sábado, 26 de dezembro de 2009

"ANGOLA: PAÍS DO FUTURO"

24 dezembro 2009/Vermelho http://www.vermelho.org.br

Jairo Junior *

Com este tema, foi realizado ao longo do ano de 2009 uma série de reuniões com empresários brasileiros do Nordeste, Sudeste e do Sul, entre a embaixada, através de sua representação comercial, com auxilio da AABA (Associação de Amizade Brasil Angola). O Objetivo é ordenar e institucionalizar a relação destes potenciais investidores naquele importante país africano.

Mas, afinal, o que tem Angola? Que atrativos existem para que cada vez mais brasileiros, europeus, chineses se dirijam para lá?

Angola fica localizada a sudoeste do Continente Africano, situa-se entre o Congo, Zâmbia e Namíbia. Tem uma população de cerca de 17 milhões de habitantes, sendo que 5 milhões na capital, Luanda. Possui um clima tropical com um marcante período de seca. A língua nacional é o português, e sua moeda é Kuanza.

Angola fazia parte do reino do Congo quando os primeiros portugueses chegaram em 1480. Em 1575, o Capitão de Fragata, Paulo Dias de Novais, fundou a cidade de São Paulo de Luanda, no dia 25 de janeiro, mesmo dia da fundação do Município de São Paulo de Piratininga, atual São Paulo.

O comércio de escravos predominou na economia angolana sob o domínio dos portugueses. Isso apesar de ser exportadora, já na época, de cera, marfim e cobre.

A demanda de mão de obra para o plantio de cana de açúcar nas colônias exigia cada vez mais escravos. Os portos de Angola e do Congo terminaram sendo responsáveis por mais de um terço dos escravos trazidos para a América, notadamente ao Brasil. O comércio de escravos em Angola foi proibido em 1836, mas seguiu forte até 1850, quando o Brasil já independente fechou as "portas" para este comércio. A escravidão foi abolida no Império Português em 1875. Portanto, a economia angolana foi atrelada à de Portugal através da adoção de um sistema tarifário insuportável àquele povo, sem contar que, em 1891, as fronteiras de Angola foram negociadas pelos Portugueses com outros países europeus.

Após a independência do Congo Belga (atual Congo), em 1960, uma grande revolta surgiu no Norte de Angola, que foi seguida por uma longa guerrilha que, tendo a frente o MPLA, conquistou a Independência em 11 de novembro de 1975. O Brasil foi o primeiro país a reconhecer tal condição.

Foram muitas escaramuças internas e externas. Mas a mais cruel e destrutiva foi a guerra "civil" com a Unita, que num período de dez anos -- 1992 até 2002 -- destruiu grande parte da Infra-estrutura do País.

Em fevereiro de 2002, enfim a paz foi conquistada e assinada em 4 de Abril daquele ano, sendo coroada com o grande sucesso da eleição de setembro do ano passado (2008), quando 82% dos eleitores cravaram um não à guerra e um sim à paz, dando uma vitória acachapante ao Partido que sempre lutou pela unidade do país e pela paz como caminho para o desenvolvimento. Os partidários de Eduardo dos Santos, sucessor de Agostinho Neto, comemoraram com a justa preocupação de agora arregaçarem as mangas e reconstruírem o país. Nesta reconstrução, o Brasil e os brasileiros podem jogar um grande papel.

Nós sempre tivemos relações históricas com Angola. Ora imposta pelas condições coloniais, ora herdada das relações construídas por ancestrais que em quantidade imensa habitaram nosso Brasil, em particular a região Sudeste, mas também o Nordeste, afinal quem hoje não sabe onde fica Porto de Galinhas, local histórico de desembarque de escravos vindos daquela região. Hoje, a realidade é outra e a relação desenvolvida sob a égide do governo do presidente Lula tem sido fundamental. A aproximação com a África, e não só com Angola, tem sido incentivada, estimulada e desenvolvida de forma competente pelo Itamaraty.
É importante que os brasileiros que defendem e sabem da importância deste resgate, participem, conheçam mais Angola e a África. Podemos aprender e conhecer coisas que podem nos ajudar muito no próprio entendimento de nossa história e trajetória.

Hoje em Angola
As sucessivas inaugurações de arranha-céus, shoppings e condomínios de luxo, evidenciam a transformação por que passa a economia de Angola desde que o país passou a ser o maior produtor de petróleo da África Subsaariana e é hoje o maior fornecedor de petróleo para a China.

Segundo o Banco Mundial, a economia angolana cresceu 21% em 2007 e 19% em 2008, números que equivalem a três vezes o crescimento chinês, que é o País que mais cresce há quase uma década. O governo angolano, com os recursos existentes, mesmo abalados com a crise mundial pela qual passou o sistema capitalista, procura investir em infra-estrutura, abalada pela guerra terrível que durou quase quarenta anos. Contratos para construção de estradas, pontes , ferrovias e prédios públicos são disputados por empresas brasileiras, portuguesas e chinesas.

Preocupado com a desaceleração proveniente da natural estabilização da extração de petróleo, hoje girando em torno de 1,9 milhões de barris /dia,o governo busca diversificar a economia, 60% concentrada no setor de diamantes. A aposta é na agricultura. Apesar de suas terras férteis, os angolanos importam a maior parte de sua comida. Para alavancar o campo, setor mais próspero do período colonial, o governo tem destinado vastas áreas e tentado atrair capital externo, através de incentivos fiscais, entre outros.

A carência deste país irmão é também de políticas públicas na área de inclusão social. Se aqui no Brasil queremos correção e conteúdo estratégico nas políticas públicas. Em Angola, elas precisam nascer. Afinal, sob a guerra não era possível produzir tais políticas. Por esta razão, nós da AABA estamos empenhados em ajudar nestas questões. Levar para lá um pouco de nossa experiência e procurar encher de esperança e fatos concretos os corações e as mentes dos nossos irmãos angolanos.

Informação:
www.brasilangola.net.br
Sede central: São Paulo Largo do Arouche, 290, 7° andar
11 33272131
Vila Buarque- São Paulo-SP
J.Junior

* Presidente Associação Brasil Angola (AABA); Diretor do Centro Cultural Africano (CCA); Coordenador do Congresso Nacional de Capoeira (CNC)

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