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junho 2013, 3 junho
2013,
Tatiana Félix
Indignados
com o descaso do governo frente a tantos conflitos de terra envolvendo povos
indígenas e quilombolas, e cansados da ausência de políticas de reforma agrária
no Mato Grosso do Sul, movimentos sociais resolveram levantar suas bandeiras de
luta e levar essas reivindicações para as estradas com a realização da Marcha
dos Povos da Terra, iniciada nesta segunda-feira (3).
A
atividade, que dá início às Jornadas Unitárias de Luta, começou na manhã de
hoje no município de Anhanduí e já reúne cerca de 400 participantes. A
expectativa é que pelo menos mil pessoas se somem à marcha que chegará à
capital do estado, Campo Grande, entre quarta e quinta-feira.
O
Movimento de Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), organizações indígenas,
sindicais, de estudantes, entidades em defesa dos direitos humanos e outros
movimentos do campo participam da jornada. Eles pedem a demarcação das terras
indígenas, e a titulação e demarcação dos territórios quilombolas.
De acordo
com Atiliana Brunetto, integrante do MST, "o grande objetivo é chamar a
atenção para os conflitos de terras, para a paralisação da reforma agrária há
três anos no estado e para as estruturas precárias dos assentamentos”, que não
dão condições para trabalho e renda. A ideia é construir ao longo desses dias a
agenda de ações para a grande reivindicação de Campo Grande.
Dentro da
programação de atividades, os/as participantes também terão momentos de estudos
e formação política. Segundo Atiliana, durante o trajeto serão realizados os
"Barrancos de Formação”, momentos em que os movimentos organizam debates
com grupos temáticos sobre questões indígenas, reforma agrária, mulheres e
outros.
A
mobilização acontece num momento estratégico para os povos do campo, já que os
conflitos por terra entre empresas, fazendeiros e indígenas vitimou na semana
passada o líder terena Oziel Gabriel e deixou outros quatro feridos. Ele foi
morto a tiros durante um processo de reintegração de posse da Fazenda Buriti,
em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande. O local está dentro da área
de 17,2 mil hectares reivindicados pelos indígenas. Nesta região vivem cerca de
4,5 mil índios em nove aldeias.
Os
movimentos do campo consideram essa jornada uma importante ocasião para lutar
contra o agronegócio, o latifúndio e a desterritorialização que tem impactado
os povos da terra.
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