Dili, 8 julho (Lusa) - O presidente do Parlamento Nacional do Timor Leste, Fernando La Sama de Araújo, recebeu nesta terça-feira representantes do movimento estudantil, que protagoniza protestos em Dili, mas informou que vai dar seguimento à compra de carros para todos os deputados do país.
Os estudantes, que começaram as manifestações há um mês, criticam a aquisição de 65 veículos pelo Parlamento - considerada uma "regalia" em um país pobre - e anunciam que os protestos vão continuar até sexta-feira, como previsto.
Três representantes das associações de estudantes foram recebidos no final da manhã pelo presidente do Parlamento e por seu vice, Vicente Guterres.
“La Sama de Araújo disse que não vai cancelar a compra dos carros de luxo e nós dissemos que vamos manter a manifestação até o quinto dia”, afirmou, na saída do encontro, o estudante Marcos Guterres Gusmão.
A polícia timorense prendeu nesta terça 16 manifestantes, mas o protesto na Universidade Nacional Timor Lorosae (UNTL) decorreu sem as cenas de violência que marcaram a segunda-feira.
Os estudantes universitários timorenses protestam no campus da universidade, que fica no lado oposto da rua do Parlamento, no centro de Dili, e no Campo da Democracia, a poucas centenas de metros.
Os 21 estudantes detidos na segunda-feira pela polícia continuam sob custódia das autoridades e serão apresentados a um juiz na quinta-feira.
A notícia das novas detenções foram confirmadas a Agência Lusa pelo subcomissário Carlos Pereira, comandante-interino da Polícia das Nações Unidas (UNPol) no distrito de Dili.
"Tivemos várias reuniões na semana passada com os estudantes. Um grupo aceitou o Campo da Democracia para se manifestar, porque a lei não permite a manifestação na UNTL”, que fica a menos de cem metros do Parlamento.
"Mas outro grupo, ao fim de oito horas de reunião, insistiu em fazer a manifestação diante do Parlamento”, explicou o oficial da UNPol.
Um grupo de ex-prisioneiros políticos timorenses, incluindo figuras conhecidas da resistência à ocupação indonésia, exigiu nesta terça-feira "a libertação imediata e incondicional" dos estudantes detidos pela polícia, que usou bombas de gás lacrimogêneo para conter o protesto.
"Não havia necessidade de uma intervenção policial como aquela", afirmou à Lusa o presidente da Associação dos Ex-Prisioneiros Políticos timorenses (Asepol), Jacinto Alves.
"Houve um uso excessivo da força porque a manifestação era pacífica e não havia emergência nenhuma”, afirmou à Lusa outro membro da Asepol, Gregório Saldanha, sobrevivente de um massacre em 1991.
Os estudantes detidos pela polícia são acusados de crime de desobediência.
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