16 outubro 2008/AngolaPress
Maputo - O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou hoje, quinta-feira em Maputo, o tempo que considerou excessivo entre a decisão e a concretização de projectos de investimento brasileiros em Moçambique, propondo que os Chefes de Estado dos dois países acompanhem pessoalmente a sua materialização.
"Eu sinto que as coisas que nós tratamos e aprovamos demoram muito para acontecer. Sinto que entre o nosso sonho, o nosso desejo e a nossa vontade, a nossa decisão e a coisa se concretizar, demora mais tempo do que a gente precisa", disse Lula da Silva.
O Presidente do Brasil falava numa reunião alargada com o seu homólogo moçambicano, Armando Guebuza, no primeiro dia da sua visita de Estado de dois dias a Moçambique.
"O mandato de um presidente é de cinco anos. No tempo em que você tinha os faraós e os imperadores, as coisas aconteciam assim. Essa é uma inquietação que eu tenho. Eu queixo-me disso em todo o lugar".
Como exemplo, Lula da Silva apontou a demora na concretização de uma fábrica de anti-retrovirais em Moçambique, um projecto apoiado e financiado pelo Brasil.
"Vim aqui em 2003, fizemos um acto aí. Isso [o projecto da fábrica] tem cinco anos e só agora é que vai acontecer", lamentou.
Do mesmo modo, referiu-se ao projecto de carvão de Moatize, na província central moçambicana de Tete, a cargo da empresa mineira brasileira Vale do Rio Doce.
"Quando vim aqui em 2003, lembro-me que o Presidente Chissano falava do projecto de Moatize com os olhos brilhando de alegria porque aquilo iria ser a redenção de Moçambique.
Se a gente for ver, entre nós temos a vontade de fazer e acontecer está demorando para caramba e isso me inquieta porque jogamos muito tempo fora", aduziu.
Em resposta, Armando Guebuza considerou a actual visita como uma oportunidade para "acelerar o passo" na concretização de projectos comuns.
"A impaciência é própria daqueles que estão preocupados com os resultados concretos e há sempre um caminho para acelerar um pouco mais o passo, temos agora uma oportunidade para fazer isso", referiu o Presidente anfitrião.
Lula da Silva sugeriu depois um maior acompanhamento dos projectos pelos dois Presidentes.
"O que eu sinto, Presidente Guebuza, é que tanto você quanto eu precisamos acompanhar mensalmente as nossas decisões porque entre a gente decidir conjuntamente e a coisa ser executada leva um tempo imenso. Sei que nós temos muito que ajudar Moçambique na questão da agricultura", afirmou.
No início do seu primeiro dia de visita a Moçambique, Lula da Silva foi recebido no palácio presidencial em Maputo com honras militares, tendo-se depois reunido a sós com Armando Guebuza.
Acompanham o chefe de Estado brasileiro os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, da Saúde, José Temporão, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge.
Moçambique, por seu turno, deslocou para a reunião o Governo em peso: Oldemiro Balói (Negócios Estrangeiros e Cooperação), Ivo Garrido (Saúde), Esperança Bias (Recursos Minerais), António Fernando (Indústria e Comércio), Salvador Namburete (Energia), Venâncio Massingue (Ciência e Tecnologia), Victória Diogo (Função Pública) e Soares Nhaca (Agricultura).
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