17 dezembro 2009/Vermelho http://www.vermelho.org.br
Os dois principais grupos guerrilheiros da Colômbia -- as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o ELN (Exército de Libertação Nacional) - anunciaram nesta quarta-feira o fim do enfrentamento que vêm mantendo desde 2005. Eles informaram que pretendem unir forças para evitar uma segunda reeleição do presidente Álvaro Uribe e lutar contra a instalação, no país, de forças militares dos Estados Unidos.
Em um comunicado conjunto divulgado no site da Anncol (Agência de Notícias Nova Colômbia), o secretariado nacional das Farc e o comitê central da ELN pedem um cessar-fogo entre as duas organizações. Eles afirmam que a determinação foi tomada em recente encontro entre as direções de ambos os grupos, ativos há mais de 45 anos.
Também questionam o incremento de tropas estadunidenses no Afeganistão e o novo convênio de segurança que Bogotá firmou com Washington em outubro passado.
"Nos encaminhamos a trabalhar pela unidade para enfrentar, com firmeza e beligerância, o atual regime que o governo de Álvaro Uribe converteu no mais perverso fantoche dos planos do império", diz um trecho do comunicado. "Nosso único inimigo é o imperialismo norte-americano e sua oligarquia lacaia", afirma a nota. "Contra eles, comprometemos toda a nossa energia combativa e revolucionária."
De acordo com a nota, "a Colômbia está convertida em uma grande base militar à disposição dos Estados Unidos para asfixiar em sangue a resistência de nosso povo". Os grupos afirmam que seunirão para enfrentar o regime Uribe, "convertido no mais perverso títere dos planos do império, pisoteando a dignidade nacional".
Segundo as Farc e o ELN, reeler Uribe seria "perpetuar o fracasso econômico, político, social, judicial e em todas as demais ordens". Além disso, os grupos insistem em uma solução política para a paz, fazendo possível "uma nova Colômbia".
Os guerrilheiros ordenaram a suas unidades "não permitir nenhum tipo de colaboração com o inimigo do povo, nem fazer assinalamentos públicos; respeito à população não combatente, a seus bens e interesses e a suas organizações sociais; fazer uso de uma linguagem ponderada e respeitosa entre as duas organizações revolucionárias.
Os dois grupos já travaram sangrentas disputas em algumas áreas da Colômbia. Caso as intenções de trabalho conjunto sejam bem-sucedidos a união de suas forças poderá ter um grande impacto no conflito civil colombiano.
Leia abaixo a íntegra do comunicado, publicado pela Anncol:
FARC e ELN caminham rumo à Unidade
À MILITÂNCIA DAS FARC-EP E DO ELN
O Secretariado Nacional das Forças Armadas Revolucionarias de Colômbia - Exército do Povo (FARC-EP) e o Comando Central (COCE) do Exército de Libertação Nacional (ELN), fazemos chegar a todos os guerrilheiros e guerrilheiras das duas organizações nosso mais caloroso, combativo, fraterno e revolucionário saúdo.
Lhes informamos que nos reunimos em um ambiente de fraternidade e camaraderia que nos tem permitido tratar com sinceridade e transparência a análise do momento atual, as perspectivas e o compromisso que como revolucionários nos assiste, igualmente abordamos as dificuldades que se têm apresentado entre as duas organizações.
O capitalismo está em crise. O império, como sempre o tem feito, trata de conjurá-la por meio da guerra, e é assim quando incrementa as tropas de ocupação em Afeganistão enviando dezenas de milhares de soldados a somar-se aos já existentes. Hoje Colômbia é convertida em uma grande Base Militar à sua disposição para afogar em sangue a resistência de nosso povo e, desde aqui, pretende fazer retroceder o novo projeto em nossa América que cavalga por seus vales e montanhas. Como resposta a esta pretensão guerrerista é urgente resgatar a bandeira da paz em Colômbia como um compromisso de todo o Continente.
Nsta hora precisa, na qual as diversas expressões do movimento social e popular resistem e se mobilizam, nos encaminhamos a trabalhar pela unidade para enfrentar, com firmeza e beligerância, ao atual regime que o governo de Álvaro Uribe tem convertido no mais perverso fantoche dos planos do império pisoteando a dignidade nacional, o anseio dos colombianos, e impondo-se a ponta de canhão paramilitar e repressão institucional inspirado em uma concepção matreira, corrupta e mafiosa.
Avaliações recentes dão conta que os dois mandatos de Uribe são um fracasso no econômico, o político, o social, da justiça e em todos os demais ordens, portanto nada mais equivocado e arriscado para o destino da pátria que uma nova reeleição ou a eleição de um dos candidatos inspirados na Segurança Democrática.
Só a unidade e ação decidida dos colombianos patriotas, dos democratas, dos revolucionários e de todos os que guardamos esperanças na solução política poderá deter a guerra, alcançar a paz e fazer possível a construção de uma Colômbia Nova que nos inclua na definição de seu destino que não será alheia às novas dinâmicas que hoje se apresentam em nossa América.
A compreensão das exigências do momento e nossa condição revolucionária nos conduz a ordenar a todas nossas unidades a:
1. Parar a confrontação entre as duas forças a partir da publicação deste documento.
2. Não permitir nenhum tipo de colaboração com o inimigo do povo, nem fazer assinalamentos públicos.
3. Respeito à população não combatente, a seus bens e interesses e a suas organizações sociais.
4. Fazer uso de uma linguagem ponderada e respeitosa entre as duas organizações revolucionárias.
Assumimos o compromisso de habilitar os espaços e mecanismos que permitam esclarecer e encontrar as verdadeiras causas que nos têm levado a esta absurda confrontação em algumas regiões do país, superá-las e trabalhar por ressarcir os danos causados. Deve primar a análise e a controvérsia crítica, franca e construtiva que coadjuve à unidade e à fraternidade revolucionária.
Nosso único inimigo é o imperialismo norteamericano e sua oligarquia lacaia; em sua contra, comprometemos toda nossa energia combativa e revolucionária.
Ratificamos a vigência das normas de comportamento com as massas acordadas e aprovadas na reunião plenária dos Comandantes em 1990.
As declarações públicas referidas à unidade e ao tratamento das dificuldades entre as duas organizações só é faculdade do Secretariado e do Comando Central.
¡Manuel Pérez Martínez, Manuel Marulanda Vélez exemplo que devemos cultivar!
¡A Pátria se respeita, fora ianques da Colômbia!
Assinam pelas FARC-EP:
Secretariado do Estado Maior Central
Pelo ELN:
Comando Central
Leia mais: La Macarena: Onde o exército colombiano enterra crimes de guerra
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