quarta-feira, 9 de julho de 2008

Escritores lusos defendem integração entre Portugal e Brasil

Rio de Janeiro, 8 julho 2008 (Lusa) - Os escritores portugueses Inês Pedrosa e José Luís Peixoto, que estão no Rio de Janeiro, defenderam a integração das literaturas e a necessidade de maior cooperação entre Brasil e Portugal.

Contrária à uniformização das línguas, Inês Pedrosa pede um "contato mais firme entre os dois países".

"Eu concordaria se esta uniformização fosse por razões estratégicas de expressão portuguesa. Este é o grande argumento para o acordo ortográfico, mas acho que o acordo ortográfico que acabou por se impor é um acordo desacordado. Pois a acentuação continuará a ser diferente e as palavras continuarão a ser escritas de acordo com a pronúncia", disse.

A autora lançou no Rio o seu mais recente romance, "A Eternidade e o Desejo", da editora Alfaguara, o primeiro livro ambientado no Brasil. Na mesma sessão, José Luís Peixoto lançou a sua obra mais recente em edição brasileira, Cemitério de Pianos, pela editora Record.

Para o jovem escritor, a opção de manter a escrita original, sem adaptar para o português do Brasil, aproxima leitores e escritores dos dois países.

"Para qualquer autor português lançar um livro no Brasil é muito gratificante. Os livros publicados aqui são exatamente os publicados em Portugal, o que faz um serviço para a aproximação e acaba por ser um enriquecimento mútuo para os dois países e para as duas maneiras de viver a língua portuguesa", afirmou.

Defesa do acordo

O embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa, declarou que a nova literatura portuguesa já é apreciada no Brasil, mas defende ser necessária uma sintonia de interesses e de estilos para que as literaturas dos dois países se "interpenetrem".

Sobre o acordo ortográfico, o embaixador realçou que o mesmo é "útil no plano da utilização da língua como um fator de poder para todos os países que falam português".

Segundo o diplomata, o acordo não vai ter "implicação na circulação da literatura, e sim na promoção da língua portuguesa".

"Não vamos uniformizar nem a maneira de falar, nem a maneira de construir as frases ou mesmo o vocabulário. O acordo não é da língua portuguesa, é da ortografia da língua. A diversidade será mantida", disse.


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