12 julho 2016, Agência Brasil (Brasil)
Felipe Pontes
Repórter
da Agência Brasil
Morreu na manhã de hoje (12) em Porto Alegre, aos 63
anos, a intelectual e ativista do movimento negro Luiza Helena Bairros,
ex-ministra da Secretaria de Políticas Públicas da Igualdade Racial, cargo que
ocupou entre 2011 e 2014. Ela foi vítima de um câncer no pulmão, contra o qual
lutava havia três meses.
De acordo com informações da família, o corpo da
ex-ministra será velado até amanhã (13), quando deve ser sepultado.
Uma das principais personalidades brasileiras da luta
contra o racismo, Luiza passou os últimos anos em viagens pelo país realizando
palestras e trabalhando intensamente na articulação do movimento negro,
atividade que desempenhava há mais de 40 anos.
Durante sua passagem pelo governo federal, foi
responsável por criar o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial
(Sinapir), cujo objetivo é
implementar políticas públicas voltadas a
proporcionar à população negra igualdade de oportunidades e instâncias de
combate à discriminação e à intolerância.
A principal forma de atuação do Sinapir, conforme
defendia Luiza Bairros, é por meio da articulação com municípios e governo
estaduais, através da criação de órgão regionais para a promoção da igualdade
racial.
“Luiza foi uma incansável militante da causa negra e
da democracia brasileira. Sua obra permanece viva e continua sendo um símbolo
da luta contra o preconceito e em favor das melhores causas da vida política
nacional”, escreveu a presidenta afastada Dilma Rousseff em nota na qual
lamentou a morte da ex-ministra.
Natural de Porto alegre, Luiza Bairros formou-se em
administração pública pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e era
doutora em sociologia pela Univesidade de Michigan (EUA). Entre 2001 e 2005,
trabalhou em programas da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o racismo.
Com residência em Salvador, Luiza Bairros foi também
um dos principais nomes do Movimento Negro Unificado (MNU).
“Perdi uma mãe, uma amiga, uma companheira, uma
referência para toda vida, a mais ousada e primorosa combinação de
inteligência, disciplina, generosidade e coerência que o movimento negro
produziu nos últimos 40 anos”, escreveu o assessor pessoal da ex-ministra, o
advogado Felipe Freitas, em sua conta no Facebook.
Em nota, a Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial (Seppir), do Ministério da Justiça e Cidadania, lamentou a
morte da ex-ministra, que comandou a pasta de 2011 a 2014. "Também em sua
gestão a frente da Seppir ocorreu a efetivação de políticas de ações
afirmativas. Uma delas, estabelecida pela Lei n° 12.711/2012, garantiu o acesso
ao ensino superior a mais de 150 mil estudantes negros em todo o país. As
universidades públicas federais e os institutos federais de educação superior
ganharam em diversidade e em qualidade, com destaque para as boas notas dos
alunos cotistas e o baixo índice de desistência dos cursos frequentados por
estes alunos", diz o comunicado.
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