quinta-feira, 10 de julho de 2008

VIA CAMPESINA CONTESTA COMUNICADO FINAL DO G8

[ADITAL] Agência de Informação Frei Tito para a América Latina www.adital.com.br

9 julho 2008

Adital - Ante a declaração dos líderes do G8 sobre segurança alimentar global publicada anteontem, em Hokkaido, o Sr Yoshitaka Mashima, líder camponês membro da Via Camponesa, comentou: "Não entendemos como os líderes do G8 pretendem solucionar a crise alimentar com mais livre comercio, visto que é a liberação da agricultura e dos mercados de alimentos que está nos levando à crise atual. Para proteger-se da instabilidade dos mercados mundiais, a população deve consumir comida local. Não necessitamos de mais comida importada".

Em uma coletiva de imprensa ocorrida hoje, os líderes camponeses afirmaram que os governos do G8 estão utilizando a atual crise alimentar e climática para promover um programa de livre comércio que beneficia as grandes empresas em vez dos produtores ou consumidores. A declaração dos líderes do G8 insiste em reanimar as negociações moribundas da OMC, e em impedir que cada país regule a exportação de alimentos.

Contudo, os pequenos camponeses de todo o mundo têm experimentado os efeitos devastadores das políticas de livre comercio e da OMC em suas vidas e na produção local de alimentos. Defendem o direito de cada país proteger seus mercados locais, a apoiar a agricultura familiar sustentável, e a comercializar os alimentos no lugar em que são produzidos.

A declaração dos líderes do G8 tampouco menciona duas das causas principais da atual crise de preços dos alimentos: a especulação por parte de grandes comerciantes e empresas transnacionais, e o desenvolvimento de agrocombustiveis como nova fonte de energia. É importante levar em consideração que estas causas profundas da crise alimentaria são conseqüência das políticas neoliberais que promovem os governos do G8, a OMC, o Banco Mundial e outras instituições.

"Perguntamos-nos como as nações mais ricas do mundo pensam apoiar aos pequenos camponeses se nem sequer lhes permitem entrar nos países em que se reúnem", afirmou Mashima. Dezenove camponeses coreanos da rede internacional da Via Campesina foram deportados do aeroporto de Hokkaido no dia 5 de julho, passaram 48 horas detidos com o pretexto de que podiam perturbar as reuniões oficiais.

Segundo o comunicado da Via, os camponeses e pequenos produtores de alimentos atualmente produzem a maior parte dos alimentos do planeta; promovem a produção local de alimentos à pequena escala para os mercados locais, o que cria emprego e protege a saúde dos consumidores e o meio ambiente, respeitando as diversas culturas e comunidades; Além disso não se encontrará solução nenhuma para a crise atual sem escutar as vozes dos camponeses.

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=33914

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