20/07/2016, Tlaxcla http://www.tlaxcala-int.org (Mexico) Tlaxcala,
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by Coletivo de tradutores Vila Vudu
O presidente Vladimir Putin da Rússia fez, no domingo, o que nenhum
grande líder ocidental dos países membros da OTAN cuidou de fazer, quando telefonou ao seu contraparte turco Recep Erdogan,
para manifestar boa vontade, simpatia e votos de sucesso na empreitada que o
presidente turco abraçava, de restaurar a ordem constitucional e a
estabilidade, o mais rapidamente possível, depois da tentativa fracassada de
golpe na noite da 6ª-feira.
Em vez de fazer coisa
semelhante, o secretário de Estado dos EUA John Kerry embarcou num voo noturno
de bate-volta até Bruxelas, para reunião e café-da-manhã na 2ª-feira, com os
ministros de Relações Exteriores (RE) da União Europeia, para discutir uma
posição unificada ante a crise na Turquia. O ministro das RE da França
Jean-Marc Ayrault estava de péssimo humor, zangado, repetindo que
surgiram
"questões" sobre se a Turquia ainda seria aliada "viável".
Manifestou "suspeitas" quanto às intenções da Turquia e insistiu que
o apoio europeu a Erdogan contra o golpe não seria "cheque em
branco", que autorizasse o turco a suprimir a oposição.Os EUA manifestaram desagrado com as acusações turcas de que teria havido mão norte-americana no golpe fracassado. Mas verdade é que a acusação turca é evento sem precedentes nos 67 anos de existência da OTAN – um dos membros obrar por meios violentos para forçar mudança de regime em outro país membro. Não há dúvidas de que EUA e Turquia estão em rota de colisão por causa da extradição do pregador islamista Fethullah Gülen que vive exilado na Pennsylvania e quem o governo turco acusa diretamente de ser o conspirador-chefe por trás do golpe.
O primeiro-ministro da Turquia Binali Yildirim já alertou que Ankara passará a ver os EUA como "inimigo", se acobertarem Gülen. São eventos dramáticos, que expõem ainda mais as fissuras já muito visíveis no sistema da aliança ocidental. (Vide comentário na agência russa de notíciaqs Sputnik intitulado OTAN R.I.P (1949-2016): Will Turkey-US Rift Over Gülen Destroy Alliance?) [OTAN "Descanse em Paz" (1949-2016): A rixa Turquia-EUA por causa de Gülen destruirá a Aliança?])
Interessante, os militares turcos de alto escalão já presos até agora incluem:
– o comandante da base
aérea Incirlik (e dez de seus subordinados), onde estão localizadas as forças
da OTAN e armazenadas 90% das armas nucleares táticas dos EUA na Europa;
– o comandante do Exército encarregado da fronteira com Síria e Iraque;
– o comandante da força de contingência da OTAN baseada em Istanbul; e
– os ex-adidos militares em Israel e no Kuwait.
– o comandante do Exército encarregado da fronteira com Síria e Iraque;
– o comandante da força de contingência da OTAN baseada em Istanbul; e
– os ex-adidos militares em Israel e no Kuwait.
Bem claramente, as
suspeitas apontam na direção de os norte-americanos terem tido alguma espécie
de conhecimento prévio sobre o golpe. Dois jatos F-16 e dois 'aviões-tanques'
para lhes garantir abastecimento em voo e usados na tentativa de golpe
realmente decolaram de Incirlik.
Claro,
Ankara desconfiava de que EUA e França estavam estabelecendo bases militares no
norte de Síria, com apoio de tribos curdas locais; essas bases, desconfiavam os
turcos, seriam um pé de apoio que levaria à criação de um 'Curdistão'. (O
conselheiro do Supremo Líder do Irã para assuntos de política externa Ali Akbar
Velayati, figura influente em Teerã, disse no domingo que os EUA estão tentando
criar um estado do Curdistão arrancado de países vizinhos com população curda,
para ser uma "segunda Israel" no Oriente Médio e servir aos
interesses regionais de Washington.)
Hoje, o famoso 'vazador' saudita de informações secretas conhecido como ‘Mujtahid’ surgiu com revelação sensacional de que os Emirados Árabes Unidos desempenharam papel no golpe, e manteve a Arábia Saudita também no circuito. E também o deposto governante do Qatar Hamad bin Khalifa Al-Thani (amigo muito próximo de Erdogan) disse que EUA e um outro país ocidental (presumivelmente, a França) haviam arquitetado o golpe e que a Arábia Saudita também está envolvida (aqui e aqui).
Também chegou à mídia a informação de que, em sessão de portas fechadas, no domingo, durante a qual o ministro do Exterior do Irã informou sobre eventos recentes ao Parlamento Iraniano, Mohammad Zarif teria deixado fortemente sugerido que houve envolvimento de sauditas e qataris na tentativa de golpe na Turquia.
O telefonema de Putin a Erdogan sugere a possibilidade de os serviços de inteligência russo e turco estarem trabalhando em contato. Putin e Erdogan combinaram encontrar-se em breve.
O momento escolhido para deflagrar a tentativa de golpe – logo depois de os EUA terem fracassado no esforço para fixar presença da OTAN no Mar Negro, e depois também da reaproximação russa-turca – torna-se muito significativo. Assim também, os sinais de que mudanças nas políticas intervencionistas da Turquia na Síria enervaram os EUA e seus aliados regionais.
Israel, Arábia Saudita e Qatar têm muita coisa a perder, se a Turquia estabelecer laços com a Síria, o que já começa a se configurar. Assim, deter Erdogan passou a ser imperativo urgente para esses países. O espectro do governo sírio retomando pleno controle sobre o território nacional assombra Israel, que sempre esperou que uma Síria enfraquecida e fragmentada operaria a seu favor, no processo de vir a anexar permanentemente os territórios ocupados nas Colinas de Golan.
Mais uma vez, o movimento da Turquia, de descolar-se da agenda de mudança de regime na Síria, significa vitória geopolítica para o Irã. E um Hezbollah triunfante, ainda mais experiente, mais familiarizado com aquele terreno e portanto mais forte, logo ali na porta ao lado, significa que a vasta superioridade militar convencional de Israel vai-se tornando ainda mais irrelevante na luta dos israelenses contra a Resistência. Não por acaso, Israel até agora mantém o mais pétreo silêncio.
Será que EUA e seus aliados regionais simplesmente jogarão a toalha, ou se concentrarão e usarão o tempo para tentar uma nova jogada para derrubar Erdogan? Eis a grande questão. Hoje, a popularidade de Erdogan na Turquia alcança a estratosfera. E com certeza levará adiante o processo de expurgar os Gülenistas infiltrados no aparelho do Estado e nas Forças Armadas. A reunião do Alto Conselho Militar marcada para agosto, e que decidirá sobre aposentadorias, promoções e transferências dos militares de mais alto escalão do país, deixa Erdogan livre para remover os Gülenistas.
Hoje, o famoso 'vazador' saudita de informações secretas conhecido como ‘Mujtahid’ surgiu com revelação sensacional de que os Emirados Árabes Unidos desempenharam papel no golpe, e manteve a Arábia Saudita também no circuito. E também o deposto governante do Qatar Hamad bin Khalifa Al-Thani (amigo muito próximo de Erdogan) disse que EUA e um outro país ocidental (presumivelmente, a França) haviam arquitetado o golpe e que a Arábia Saudita também está envolvida (aqui e aqui).
Também chegou à mídia a informação de que, em sessão de portas fechadas, no domingo, durante a qual o ministro do Exterior do Irã informou sobre eventos recentes ao Parlamento Iraniano, Mohammad Zarif teria deixado fortemente sugerido que houve envolvimento de sauditas e qataris na tentativa de golpe na Turquia.
O telefonema de Putin a Erdogan sugere a possibilidade de os serviços de inteligência russo e turco estarem trabalhando em contato. Putin e Erdogan combinaram encontrar-se em breve.
O momento escolhido para deflagrar a tentativa de golpe – logo depois de os EUA terem fracassado no esforço para fixar presença da OTAN no Mar Negro, e depois também da reaproximação russa-turca – torna-se muito significativo. Assim também, os sinais de que mudanças nas políticas intervencionistas da Turquia na Síria enervaram os EUA e seus aliados regionais.
Israel, Arábia Saudita e Qatar têm muita coisa a perder, se a Turquia estabelecer laços com a Síria, o que já começa a se configurar. Assim, deter Erdogan passou a ser imperativo urgente para esses países. O espectro do governo sírio retomando pleno controle sobre o território nacional assombra Israel, que sempre esperou que uma Síria enfraquecida e fragmentada operaria a seu favor, no processo de vir a anexar permanentemente os territórios ocupados nas Colinas de Golan.
Mais uma vez, o movimento da Turquia, de descolar-se da agenda de mudança de regime na Síria, significa vitória geopolítica para o Irã. E um Hezbollah triunfante, ainda mais experiente, mais familiarizado com aquele terreno e portanto mais forte, logo ali na porta ao lado, significa que a vasta superioridade militar convencional de Israel vai-se tornando ainda mais irrelevante na luta dos israelenses contra a Resistência. Não por acaso, Israel até agora mantém o mais pétreo silêncio.
Será que EUA e seus aliados regionais simplesmente jogarão a toalha, ou se concentrarão e usarão o tempo para tentar uma nova jogada para derrubar Erdogan? Eis a grande questão. Hoje, a popularidade de Erdogan na Turquia alcança a estratosfera. E com certeza levará adiante o processo de expurgar os Gülenistas infiltrados no aparelho do Estado e nas Forças Armadas. A reunião do Alto Conselho Militar marcada para agosto, e que decidirá sobre aposentadorias, promoções e transferências dos militares de mais alto escalão do país, deixa Erdogan livre para remover os Gülenistas.
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