias do Cuando Cubango, Bié, Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico e Malanje. No dia 26 de Junho, a província do Namibe acolheu o arranque dos voos de pesquisa na região sul e sudeste do país, que abrange as províncias do Namibe, Huíla, Cunene, Benguela, Huambo, Bié, parte do Cuando Cubango e parte do Cuanza Sul, numa extensão territorial de quase 470 mil quilómetros.

Localização dos aquíferos
O levantamento para a região sul e sudeste do país, sob responsabilidade do consórcio formado pelo Instituto Geológico e Mineiro de Espanha, o Laboratório Nacional de Energia e Geologia de Portugal e a empresa de assistência técnica integral Impulso Industrial Alternativo, vai determinar o aquífero existente no deserto.

Esta é, segundo o ministro Francisco Queiroz, uma oportunidade para explorar a agricultura nesta e noutras zonas consideradas áridas. “Com a realização destes voos, podemos encontrar grandes aquíferos no deserto do Namibe e resolvermos os problemas da falta de água nesta província”, disse, referindo que em muitos países do Norte de África já é possível cultivar em zonas desérticas.

“Vamos aqui, certamente, ter grandes ganhos com este projecto”, disse, realçando que o PLANAGEO vai proporcionar conhecimento que leve a determinar o potencial mineiro e definir o potencial de água no subsolo. “Este é um aspecto muito importante deste Plano e que tem uma grande incidência concreta no Namibe, com características próprias de uma beleza incrível, mas com algumas dificuldades do ponto de vista de recursos aquíferos. Este projecto vai ter incidência directa na solução de uma grande parte do problema de água nesta província”, acrescentou o ministro.

Localização de minas

Na província do Zaire, os estudos são realizados numa extensão de 40 mil quilómetros quadrados, cobrindo os municípios de Mbanza Congo, Soyo, Nzeto, Kuimba, Nóqui e Tomboco e determinar, com precisão, o manancial de recursos como ouro, diamante, prata, entre outros.

O director nacional de Minas destacou a necessidade do engajamento dos governos provinciais e das autoridades no apoio aos executores para o sucesso dos trabalhos que vão permitir a selecção de áreas, mapeamento de campos e pesquisa mineira local.

“Para que tenhamos um sector geológico transparente, leal, rigoroso, desenvolvido e diversificado pensamos fazer o que não fizemos até ao momento: devemos inovar mais nas nossas práticas com base nos objectivos traçados pelo Executivo a curto, médio e longo prazo”, acrescentou.

O vice-governador do Zaire para o sector Económico, Alberto Sabino, como anfitrião, disse que o PLANAGEO proporciona ganhos para a província e para o país. “Temos consciência que a província não pode depender apenas do petróleo e há todo um esforço no sentido de desenvolver outros sectores, com destaque para a agricultura e outros mineiros que eventualmente vierem a ser descobertos”, disse, para acrescentar:

“Falamos vagamente que a Angola é rica em recursos minerais, mas não sabemos de facto quais recursos. Com esta visão estratégica que o Executivo teve, poderemos com propriedade saber o que temos e como direccionar os investimentos”.

Para o vice-governador de Cabinda para o sector Técnico e Infra-estruturas, Otiniel Niemba da Silva, as informações que o PLANAGEO recolher vão ajudar no desenvolvimento da província e contribuir para diversificar as fontes de receitas para o país. “O país depende muito do petróleo, cujas reservas são esgotáveis, portanto, é preciso ir buscar outras fontes capazes no futuro de sustentar o país”, acrescentou.

O vice-governador do Uíge para o sector Económico, Carlos Mendes Samba, considera o primeiro voo de prospecção de capital importância, uma vez que vai facilitar a exploração dos recursos e contribuir para a diversificação da economia da província.

Exemplo mundial
O Plano Nacional de Geologia está a ser considerado pela comunidade internacional o maior estudo geológico já realizado no mundo e vai permitir ao Executivo programar, num horizonte de até cem anos, a exploração racional e sustentável dos recursos minerais existentes no país.

A embaixadora de Espanha em Angola, Julia Olmo, que esteve no Namibe, em Junho no lançamento das pesquisas para a região sul e sudeste, felicitou o Ministério da Geologia e Minas por pôr em marcha o PLANAGEO e referiu que muitos países da região estão atentos, no sentido de seguir o exemplo de Angola.  “Espanha e Angola sempre trabalharam em conjunto desde a Independência deste país, mas a verdade é que estes trabalhos eram mais de âmbito político e da segurança, mas agora estamos a fazer um trabalho de cooperação interessante de âmbito económico”, disse, ao destacar a nova era de cooperação entre os dois países no âmbito económico.

O gerente do consórcio responsável pela região sul e sudeste, Paco Cuervo, destacou a grandeza do PLANAGEO, o maior projecto de geologia existente actualmente a nível mundial, e elogiou a colaboração das autoridades angolanas. “Para o nosso consórcio, são questões de absoluta prioridade a formação profissional de angolanos, a transferência efectiva de conhecimentos, a cooperação com as autoridades angolanas e a preferência pelo empresariado nacional, nos termos da lei”, disse o gestor, que é tambem o PCA da Impulso Angola.


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