Por José Sousa Dias, da Agência Lusa
Lisboa, 23 julho 2008 (Lusa) - O ministro português das Relações Exteriores afirmou nesta quarta-feira que a presidência de Portugal da CPLP vai se focar no objetivo "essencial" da organização e promoção do idioma luso, algo que "foi negligenciado" nos 12 anos de vida da comunidade.
Em entrevista à Agência Lusa, por ocasião da 7ª Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que será realizada em Lisboa nesta quinta e sexta-feira, Luís Amado recusou-se, porém, a responsabilizar os erros do passado, assegurando que as presidências de São Tomé e Príncipe e da Guiné-Bissau foram ambas "cumpridas com grande dignidade".
"São países que enfrentaram grandes dificuldades, mas cumpriram as presidências com grande dignidade. O que Portugal pretende é dar um novo impulso e uma maior dinâmica para atingir os objetivos importantes que estão traçados para os próximos dois anos", frisou.
Além da promoção do português no cenário internacional, para o que foi criado um Fundo para a Promoção e Valorização do idioma luso, com um montante de 30 milhões de euros e aberto a mais contribuições, Luís Amado garantiu a permanência de Amélia Mingas à frente do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), "com mais meios financeiros e humanos".
Sem adiantar detalhes sobre o programa que Portugal pretende impor na CPLP, Luís Amado remeteu para a Conferência de Ministros, quinta-feira, a apresentação do programa, que será, no dia seguinte, na Conferência de Chefes de Estado e de Governo, submetido a aprovação.
Por outro lado, minimizou as ausências dos presidentes de Angola, José Eduardo dos Santos, e de Moçambique, Armando Guebuza, sustentando que cada Estado é representado sempre ao mais alto nível nas cúpulas, confirmando ao mesmo tempo as presenças dos restantes chefes de Estado.
Luís Amado, que assumirá quinta-feira a presidência do Conselho de Ministros da CPLP, substituindo Maria Conceição Nobre Cabral, chefe da diplomacia guineense, garantiu também que só o Senegal terá o estatuto de observador junto da organização, havendo já uma resolução nesse sentido.
Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, também Marrocos solicitou a condição de observador junto da CPLP, decisão que, porém, soube a Lusa, não recolhe a opinião favorável de alguns Estados membros, como Angola, embora ainda sejam feitas todas as diligências para que o reino alauita de Mohamed 6° possa obter a unanimidade dos "oito".
Também já está confirmada a presença do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, que manifestou no passado a intenção de aprovar a Língua Portuguesa como um dos idiomas oficiais do pequeno país do Golfo da Guiné, condição para que, no futuro, possa tornar-se membro de pleno direito da CPLP.
Luís Amado indicou que, até agora, nada mais existe do que uma "manifestação de intenções", não havendo, por isso, qualquer avanço nesse processo, o mesmo acontecendo em relação a uma eventual adesão, com estatuto ainda a definir, da província espanhola da Galícia.
Questionado pela Lusa sobre se a entrada de novos Estados para a CPLP não coloca em causa a própria essência da comunidade, o chefe da diplomacia portuguesa respondeu que a organização tem um "núcleo duro bem identificado", que são os países que têm o Português como língua nacional ou oficial.
Luís Amado ressalvou, porém, que a eventual entrada de países como membros de pleno direito ou com a condição de observadores constituirá "uma vantagem", uma vez que estão em discussão países que, de uma ou outra forma, "têm relações de vizinhança histórica com alguns dos Estados da CPLP", como os casos de Marrocos e Senegal.
"Queremos potenciar o relacionamento lingüístico de vizinhança histórica e cultural, através da promoção do próprio português como língua internacional, uma vez que são já cerca de 240 milhões os seus falantes", acrescentou.
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quarta-feira, 23 de julho de 2008
À frente da CPLP, Portugal focará o idioma, diz chanceler
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