Lisboa, 23 julho 2008 (Lusa) - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que vê no primeiro-ministro português, José Sócrates, a "nobre Europa", classificando o governante luso como um líder europeu que "reconhece a revolução" que acontece na América do Sul.
Os elogios de Chávez a Sócrates foram feitos em Lisboa, após Portugal e Venezuela terem assinado cinco acordos bilaterais econômicos.
"Em ti reconhecemos a nobre Europa. És um líder europeu que reconhece a revolução que está acontecendo na América do Sul. A revolução da liberdade, igualdade e fraternidade [na América do Sul] está recomeçando", disse o presidente venezuelano.
O tradicional longo discurso de improviso de Chávez apenas foi interrompido quando verificou que já passava das 22h (18h em Brasília).
Questões internacionais
Numa análise sobre a atual situação política, o presidente da Venezuela lembrou que a independência dos países da América do Sul, ao contrário da "independência generosa do Brasil", foi feita de armas na mão no século 21.
"O século 20 foi o século perdido, em que reinaram as desigualdades, a exploração, miséria e a pobreza. Mas agora o povo despertou", disse, antes de se referir ao presidente boliviano, Evo Morales.
"Pela primeira vez, um índio chegou ao cargo de presidente, num país em que os índios são a esmagadora maioria", disse Chávez.
Neste mesmo contexto, Chávez considerou o presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, como um "amigo comum" e citou o chefe de Estado russo, Dmitri Medvedev, em defesa de "um mundo pluripolar".
Diplomacia
Em relação à comunidade portuguesa no seu país, Chávez disse que, "desde pequenino, assim como todos os venezuelanos, souberam ganhar consideração, amor e respeito pelos portugueses".
"Em Lisboa, os venezuelanos sentem-se em casa. Obrigado Sócrates pela tua generosidade", disse, deixando para o fim da sua intervenção o teor dos cinco acordos bilaterais assinados momentos antes.
Sobre este tema, Chávez sublinhou a importância do abastecimento de água a algumas das principais cidades do país, assim como o fornecimento de medicamentos e de informática por parte de Portugal.
Depois de destacar o caráter "estratégico" da ampliação do porto de La Guaira (que abastece Caracas), Chávez dirigiu-se de novo diretamente a Sócrates e deixou uma mensagem final de ordem política.
"Vamos ser capazes de derrotar a intriga. Temos o mesmo sonho, o mesmo sangue e a mesa utopia", declarou o presidente venezuelano.
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