21 de Outubro de 2008/Notícias
A viúva do primeiro Presidente moçambicano, diz que tem mais evidencias agora de que o seu marido terá sido assassinado, dado que, segundo ela, conseguiu falar já telefonicamente com alguém que diz ter estado em Mbuzini com a missão de `abater´ o avião em que viajava Samora Moisés Machel, `caso falhasse o Plano A do assassinato´.
Samora Machel morreu num trágico acidente de aviação, ocorrido a 19 de Outubro de 1986, na localidade sul-africana de Mbuzini, junto à fronteira entre Moçambique e a África do Sul, quando regressava da Zâmbia numa missão de paz para a região. Na ocasião, outros 33 cidadãos, entre nacionais e estrangeiros, também perderam a vida.
Em declarações que fez à Televisão de Moçambique (TVM), por ocasião da passagem domingo do 22º aniversário da morte trágica de Samora Machel, Graça Machel disse que já há pessoas que sabem (das circunstâncias da morte de Machel), mas o que falta é elas aceitarem que sejam testemunhas em tribunal.
`Este é que é o problema, (porque) sem evidências não pode haver julgamento´, afirmou, acrescentando que `não é difícil ir ao fundo da verdade, (mas) o problema é encontrar alguém disposto a testemunhar em tribunal´.
Graça Machel voltou a reiterar que não vai descansar enquanto não forem esclarecidas as circunstâncias da morte de Samora Machel.
Como sempre quando fala da morte trágica do seu marido, Graça Machel vincou, uma vez mais com muita emoção, que `22 anos depois do assassinato, não se sabe o que aconteceu com ele´, acrescentando que `Samora tinha muito boa saúde´.
`Ele era rijo, com 53 anos´, vincou visivelmente amargurada, para depois acrescentar que `ainda hoje, quando nos sentamos à volta da mesa, falta aquela gargalhada´. `As pessoas não pensam nisso´, referiu, insistindo que ao menos se a família soubesse o que aconteceu com o seu ente querido.
Em comunicado de Imprensa emitido por ocasião de 19 de Outubro, a Presidência da República reafirma a determinação do Estado moçambicano em utilizar todos os meios necessários para o esclarecimento definitivo das circunstâncias em que ocorreu aquele sinistro.
`A descoberta da verdade sobre a morte do Presidente Samora Moisés Machel foi e continua a ser uma prioridade da Nação moçambicana´, lê-se no comunicado.
O legado deixado por Samora Machel, primeiro Presidente de Moçambique independente, permite que o seu povo avance na promoção do desenvolvimento económico e social. Machel incutiu em cada moçambicano o espírito de unidade nacional e os nobres ideais de paz, segundo disse ontem, na Beira, António Máquina, Secretário Permanente da província de Sofala.
Falando na praça dos heróis moçambicanos, tal como outros dirigentes que desfilaram para falar da vida e obra de Samora Machel, o secretário permanente de Sofala destacou a educação que foi amplamente defendida pelo Marechal.
Para Máquina, um dos grandes desafios de Samora Machel foi libertar o povo e a pátria e, em seguida, defender a soberania. `Ele decidiu que se deve fazer da educação a base para o povo tomar o poder, e sabia que não se deve fazer o desenvolvimento sem a educação´, sublinhou Máquina.
O Secretário Permanente de Sofala, que anunciou um vasto leque de ensinamentos de Samora, disse ainda que o falecido estadista promoveu a alfabetização para permitir que as pessoas que não tiveram oportunidade de estudar devido à acção dos colonialistas o fizessem permitindo a sua participação no desenvolvimento do país.
Por seu turno, Cremilda Sabino, representante do Estado na cidade da Beira, também dissertou sobre os vários feitos de Samora Machel, os quais classificou de imensuráveis, para além de defender o seguimento do seu legado.
Apelou à população no sentido de lutar para vencer os desafios do futuro, entre os quais a luta contra a pobreza, que inclui o combate às doenças endémicas.
Alexandre Vasco, representante do presidente do município da Beira, aproveitou a oportunidade para exigir ao Governo para acelerar a investigação com vista a apurarem-se as causas da morte do Presidente Samora Machel e indicar os mandantes do seu assassinato. Disse que depois de se conhecerem os resultados desta investigação, os responsáveis devem ser levados ao Tribunal para serem severamente castigados de acordo com as leis existentes no país.
Samora Machel foi um líder bastante impermeável para actos ilícitos. Segundo Eneas Comiche, membro da Comissão Política da Frelimo que dirigiu a homenagem ao primeiro Presidente da República moçambicano, Samora era incorruptível e todos erros ou irregularidades cometidos por agentes do Governo eram repreendidos publica e imediatamente, pois para ele não havia nada a esconder.
De acordo com aquele responsável do partido no poder, o primeiro presidente do Estado Moçambicano foi um visionário cuja vitalidade e determinação eram atingir uma independência total e completa do país, não só das sequelas do colonialismo português, mas sobretudo erguer-se do subdesenvolvimento.
`O combate à pobreza absoluta, tarefa que a Frelimo persegue, foi identificado pelos primeiros líderes do país.
O Plano Prospectivo Indicativo (PPI) foi desenhado para liquidar a pobreza´, esclareceu Comiche para quem todas acções em curso na implementação da estratégia da `revolução verde´ bem como na política de atribuição de sete milhões de meticais para gestão a nível do distrito inserem-se no sonho da Frelimo cujos líderes sempre se preocuparam com o bem-estar de todos moçambicanos, havendo por isso necessidade de todos, principalmente jovens, se inspirarem nos ideais de Samora para a concretização dos seus objectivos.
Comiche elogiou a Imprensa no papel que desempenha para o resgate da história do país, ao passar mensagens dos acontecimentos que marcaram a construção do Estado Moçambicano situação que, segundo disse, contribui para a educação intelectual das novas gerações, bem como na imortalização da história de um povo.
Eneas Comiche, que é também presidente do Conselho Município da capital do país, trabalhou na província de Inhambane na qualidade de membro da Comissão Política da Frelimo e visitou alguns locais na cidade de Inhambane.
Aqui participou no concorrido comício popular orientado pelo Governador da província, Itae Meque, realizado junto à Praça dos Heróis.
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