13 julho 2016, Rede Brasil Atual http://www.redebrasilatual.com.br (Brasil)
Associação Juízes para a Democracia defende
a volta da presidenta para manter o Estado democrático, uma vez que a tese do
crime de responsabilidade não se sustenta perante as leis vigentes
São Paulo – "Ela
tem total poder para isso", afirmou hoje (12) o presidente do Conselho
Executivo da Associação Juízes para a Democracia (AJD), André Augusto Salvador
Bezerra, ao ser indagado se a presidente afastada Dilma Rousseff poderá revogar
os atos do governo interino de Michel Temer, caso o Senado arquive o processo
de impeachment. "Ela pode, há princípios, direitos adquiridos, ela pode
anular. Arriscado é o contrário, é o Temer
revogar medidas dela", destacou
Bezerra, observando que o papel de Temer ainda tem caráter provisório.
Segundo o representante
da AJD, o cenário jurídico do impeachment é a primeira avaliação, antes da
política, para se certificar do processo em curso no país. Dilma está sendo
processada por suposto crime de responsabilidade ante a lei orçamentária e de
improbidade administrativa, devido a créditos suplementares sem aprovação do
Congresso e as chamadas pedaladas fiscais – atraso no repasse de recursos de
programas sociais aos bancos públicos.
"E se espera que
ela volte porque esse cenário tem amparo da Constituição. O impeachment é uma
excepcionalidade, é saudável para o país ter a legislação e o estado de direito
respeitados", destacou ainda para defender que o cenário político deve se
pautar pelo direito em vigor. "Existe influência recíproca entre o cenário
político e o cenário jurídico. O cenário que respeita a Constituição rejeita
esse processo."
Bezerra afirma que a
perícia nas contas da gestão de Dilma "reforça o que é patente". Para
ele, a própria perícia seria desnecessária. Quanto às pedaladas, diz que
"elas não são crime nem em tese".
Quanto aos abusos da
magistratura, como nos vazamentos seletivos da Operação Lava Jato, Bezerra
afirma que a AJD tem defendido que o combate à corrupção seja feito de acordo
com a lei em vigor. "Não pode combater corrompendo o sistema jurídico. Um
ou outro abuso só reforça a nossa tese de que o Poder Judiciário tem de ser
independente, mas com controle da sociedade, de acordo com a democracia, que
permite à sociedade verificar a regularidade dos atos jurídicos."
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