Maputo, Moçambique, 14 dezembro 2009 - A abertura em Moçambique do Centro de Tecnologia Agrícola da China vai servir para satisfazer a procura de alimentos por parte da população chinesa, afirma Emeka Chiakwelu, director da Afripol- Centro Africano de Estratégia Económica e Política.
“O investimento agrícola chinês em África não é uma obra de caridade nem é altruísta. A China está em posição de ganhar muito. A parceria entre os governos da China e de Moçambique é um investimento prudente das duas partes”, considera Emeka Chiakwelu, que é também estratega principal da Afripol, unidade de análise de políticas públicas com base na Nigéria.
“A China está a abrir a porta a uma notável exploração comercial e a grandes lucros”, refere Chiakwelu, dando como certo que, “em última análise o novo centro vai ajudar a China a satisfazer a procura doméstica de comida, através da compra de alguns produtos”.
O primeiro Centro de Pesquisa e Transferência de Tecnologia Agrícola da China em Moçambique, com abertura prevista para o início de 2010, tem em vista quintuplicar a produção de arroz do país, das actuais 100 mil toneladas para 500 mil toneladas por ano, esperando-se ainda a construção de um segundo centro.
A nova exploração agrícola, diz então Emeka Chiakwelu numa recente nota de análise da Afripol, vai aumentar os rendimentos dos moçambicanos e, ao mesmo tempo, assegurar a entrada de divisas em Moçambique.
A China está, refere o analista, a investir numa área com “oportunidades ilimitadas”, dada o grande número de terras a cultivar no continente africano.
Para além de Moçambique, Chiakwelu destaca os investimentos em Angola, na Nigéria, Malawi e no Zimbabué como uma forma da China introduzir nestes países métodos agrícolas modernos baseados na inovação e na investigação e desenvolvimento.
“Devido à pobreza, há toda uma classe social de africanos que recebem uma alimentação pobre e que, em alguns casos, não têm dinheiro para comer três refeições equilibradas. Com uma população africana crescente, que atingirá no futuro próximo os mil milhões de habitantes, o problema não vai melhorar até que se faça uso de inovações agrícolas e da tecnologia moderna para melhorar a vida da população do continente”, diz o analista.
“A China compreende melhor as necessidades de África, porque tem de alimentar uma enorme população com mais de 1,2 mil milhões de bocas. África pode aprender muito com a China”, acrescenta.
“Inundar África com produtos chineses pode não fazer grande sentido comercial para África, mas investir na agricultura vem dar resposta a uma necessidade básica que África tem”, conclui Emeka Chiakwelu
Está ainda prevista a construção um segundo centro chinês em Moçambique, na concretização de uma promessa de Pequim, que prometeu investir 800 milhões de dólares na modernização do sector agrícola moçambicano em um ano.
O primeiro centro está a ser construído no distrito de Boane, em Maputo, com um investimento de 55 milhões de dólares, soube a Macauhub.
O centros de Boane é o primeiro da dezena que o presidente chinês Hu Jintao prometeu em 2007 construir em toda a África. (macauhub)
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