Maputo, 17 outubro 2008 (Lusa) - O presidente Lula defendeu nesta sexta-feira, em Maputo, a responsabilidade "política, moral e ética" do Brasil em ajudar a desenvolver a África, procurando acentuar as semelhanças na identidade do seu país com o continente africano.
"O que um país do tamanho do Brasil, com o seu potencial, pode fazer para ajudar os seus irmãos que não tiveram as mesmas oportunidades? (…) O Brasil tem obrigação política, moral e ética de fazer o que está fazendo pelo continente africano", disse, na inauguração dos escritórios da empresa farmacêutica brasileira Fiocruz, em Maputo.
Para Lula, que cumpre hoje o segundo e último dia da sua visita de Estado a Moçambique, a inauguração da empresa que abre caminho à instalação de uma fábrica de anti-retrovirais em Maputo é um dos projetos que colocam o Brasil "de consciência tranqüila" de estar a fazer "o seu papel para o continente africano".
"Muitas vezes ficamos criticando porque é que o mundo europeu, rico, não faz mais pelo mundo pobre. Talvez isso seja uma desculpa para não fazermos o que temos que fazer. Então eles façam o que quiserem. Eu quero saber o que é que o Brasil pode fazer", exclamou.
Lula ofereceu a Moçambique a experiência brasileira e provocou gargalhadas da assistência com uma ironia e um trocadilho: "O Brasil tem tecnologia, experiência, resultados. Não temos o direito de guardar isso para nós. Temos o direito de ajudar aqueles que durante 300 anos, serviram de mão-de-obra gratuita ao Brasil… menos por culpa do Brasil, mas da coroa… não uma senhora, mas da coroa portuguesa".
Assim como no primeiro dia da visita, o presidente brasileiro voltou a chamar a atenção para a necessidade de acelerar o processo de construção da fábrica de anti-retrovirais em Moçambique.
"Assumam o compromisso que vamos inaugurar esse negócio ainda no meu mandato", ironizou, falando para os ministros da Saúde brasileiro e moçambicano, presentes na cerimônia.
"Aprendemos que muitas vezes a gente decide as coisas e depois elas não acontecem (…). Temos que determinar metas para que a gente possa dar ao povo africano e ao povo de Moçambique a oportunidade não morrerem precocemente por causa da Aids", disse.
"Estamos aqui a ver a consagração de que o Brasil definitivamente vai construir a fábrica de anti-retrovirais e, o que é mais importante, a Fiocruz, que vai produzir inteligência, conhecimento nesta terra extraordinária. Vamos fazer disto uma profissão de fé e que em 2010 a gente possa vir aqui inaugurar definitivamente a Fiocruz e a fábrica de remédios", salientou.
Lula procurou demonstrar a proximidade cultural entre o Brasil e África e mesmo as semelhanças entre brasileiros e moçambicanos, usando o humor para o acentuar.
"Esse povo não tem nenhuma diferença do povo pobre da periferia do Rio de Janeiro, São Paulo ou Bahia. Até são iguais, têm os mesmos problemas, o mesmo jeito de ser e, o que é mais gostoso, a mesma ginga. O mesmo remelexo que têm os brasileiros, têm as meninas que eu vi ontem", ironizou.
Antes, Lula participou da entrega de um caminhão batizado "Cozinha Moçambicana", uma iniciativa usada com sucesso no Brasil, que vai percorrer o país a ensinar hábitos alimentares e nutricionais aos cidadãos.
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