Presidente timorense confessa-se "furioso" com algumas atitudes da missão internacional no seu país
O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, que chegou a admitir candidatar-se a secretário-geral das Nações Unidas, quando estava a terminar o mandato de Kofi Annan, acusou ontem a organização de estar a mentir, num relatório confidencial a que a agência Lusa teve acesso e que refuta declarações suas sobre os acontecimentos de 11 de Fevereiro último, nos quais ficou gravemente ferido.
Uma das conclusões dos investigadores da ONU é a de que a captura dos autores dos disparos não teria sido uma das prioridades timorenses. Ramos-Horta telefonou sexta-feira ao representante local do secretário-geral Ban Ki-moon, Atul Khare, a fim de contestar essa leitura dos factos.
Quando o delegado da Lusa, Pedro Rosa Mendes, lhe perguntou ontem se ficara "furioso" com as conclusões do relatório ou por delas não ter tido conhecimento prévio, o Presidente respondeu: "As duas coisas. A ONU tem uma prática muito negativa de fugas de informação."
O Chefe de Estado declarou-se designadamente desiludido com o facto de o documento revelar "a tendência de funcionários da ONU para se esquivarem das suas responsabilidades e nunca aceitarem que agiram incorrectamente". E manteve a acusação de que as forças internacionais destacadas em Timor-Leste não fizeram tudo o que podiam para perseguir o grupo de Amaro da Costa, "Kaer Susar", antigo polícia que participou no ataque verificado junto ao portão da residência presidencial, quando Ramos-Horta regressava do seu passeio matinal à beira-mar.
"O relatório é desonesto. É para sacudir a água do capote. Como os patos", concluiu agora o Presidente, apesar de em Maio ter dito à televisão BBC que as Nações Unidas deveriam ficar no país pelo menos até 2012, por ainda existir um grande potencial de instabilidade e porque as autoridades de Díli necessitam de mais tempo para organizarem tanto a sua polícia como a economia.
Nessa altura, a porta-voz da ONU, Allison Cooper, afirmara que a organização teria de considerar o pedido presidencial à luz das necessidades globais de pacificação: "Actualmente temos um mandato até Fevereiro de 2009. Nessa altura apresentaremos um relatório ao Conselho de Segurança, para que se decida."
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