28/07/2016,
Lula http://www.lula.com.br (Brasil)
Advogado de Lula explica a ação
do ex-presidente na ONU (VIDEO COM LEGENDA)
Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentaram
nesta quinta-feira (28), uma petição ao Comitê de Direitos Humanos da ONU em
Genebra, por violação da Convenção Internacional de Direitos Políticos e Civis
e abuso de poder pelo juiz Sérgio Moro e procuradores federais da Operação
Lava-Jato contra Lula.
A defesa de Lula esclarece que o ex-presidente não se opõe a ser
investigado, mas busca justiça com a devida imparcialidade, e que as
autoridades brasileiras obedeçam o que diz a lei no curso das investigações e
processos.
Na ação, os advogados pedem ao Comitê que se pronuncie diante do fato do
juiz Sérgio Moro ter violado o direito de Lula à privacidade, de não ser preso
arbitrariamente e o direito à presunção da inocência.
As evidências de violação e abusos do juiz e dos procuradores do Paraná
apresentadas ao Comitê são:
-- a condução coercitiva do dia 4 de março de 2016, completamente fora
do previsto na legislação brasileira;
-- o vazamento de dados confidenciais para a imprensa;
-- a divulgação de gravações, inclusive obtidas de forma illegal;
-- o recurso abusivo a prisões temporárias e preventivas para a obtenção
de acordos de delação premiado.
Os advogados também relacionaram exemplos concretos de parcialidade por
parte de Sérgio Moro e promotores contra Lula.
A ação cita precedentes de outras decisões da Comissão de Direitos
Humanos da ONU e outras cortes internacionais que mostram que, de acordo com a
lei internacional, Moro, por sua evidente falta de imparcialidade, e por já ter
cometido uma série de ações ilegais contra Lula, perdeu de forma irreparável as
condições julgar o caso. É necessário um juiz imparcial e independente caso aja
uma denúncia e seja necessário julgar Lula.
O Brasil assinou em 2009 o protocolo de adesão ao Comitê. A ação foi
preparada pelo escritório Teixeira & Martins com a assistência do ex-juiz
da corte de apelações da ONU, o advogado australiano Geoffrey Robertson
(Queen’s Council). O comitê é composto de 18 juristas de diferentes países
(entre eles França, Itália, Reino Unido, Alemanha, Argentina e Estados Unidos).
JUIZ ACUSADOR
Moro construiu para si mesmo a imagem de um “juiz acusador” disposto a
usar a publicidade e a imprensa para atacar a imagem das pessoas que julga. A
petição demonstra como tais práticas violam Convenções Internacionais. O
governo brasileiro terá seis meses para contestar essas alegações ou para
admitir os problemas apontados e alterar a legislação. Pode ser requerido o
sorteio de outro juiz para o caso.
Cristiano Zanin, advogado de Lula, afirmou: “Ações contra a corrupção,
em especial corrupção política, são de importância vital para a democracia. Mas
devem ser efetivas e dentro da lei para serem dignas de orgulho, e não
arbitrárias e ilegais, o que acabará, em pouco tempo, causando vergonha a um
país. O perigo do Juiz Moro é que suas ações injustas e ilegais serão
contra-produtivas, e causarão danos ao combate à corrupção no longo prazo.
Procuramos o Comitê da ONU para que sirva de um guia em relação aos direitos
fundamentais que nossa Constituição exige de juízes e promotores.”
Geoffrey Robertson, do escritório Doughty Street Chambers, considera que
“Lula, trouxe seu caso para a ONU porque não é possível haver justiça no Brasil
dentro de um sistema como esse. Telefones grampeados, como de sua família e
advogados, e áudios vazados para deleite de uma mídia politicamente hostil. O
mesmo juiz que invade sua privacidade pode prendê-lo a qualquer momento e daí
automaticamente se torna quem irá julgá-lo, decidindo se ele é culpado ou
inocente sem um júri. Nenhum juiz na Inglaterra ou na Europa poderia agir dessa
forma, ao mesmo tempo como promotor e juiz. Esta é uma grave falha do sistema
penal brasileiro. ”
Robertson também aponta o problema das detenções feitas sem julgamento.
“O juiz tem o poder de deter o suspeito indefinidamente até obter uma confissão
e uma delação premiada. Claro que isso leva a condenações equivocadas baseadas
nas confissões que o suspeito tem que fazer porque quer sair da prisão.”
Nestes links você encontra o documento original da petição, em
inglês, e uma tradução livre para o Português:
Anexo
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