Austrália: o pirata da Oceânia
No início dos anos 70 a Austrália começou o ataque redobrado ao petróleo de Timor. Para que não desse tanto nas vistas através do seu embaixador da época e do reduzido pessoal diplomático, fez deslocar elementos extraordinários ao serviço da secreta australiana para Timor-Leste assentando base no Hotel Costa Alves – propriedade de um deportado político português – adquirindo-o para Frank Favaro. Era a fachada.
No início dos anos 70 a Austrália começou o ataque redobrado ao petróleo de Timor. Para que não desse tanto nas vistas através do seu embaixador da época e do reduzido pessoal diplomático, fez deslocar elementos extraordinários ao serviço da secreta australiana para Timor-Leste assentando base no Hotel Costa Alves – propriedade de um deportado político português – adquirindo-o para Frank Favaro. Era a fachada.
Nessa época era frequente encontrar naquele hotel geólogos e outras especialistas em prospecção e explorações petrolíferas, de nacionalidade australiana, que assediavam a Timor Oil e viajavam pelo país recolhendo informações consideradas úteis.
O facto não era do agrado das autoridades colonialistas portuguesas, que nem sequer queriam que se divulgasse a existência de petróleo em Timor, ou que nisso se falasse, trazendo os agentes australianos vigiados e a constar em relatórios considerados secretos em que era reportada o grande interesse australiano nos jazigos petrolíferos.
A gula australiana pelo petróleo de Timor já vem de longe e foi um dos principais motivos para o seu apoio à invasão indonésia e à consequente chacina de centenas de milhares de timorenses, assim como é no presente o motivo porque o governo australiano tudo faz para desestabilizar o país e colocar no poder um presidente e um governo fantoche que lhe permita agir com total liberdade na prossecução dos seus intentos neocolonialistas.
Todos sabemos que a Austrália tem permanecido a grande beneficiária da catástrofe timorense. Primeiro com a invasão indonésia e a sua anuência, pelas suas políticas geoestratégicas e pela gula em explorar e roubar o petróleo do Mar de Timor, apoiando a invasão indonésia com unhas e dentes a troco de acordos de explorações petrolíferas à margem do direito internacional.
Posteriormente, num volte-face imposto pela comunidade internacional, a Austrália veio apoiar nos últimos minutos o referendo e a independência de Timor-Leste, mas não o fez por atitude nobre mas sim pela insofismável gula do petróleo, outra vez o petróleo e o gás natural.
É ao governo deste país que a ONU recorre sempre que em Timor-Leste existem pretextos para intervenções estrangeiras, recorrendo a outros em escala reduzida só para viciar as aparências.
Pelo seu comportamento até à presente data e sabendo das suas intenções em relação ao Mar de Timor devia de ser a ONU a primeira a impor uma participação muito reduzida da Austrália em Timor-Leste enquanto os governos timorenses não forem suficientemente estáveis para poderem defender os interesses do país perante o batoteiro gigante da Oceânia.
Peca a ONU pelo seu alinhamento dúbio, desacreditando-se como de costume e agora ainda mais com Ban-ki-moon ou Atul Khare.
Shakedown - o livro
Foi esta semana lançado pelo jornalista australiano Paul Cleary o livro “Shakedown” sobre os recursos petrolíferos do Mar de Timor e respectivas negociações.Em entrevista à ABC Rádio refere a imensa intimidação exercida pela Austrália nas negociações, acusando o chefe da diplomacia australiano, Alexander Downer, de lançar à mesa de negociações que a Austrália é “um país rico que pode adiar esta questão por 30, 40 ou 50 anos”, ameaçando “cortar a Timor-Leste os recursos económicos vitais para interromper o desenvolvimento do Mar de Timor, a menos que Timor-Leste assinasse a partilha de 80 por cento dos seus direitos no maior campo petrolífero da área”, Greater Sunrise.
As referências ao livro e a entrevista da ABC – disponível nos blogs relacionados com Timor-Leste e na imprensa – demonstram a que ponto o indecoro australiano chega, mesmo diplomaticamente, demonstrando ser um país pirata, à boa maneira anglo-saxónica.
As denúncias são antigas e actuais. As principais críticas devem ser sempre endereçadas à ONU, aos seus secretários-gerais e representantes “especiais”, que afinal mais não fazem do que alinhar vergonhosamente com um país que comete ilegalidades umas atrás das outras, impunemente e com o beneplácito de uma organização suposta pugnar pela defesa dos mais indefesos e pelo respeito do direito internacional. (Portugal Directo / 03 junho 2007)
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