ESPANHA (crônica / Javier Nieto-Remolina) Madri -- A paróquia de San Carlos Borromeo, em Madri, serviu na sexta-feira de tribuna para o teólogo brasileiro Leonardo Boff, que defendeu a possibilidade de "viver o Evangelho" de maneira livre, sem a imposição da Igreja Católica.
Segundo o ex-frei franciscano, a Igreja "tem pavor de enfrentar" os desafios atuais.
Boff, um dos mentores da Teologia da Libertação, compareceu a esta paróquia do bairro de Entrevías, no distrito de Vallecas, para oferecer "sua solidariedade e seu apoio" frente à ameaça de fechamento do local por parte do Arcebispado de Madri, por não se submeter "à ortodoxia na liturgia".
Pessoas de todas as idades, vizinhos da igreja e visitantes de outras localidades de Madri e do resto da Espanha, ocuparam um parque próximo à paróquia, para apoiar os padres "rebeldes".
"Estou aqui para defender os religiosos que batizaram meus filhos, e me ensinaram a ter fé", disse um morador da região à Efe.
Boff subiu à tribuna preparado, e arrancou aplausos da platéia, ao apoiar os padres da paróquia, que chamou de "irmãos no sofrimento".
"Venho em romaria a San Carlos Borromeo, como outros vão a Santiago de Compostela (Galícia, noroeste da Espanha) ou a Fátima (Portugal), pois este lugar também está cheio de densidade espiritual, de pessoas para quem o Evangelho é vida, e não o ritual lido de um texto", disse Boff.
O ex-frade também elogiou o trabalho da paróquia que, assim como muitas da Europa e da América Latina, "atua humanizando as pessoas, e criando um espaço no qual possam se sentir amparadas, não marginalizadas nem desprezadas".
"A ortodoxia vai bem, a fé e o Messias também vão bem, mas se a Igreja não cuida dos pobres, não responde ao chamado de Jesus", afirmou.
"No momento supremo da vida, Deus não perguntará quantas vezes comungamos, se cumprimos os dogmas, nem que tipo de eucaristia realizamos; perguntará como tratamos os pobres, aqueles que têm fome, os desesperados", acrescentou.
Boff também fez duras críticas à existência de "tanta teologia, tantos dogmas, tantas doutrinas e tantos livros", e destacou quem acima de tudo isso, está "o reino de Deus, que é muito mais importante do que a Igreja".
O ex-frei franciscano disse aos fiéis de San Carlos Borromeo que, no Brasil, existem "círculos bíblicos" que se reúnem para compartilhar a leitura dos textos, para debater seus problemas e, finalmente, compartilhar a comida.
"São pobres, mas dividem o pouco que têm, e no final lhes sobra", afirmou.
Boff afirmou que estas atividades são exemplos de como "enfrentar os desafios e a hegemonia da realidade".
Uma realidade que, segundo o ex-frei, "amedronta as autoridades do Vaticano".
"Eles não têm pavor da heresia, mas da realidade. Com a atualidade, surgem desafios que os obrigam a mudar, e eles não querem mudar; estão ultrapassados", disse.
Ao término do discurso de Boff, um dos padres da paróquia Enrique de Castro expressou à Efe sua satisfação pelo apoio recebido do teólogo, e de "comunidades cristãs que dizem 'basta' a uma única voz oficial".
"Há outras expressões, outra maneira de viver a fé do Evangelho", afirmou.
Entre o público, um padre salesiano, Juan José Ruiz, que viajou de Leon, no norte da Espanha, para assistir ao ato da paróquia, concluiu que San Carlos Borromeo "deveria ser um exemplo para a Igreja Católica". (EFE / 2 junho 2007)
Segundo o ex-frei franciscano, a Igreja "tem pavor de enfrentar" os desafios atuais.
Boff, um dos mentores da Teologia da Libertação, compareceu a esta paróquia do bairro de Entrevías, no distrito de Vallecas, para oferecer "sua solidariedade e seu apoio" frente à ameaça de fechamento do local por parte do Arcebispado de Madri, por não se submeter "à ortodoxia na liturgia".
Pessoas de todas as idades, vizinhos da igreja e visitantes de outras localidades de Madri e do resto da Espanha, ocuparam um parque próximo à paróquia, para apoiar os padres "rebeldes".
"Estou aqui para defender os religiosos que batizaram meus filhos, e me ensinaram a ter fé", disse um morador da região à Efe.
Boff subiu à tribuna preparado, e arrancou aplausos da platéia, ao apoiar os padres da paróquia, que chamou de "irmãos no sofrimento".
"Venho em romaria a San Carlos Borromeo, como outros vão a Santiago de Compostela (Galícia, noroeste da Espanha) ou a Fátima (Portugal), pois este lugar também está cheio de densidade espiritual, de pessoas para quem o Evangelho é vida, e não o ritual lido de um texto", disse Boff.
O ex-frade também elogiou o trabalho da paróquia que, assim como muitas da Europa e da América Latina, "atua humanizando as pessoas, e criando um espaço no qual possam se sentir amparadas, não marginalizadas nem desprezadas".
"A ortodoxia vai bem, a fé e o Messias também vão bem, mas se a Igreja não cuida dos pobres, não responde ao chamado de Jesus", afirmou.
"No momento supremo da vida, Deus não perguntará quantas vezes comungamos, se cumprimos os dogmas, nem que tipo de eucaristia realizamos; perguntará como tratamos os pobres, aqueles que têm fome, os desesperados", acrescentou.
Boff também fez duras críticas à existência de "tanta teologia, tantos dogmas, tantas doutrinas e tantos livros", e destacou quem acima de tudo isso, está "o reino de Deus, que é muito mais importante do que a Igreja".
O ex-frei franciscano disse aos fiéis de San Carlos Borromeo que, no Brasil, existem "círculos bíblicos" que se reúnem para compartilhar a leitura dos textos, para debater seus problemas e, finalmente, compartilhar a comida.
"São pobres, mas dividem o pouco que têm, e no final lhes sobra", afirmou.
Boff afirmou que estas atividades são exemplos de como "enfrentar os desafios e a hegemonia da realidade".
Uma realidade que, segundo o ex-frei, "amedronta as autoridades do Vaticano".
"Eles não têm pavor da heresia, mas da realidade. Com a atualidade, surgem desafios que os obrigam a mudar, e eles não querem mudar; estão ultrapassados", disse.
Ao término do discurso de Boff, um dos padres da paróquia Enrique de Castro expressou à Efe sua satisfação pelo apoio recebido do teólogo, e de "comunidades cristãs que dizem 'basta' a uma única voz oficial".
"Há outras expressões, outra maneira de viver a fé do Evangelho", afirmou.
Entre o público, um padre salesiano, Juan José Ruiz, que viajou de Leon, no norte da Espanha, para assistir ao ato da paróquia, concluiu que San Carlos Borromeo "deveria ser um exemplo para a Igreja Católica". (EFE / 2 junho 2007)
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