18 julho
2016, Resistir.info http://resistir.info (Portugal)
por Eugénio
Rosa*
– Clima de medo provocado pelos media
– Agravamento das desigualdades no país
Antes de tudo,
comportamentos para reflexão dos leitores, já que atingiram níveis de despudor
chocantes para todos aqueles para quem a dignidade nacional não é só uma
palavra.
Nas últimas semanas tem-se acentuado o clima de chantagem e ameaças por parte de Comissão Europeia sobre o governo português, revelando uma atitude de despotismo e de clara ingerência nos assuntos internos do país, pretendendo e achando-se com o direito de se sobrepor às instituições nacionais eleitas pelos portugueses dando ordens ao governo. Os burocratas não eleitos de Bruxelas tratam Portugal como fosse uma quinta deles, e dão a imagem de "senhores" (eles) a tratar com súbditos (Portugal).
E a situação torna-se ainda mais confrangedora, quando a maior parte dos media em Portugal (muitos comentadores e jornalistas, felizmente não todos) assumem, objetivamente (talvez sem terem consciência disso) o papel de simples instrumentos amplificando essa campanha de chantagem e medo. Quase todos os órgãos de informação repetem passivamente até à exaustão, como isso fosse natural e admissível, as ameaças, as chantagens e as ingerências em assuntos nacionais de qualquer funcionário da
Comissão Europeia, procurando assim criar
um clima de submissão nacional aos ditames da CE e dos seus mentores. E como
isto não fosse suficiente, eles próprios assumem, talvez inconscientemente, o
papel desses chantagistas de Bruxelas, exigindo que o governo apresente o
chamado "Plano B" (medidas adicionais gravosas para os
portugueses). Nas últimas semanas tem-se acentuado o clima de chantagem e ameaças por parte de Comissão Europeia sobre o governo português, revelando uma atitude de despotismo e de clara ingerência nos assuntos internos do país, pretendendo e achando-se com o direito de se sobrepor às instituições nacionais eleitas pelos portugueses dando ordens ao governo. Os burocratas não eleitos de Bruxelas tratam Portugal como fosse uma quinta deles, e dão a imagem de "senhores" (eles) a tratar com súbditos (Portugal).
E a situação torna-se ainda mais confrangedora, quando a maior parte dos media em Portugal (muitos comentadores e jornalistas, felizmente não todos) assumem, objetivamente (talvez sem terem consciência disso) o papel de simples instrumentos amplificando essa campanha de chantagem e medo. Quase todos os órgãos de informação repetem passivamente até à exaustão, como isso fosse natural e admissível, as ameaças, as chantagens e as ingerências em assuntos nacionais de qualquer funcionário da
Philipe Breton, no seu livro A palavra manipulada , refere-se a este tipo de manipulação da opinião pública a que chama "naturalização da realidade ". E dá como exemplo o desemprego nos seguintes termos: " O desemprego é a mais das vezes apresentado no discurso político como uma espécie de catástrofe natural, de flagelo ", portanto fora do controlo e da responsabilidade dos humanos. Para muitos media em Portugal, e seus comentadores habituais, as ingerências e as ameaças dos funcionários de Bruxelas são também naturais (sua naturalização), normais e admissíveis, nada se podendo fazer a não ser cumpri-las submissamente, e repeti-las para que sejam mais facilmente aceites, e se crie desta forma um clima de submissão nacional em relação aos burocratas não eleitos de Bruxelas. É isto o que resulta da forma como tratam esta matéria, embora se possa admitir que muitos deles não o façam intencionalmente. Mas aqui o que conta não são intenções. Mas assim vai o jornalismo em Portugal, felizmente não todo.
O AUMENTO DAS DESIGUALDADES EM PORTUGAL
Os burocratas de Bruxelas, como o apoio dos "cavalos de Troia internos" (Passos Coelho e outros) pretendem impor mais sacrifícios aos portugueses, quando a parcela da riqueza liquida criada anualmente que reverte para quem trabalha já é inferior à de 1995 (gráfico)
O Produto Interno
Liquido é o que se obtém deduzido ao PIB o Consumo do Capital Fixo, ou seja, o
valor do que se depreciou (corresponde a nivel das empresas às amortizações)
, portanto é a riqueza liquida criada anualmente no país que depois é
repartida. E como mostra o gráfico, a parcela que reverte para os
trabalhadores, sob a forma de salarios e ordenados, tem diminuido desde 2009.
Neste ano, os ordenados e salários correspondiam a 45,1% do Produto Interno
Liquido, e após a "troika" e o governo PSD/CDS ficou reduzido a
40,4%, o que signfica menos 7.000 milhões € de salários e ordenados por ano. E
isto quando os trabalhadores por conta de outrem representam 82,3% da população
empregada mas receberam, sob a forma de ordenados e salários, apenas 40,4% da
riqueza liquida criada em 2015 no país. Esta é uma situação que urge inverter e
o atual governo tem de ter um importante papel nisso fixando essa inversão como
um objetivo importante da sua ação.
A MAIORIA DOS TRABALHADORES EM PORTUGAL TÊM SALÁRIOS LIQUIDOS MUITO BAIXOS
O quadro 1, construído com dados do INE, mostra como os salários líquidos da esmagadora maioria dos trabalhadores portugueses são muito baixos e têm tido aumentos anémicos após a ingerência da " troika " e do governo PSD/CDS.
A MAIORIA DOS TRABALHADORES EM PORTUGAL TÊM SALÁRIOS LIQUIDOS MUITO BAIXOS
O quadro 1, construído com dados do INE, mostra como os salários líquidos da esmagadora maioria dos trabalhadores portugueses são muito baixos e têm tido aumentos anémicos após a ingerência da " troika " e do governo PSD/CDS.
No 1º Trimestre de
2016, ainda 60,1% dos trabalhadores por conta de outrem Portugal tinham um
rendimento salarial mensal liquido inferior a 900€ por mês, e mais de metade
inferior a 600€, segundo também o INE. No período 2007/2011, o aumento médio
dos salários líquidos em Portugal foi 2,6% ao ano, enquanto com a " troika"
e o governo PSD/CDS foi apenas de 0,6% ano (quatro vezes menos que no
período anterior), portanto inferior à inflação que se registou em alguns dos
anos deste 2º período. E isto segundo o INE.
AGRAVARAM-SE AS DESIGUALDADES NOS GANHOS ENTRE PORTUGAL E A UE
Como revelam os dados do Eurostat do quadro 2, as assimetrias a nível dos ganhos dos trabalhadores estão-se a agravar entre Portugal e maioria dos países da UE.
AGRAVARAM-SE AS DESIGUALDADES NOS GANHOS ENTRE PORTUGAL E A UE
Como revelam os dados do Eurostat do quadro 2, as assimetrias a nível dos ganhos dos trabalhadores estão-se a agravar entre Portugal e maioria dos países da UE.
Em 2009, o ganho médio
mensal de um trabalhador em Portugal correspondia a 63,8% da média da UE,
enquanto em 2014 já representava somente 54,7%. Em 2015 diminuiu mais. E a CE,
o BCE e o FMI ainda consideram que são demasiadamente elevados (recorde-se a
posição do FMI em relação ao aumento do salário mínimo) e pretendem reduzir
ainda mais.
17/Julho/2016
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