quinta-feira, 7 de junho de 2007

Africa / Senegal lança debate sobre projecto de Governo continental

Dakar -- O ministro senegalês dos Negócios Estrangeiros, Cheikh Tidiane Gadio, lançou quarta-feira, em Dakar, "o debate participativo" sobre a constituição dum Governo continental, com vista à criação dos Estados Unidos de África, único ponto na agenda da Cimeira da União Africana (UA) prevista para Julho em Accra, capital do Ghana.

"Constatamos, após dois ou três anos de discussões a nível de chefes de Estado e de Governo, que as populações africanas nunca foram consultadas a respeito da reunificação dos Estados africanos ", afirmou Gadio.

"É tempo que um processo participativo permita às diferentes camadas tomar uma posição sobre o Governo da UA", acrescentou.

"O nosso sentimento é que os povos africanos desejam unir-se e acabar com a balcanização imposta pelo sistema colonial. O mundo é hoje dos grandes conjuntos federais como a China, a Índia e os Estados Unidos.

Pensamos que África já perdeu bastante tempo. Em 1963, Kwame Nkumah (primeiro Presidente do Ghana) deu seis meses para fazer a união. Perdemos 44 anos", frisou o ministro senegalês dos Negócios Estrangeiros.

Falando diante de professores universitários senegaleses convidados para o debate, o ministro declarou que os atrasos na organização destes "debates participativos" pelo Senegal devem-se ao calendário eleitoral.

"O processo participativo, que começou com os professores, vai estender-se nas próximas semanas aos sindicatos, aos profissionais da imprensa, às organizações de jovens e mulheres, à sociedade civil, ao mundo rural, à classe política, à oposição e à maioria presidencial", disse Gadio, pondo à disposição dos docentes universitários sete documentos "essenciais".

Trata-se de relatórios do Presidente ugandês, Yoweri Museveni, e do do antigo Presidente nigeriano, Olusegun Obasanjo, dum documento sobre as "Modalidades Práticas de Aplicação do Governo da UA" e discursos de chefes de Estado africanos durante a Cimeira da Organização da Unidade Africana (OUA) em 1963.

Os docentes universitários senegaleses, que têm duas semanas para se pronunciarem sobre os textos, já deram as suas opiniões sobre estes debates.

"Para que o Governo continental não seja um desejo piedoso, deve-se têr êxito em três gestos fortes: Primeiro, instaurar o passaporte africano para que o cidadão não se sinta estrangeiro dum país do continente a um outro", disse Babaca Diop, professor do Departamento de História da Universidade Cheikh Anta Diop de Dakar (UCAD).

Diop defendeu que "depois deve-se impôr o ensino do swahili como língua africana em todas as escolas do continente e, finalmente, adoptar a boa governação como modo de gestão".

"Os Africanos devem abordar assuntos concretos. Comecemos por fazer o balanço dos grandes projectos sub-regionais como a Valorização do Shara que transcende quatro regiões geográficas", declarou Abdoulaye Dia, do Instituto de Ciências da Terra do UCAD. (AngolaPress / 07 Junho 2007)

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