O Fórum Social Mundial vai acontecer, pela primeira vez, na região amazônica. Integrantes do Conselho Internacional do fórum divulgaram, na quinta-feira (31), que a próxima edição do encontro, em 2009, terá Belém como sede. A capital paraense concorria com cidades da Indonésia e da Coréia do Sul, além de Porto Alegre, Curitiba e Salvador.
Não haverá um encontro mundial unificado em 2008, mas, sim, alguns dias de mobilização em diferentes partes do planeta. Ao optar por Belém, o conselho, reunido em Berlim, na Alemanha, desde o dia 19, trará o FSM de volta a seu país de origem - o Brasil teve a cidade-sede de 2001 a 2005.
Para levar o evento ao "coração da Amazônia", foi levado em conta o intenso debate sobre o aquecimento global e a sustentabilidade planetária. "Creio que, para nós, será uma grande oportunidade de colocar as nossas lutas do dia a dia numa agenda internacional, ganhando assim mais força", disse Adilson Vieira, secretário-geral do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA).
A governadora do Pará, Ana Julia Carepa (PT), também comemorou. "Vai ser uma oportunidade para que os ativistas de todo mundo conheçam um novo modelo de desenvolvimento, que valoriza a exploração dos recursos naturais sem destruição do meio ambiente e com justiça social."
Leia a seguir a carta enviada ao CI sobre a candidatura da Amazônia:
Ao Conselho Internacional do FSM.
Nós, movimentos sociais e Organizações Não Governamentais da Amazônia, vimos solicitar a este Conselho a apreciação da candidatura da região amazônica para sediar a edição do FSM no ano de 2009.
A pertinência da candidatura está expressa em vários aspectos, sejam eles políticos, culturais e ambientais, mas também no apelo global que a temática das mudanças climáticas vem ganhando após o relatório do IPCC das Nações Unidas. A Amazônia é a última fronteira florestal do planeta com as maiores reservas de biodiversidade e água doce, além de abrigar enorme sociodiversidade, representada nas suas populações tradicionais e povos indígenas. As ameaças que pairam sobre esse patrimônio da humanidade não se restringem apenas às mudanças do clima, mas são aceleradas pelas atuais políticas de desenvolvimento que apontam para a ampliação de atividades predatórias como as monoculturas agrícola e pecuária, exploração de commodities minerais e instalação de infra-estrutura que viabilizam esse processo predatório, com pouquíssimas externalidades positivas para o conjunto da sociedade amazônica. Neste contexto, a realização do Fórum Social Mundial, na Amazônia, tem grande representação simbólica e vem somar esforços ao prestar visibilidade para a temática da conservação dos recursos naturais e o respeito à pluralidade de modos de vida que vem sendo ameaçados pelo avanço do processo de globalização neoliberal nessa região estratégica para o planeta.
É também relevante o apoio que o movimento social da região tem dado a proposta de realização do Fórum Social Mundial na Amazônia, pois isso fortaleceria as lutas contra o desmatamento, em favor da redução da pobreza e da manutenção de nossa diversidade socioambiental. Entidades de base e ONG's, da região e de atuação nacional, vem se manifestando a favor dessa iniciativa, tecendo uma teia de apoio que legitima o processo, antes de tudo, perante a própria sociedade civil organizada, criando um cenário positivo para o sucesso dessa empreitada em terras Amazônicas, que estão sempre esquecidas por seus países e que coloca em risco de extinção centenas de culturas que vivem isoladas e distante das ações de seus governos. A realização do FSM na Amazônia daria voz e visibilidade a milhares de grupos étnicos que são ameaçados com a invasão de seus territórios e o descaso do poder publico, que vê com naturalidade o extermínio de grupos como os do Vale do Javari, fronteira Amazônica de Peru, Colômbia e Brasil.
A região possui ótimos antecedentes em sediar grandes eventos internacionais do movimento social, que desde 2002, vem realizando edições do Fórum Social Pan Amazônico, com ampla participação dos movimentos sociais dos 9 países amazônicos e se consolidou na agenda internacional como um espaço de lutas que passam por todo o continente Americano.
A região possui centros urbanos com condições de sediar o FSM, e nesse sentido, apresentamos a cidade de Belém, segundo maior centro urbano da Amazônia com 1.500.000 habitantes. A cidade de Belém, apresenta condições ideais para sediar a edição do Fórum Social Mundial em 2009. Cidade histórica, de tradição revolucionária, Belém foi palco entre 1835 a 1840 da maior revolta popular da história da Amazônia - a revolta dos Cabanos - única na região a realmente derrubar um governo local. Com localização geográfica estratégica, se acha privilegiada, por estar situada na foz do rio Amazonas e no extremo norte da malha rodoviária do país, além de possuir aeroporto internacional, o que facilita o deslocamento de pessoas, do Brasil e do exterior para a cidade.
Enfim, gostaríamos que essa candidatura fosse considerada não como uma candidatura do Brasil, mas como a candidatura de uma região que possui nove paises, milhares de povos indígenas com centenas de línguas e uma diversidade socioambiental das mais ricas do planeta. Possui também grandes contrastes sociais e hoje é vista como região estratégica para as grandes transnacionais e corporações que exploram nosso povo e nossa riqueza.
Se um outro mundo é possível, a região Amazônica reúne todas as condições para a construção desse novo mundo!
Vamos amazonizar o mundo! Fórum Social Mundial na Amazônia - Belém 2009
GTA - Grupo de Trabalho Amazônico
Conselho Nacional dos Seringueiros
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos
Associação Brasileira de ONGs – ABONG
Fórum da Amazônia Oriental
STTR/Santarém.Fórum Matogrossense de meio Ambiente e Desenvolvimento
Projeto saúde e Alegria
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Amazônico
Fundação vitória Amazônica
Associação etnoambiental Kanindé
Agonautas Ambientalistas da Amazônia
FASE Instituto Paulo Freire
(Vermelho / 01 junho 2007)
Não haverá um encontro mundial unificado em 2008, mas, sim, alguns dias de mobilização em diferentes partes do planeta. Ao optar por Belém, o conselho, reunido em Berlim, na Alemanha, desde o dia 19, trará o FSM de volta a seu país de origem - o Brasil teve a cidade-sede de 2001 a 2005.
Para levar o evento ao "coração da Amazônia", foi levado em conta o intenso debate sobre o aquecimento global e a sustentabilidade planetária. "Creio que, para nós, será uma grande oportunidade de colocar as nossas lutas do dia a dia numa agenda internacional, ganhando assim mais força", disse Adilson Vieira, secretário-geral do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA).
A governadora do Pará, Ana Julia Carepa (PT), também comemorou. "Vai ser uma oportunidade para que os ativistas de todo mundo conheçam um novo modelo de desenvolvimento, que valoriza a exploração dos recursos naturais sem destruição do meio ambiente e com justiça social."
Leia a seguir a carta enviada ao CI sobre a candidatura da Amazônia:
Ao Conselho Internacional do FSM.
Nós, movimentos sociais e Organizações Não Governamentais da Amazônia, vimos solicitar a este Conselho a apreciação da candidatura da região amazônica para sediar a edição do FSM no ano de 2009.
A pertinência da candidatura está expressa em vários aspectos, sejam eles políticos, culturais e ambientais, mas também no apelo global que a temática das mudanças climáticas vem ganhando após o relatório do IPCC das Nações Unidas. A Amazônia é a última fronteira florestal do planeta com as maiores reservas de biodiversidade e água doce, além de abrigar enorme sociodiversidade, representada nas suas populações tradicionais e povos indígenas. As ameaças que pairam sobre esse patrimônio da humanidade não se restringem apenas às mudanças do clima, mas são aceleradas pelas atuais políticas de desenvolvimento que apontam para a ampliação de atividades predatórias como as monoculturas agrícola e pecuária, exploração de commodities minerais e instalação de infra-estrutura que viabilizam esse processo predatório, com pouquíssimas externalidades positivas para o conjunto da sociedade amazônica. Neste contexto, a realização do Fórum Social Mundial, na Amazônia, tem grande representação simbólica e vem somar esforços ao prestar visibilidade para a temática da conservação dos recursos naturais e o respeito à pluralidade de modos de vida que vem sendo ameaçados pelo avanço do processo de globalização neoliberal nessa região estratégica para o planeta.
É também relevante o apoio que o movimento social da região tem dado a proposta de realização do Fórum Social Mundial na Amazônia, pois isso fortaleceria as lutas contra o desmatamento, em favor da redução da pobreza e da manutenção de nossa diversidade socioambiental. Entidades de base e ONG's, da região e de atuação nacional, vem se manifestando a favor dessa iniciativa, tecendo uma teia de apoio que legitima o processo, antes de tudo, perante a própria sociedade civil organizada, criando um cenário positivo para o sucesso dessa empreitada em terras Amazônicas, que estão sempre esquecidas por seus países e que coloca em risco de extinção centenas de culturas que vivem isoladas e distante das ações de seus governos. A realização do FSM na Amazônia daria voz e visibilidade a milhares de grupos étnicos que são ameaçados com a invasão de seus territórios e o descaso do poder publico, que vê com naturalidade o extermínio de grupos como os do Vale do Javari, fronteira Amazônica de Peru, Colômbia e Brasil.
A região possui ótimos antecedentes em sediar grandes eventos internacionais do movimento social, que desde 2002, vem realizando edições do Fórum Social Pan Amazônico, com ampla participação dos movimentos sociais dos 9 países amazônicos e se consolidou na agenda internacional como um espaço de lutas que passam por todo o continente Americano.
A região possui centros urbanos com condições de sediar o FSM, e nesse sentido, apresentamos a cidade de Belém, segundo maior centro urbano da Amazônia com 1.500.000 habitantes. A cidade de Belém, apresenta condições ideais para sediar a edição do Fórum Social Mundial em 2009. Cidade histórica, de tradição revolucionária, Belém foi palco entre 1835 a 1840 da maior revolta popular da história da Amazônia - a revolta dos Cabanos - única na região a realmente derrubar um governo local. Com localização geográfica estratégica, se acha privilegiada, por estar situada na foz do rio Amazonas e no extremo norte da malha rodoviária do país, além de possuir aeroporto internacional, o que facilita o deslocamento de pessoas, do Brasil e do exterior para a cidade.
Enfim, gostaríamos que essa candidatura fosse considerada não como uma candidatura do Brasil, mas como a candidatura de uma região que possui nove paises, milhares de povos indígenas com centenas de línguas e uma diversidade socioambiental das mais ricas do planeta. Possui também grandes contrastes sociais e hoje é vista como região estratégica para as grandes transnacionais e corporações que exploram nosso povo e nossa riqueza.
Se um outro mundo é possível, a região Amazônica reúne todas as condições para a construção desse novo mundo!
Vamos amazonizar o mundo! Fórum Social Mundial na Amazônia - Belém 2009
GTA - Grupo de Trabalho Amazônico
Conselho Nacional dos Seringueiros
Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos
Associação Brasileira de ONGs – ABONG
Fórum da Amazônia Oriental
STTR/Santarém.Fórum Matogrossense de meio Ambiente e Desenvolvimento
Projeto saúde e Alegria
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Amazônico
Fundação vitória Amazônica
Associação etnoambiental Kanindé
Agonautas Ambientalistas da Amazônia
FASE Instituto Paulo Freire
(Vermelho / 01 junho 2007)
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