2 julho 2016, Opera Mundi http://operamundi.uol.com.br
(Brasil)
Movimentos sociais reunidos no Uruguai
destacaram necessidade de integração regional e rechaçaram 'tentativa de
quebrar institucionalidade' do bloco
A declaração final da
XX Cúpula Social do Mercosul, divulgada nesta sexta-feira (01/07), afirmou o
apoio dos movimentos sociais da região à presidente brasileira, Dilma Rousseff.
As organizações manifestaram repúdio ao processo de impeachment de que a
mandatária é alvo, classificado como “um ataque à democracia brasileira sem
precedentes”, e pediram que “os governos da região não reconheçam o governo
interino do golpista Michel Temer no Brasil”.
O encontro acontece
semestralmente desde 2006 e sua 20ª edição se deu em Montevidéu, capital do
Uruguai, entre quinta e sexta-feira, reunindo organizações sociais e sindicais
dos países-membros do Mercosul – Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e
Venezuela – e da Bolívia, que está em processo de adesão ao bloco. Agência
EfeRepresentantes de movimentos sociais reunidos na XX Cúpula Social do Mercosul, em Montevidéu, nesta sexta-feira.
A reunião foi precedida
pela controvérsia sobre a transferência da presidência rotativa do Mercosul do
Uruguai para a Venezuela, que será feita no próximo dia 12 em uma cúpula
de chanceleres – e não de chefes de Estado, como costuma acontecer –,
segundo anunciaram na segunda-feira (27/06) os ministros das Relações
Exteriores de Argentina e Uruguai, Susana Malcorra e Rodolfo Nin Novoa,
respectivamente.
Após o anúncio, o
chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, afirmou que os colegas de Uruguai e
Argentina fizeram tal declaração sem consultar os demais países do bloco e
expressou o descontentamento de seu país em relação à presidência temporária
da Venezuela.
Neste sentido, as
organizações sociais repudiaram também “as tentativas de alguns governos de
quebrar a institucionalidade do Mercosul ao se opor à transferência da
presidência rotativa à Venezuela”, que obedece a uma regra do bloco de
alternar a liderança de acordo com a ordem alfabética dos nomes dos países que
o integram. A declaração final do encontro manifestou também “respeito ao povo
venezuelano” e ao governo de Nicolás Maduro.
Em ato simbólico, o
representante do governo uruguaio para as Cúpulas Sociais, Federico Gomensoro,
fez a transferência do comando desta instância à delegação venezuelana e pediu
"respeito ao direito internacional".
A declaração final do
encontro também ressalta a necessidade de integração da região nos aspectos
sociais, comerciais e econômicos. O documento afirma que o processo de
integração do Mercosul tem questões pendentes e que essas deficiências estão
sendo usadas para destruir e "substituir (o bloco) com um modelo de
livre-comércio" que, segundo as organizações sociais da região, só trará
mais miséria e desigualdade.
"O déficit de
democracia, de redistribuição e de desenvolvimento que o Mercosul mostra hoje
só se soluciona com mais Mercosul. Lutaremos por nosso projeto de integração e
não aceitaremos projetos de exclusão política, social e econômica", indica
o texto.
O analista político e diretor
acadêmico do Centro de Formação para a Integração Regional (Cefir), o uruguaio
Gerardo Caetano, declarou em discurso no fechamento do encontro que o papel dos
movimentos sociais "é fundamental", já que "ajudam a
reivindicar" interesses comuns.
"Os movimentos
sociais reivindicaram o Mercosul possível. Quando o Mercosul era comercialista,
as Cúpulas Sociais eram as que falavam das complementações produtivas, de
direitos humanos, da necessidade de pensar o projeto de desenvolvimento juntos
e políticas ambientais", afirmou.
*Com Agência Efe
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