8 maio 2013,
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Palácio
do Planalto, 08 de maio de 2013
Excelentíssimo
senhor Mohamed Morsi, presidente da República Árabe do Egito.
Senhoras
e senhores ministros de Estado e integrantes das delegações do Egito e do
Brasil.
Senhoras
e senhores jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.
Senhoras
e senhores,
Tenho
muita satisfação em receber o presidente Morsi na sua histórica visita de
Estado ao Brasil, a primeira de um mandatário desse grande país amigo que é o
Egito.
Escolhido
pela voz majoritária das urnas, o governo do presidente Morsi busca dar
expressão às legítimas aspirações do povo egípcio por liberdade, justiça social
e desenvolvimento. Todos nós acompanhamos com emoção e sentimento de
solidariedade o desenrolar do processo transformador desencadeado pelas
manifestações da Praça Tahrir. Vivemos no Brasil processo similar de
redemocratização a partir dos anos 80
, compreendemos os desafios e a
importância do esforço de construção institucional e de promoção da cidadania,
dos direitos humanos, do desenvolvimento e da justiça social.
Eu tenho
convicção de que no Egito, como no Brasil, os ventos da redemocratização vão
ser os precursores de um projeto econômico renovado, tanto do ponto de vista
social, quanto do ponto de vista político, quanto no que se refere à afirmação
da soberania no Egito. Nesse contexto auspicioso, o presidente Morsi e eu
decidimos impulsionar a cooperação entre o Brasil e o Egito em todos os níveis,
priorizando as áreas econômica, social e cultural.
Hoje à
tarde haverá uma apresentação sobre políticas públicas brasileiras para que
possamos trocar informações e experiências em matéria de inclusão social e
eliminação da pobreza. Questões como o Bolsa Família, os programas
relativos à agricultura familiar, programas de aquisição de alimento, programas
também relativos à geração de ciência e tecnologia, à ampliação do comércio, a
toda a questão relativa a investimentos do Brasil no Egito e vice-versa, serão
tratados também ao longo de toda a nossa atividade.
O
presidente Morsi afirmou o seu desejo de fortalecer a produção agrícola de seu
país, de estreitar as relações comerciais, de levar investimentos para o Egito,
de promover um processo de ampliação do uso do biocombustível e, também, de
contemplar a questão da sustentabilidade através daquele princípio “crescer,
incluir, proteger e conservar”. Aliás, a experiência brasileira em
biocombustível está colocada à disposição do Egito em seu esforço para ampliar
a presença de fontes renováveis na sua matriz energética. Eu considero
importante toda a parceria na área de ciência e tecnologia que permita ao
Brasil e ao Egito desenvolver de forma a agregar valor à sua produção nos seus
próprios países.
Foi
assinado também, como vocês viram, um acordo entre a Biblioteca Nacional do
Brasil e a Biblioteca de Alexandria, que é uma instituição lendária, uma instituição
que se origina nos primórdios da história, de prestígio internacional e que
desenvolve programas avançados na área de digitalização de livros. Nós também
identificamos grande potencial de cooperação na área de defesa, da aviação
civil e militar.
O Egito é
o principal destino de nossas exportações na África – isso, desde 2009 – e o
terceiro maior parceiro tanto no continente africano quanto no mundo árabe.
Nosso comércio bilateral já alcançou alguns bilhões de dólares, nós temos de
ampliá-lo e torná-lo mais equilibrado. O acordo de livre comércio assinado
entre o Mercosul e o Egito também vai abrir possibilidades e oportunidades para
um intercâmbio cada vez mais diversificado.
Manifestei
ao presidente Morsi a intenção do Brasil de organizar missões empresariais ao
Egito, ainda neste ano de 2013. Amanhã, eu tenho certeza, o presidente Morsi
encontrará, de forma muito produtiva, empresários brasileiros em São Paulo. O
estreitamento das nossas relações comerciais e das nossas parcerias em
investimento devem e são estratégicas para a qualidade da nossa cooperação.
Nós
tratamos também de importantes questões birregionais e multilaterais. Do ponto
de vista birregional, tanto a ASPA quanto a ASA, que são organizações da
América Latina com os países árabes e com os países africanos, deve merecer a
nossa atenção e a nossa preocupação. Concordamos em manter uma coordenação nos
fóruns multilaterais e, também, desenvolver as nossas relações no âmbito dos
Brics e dos demais órgãos.
Conversamos
sobre paz e sobre segurança no Oriente Médio e coincidimos em que a questão
palestina é chave neste particular. O Brasil reconhece a importância do Estado
Palestino para que se construa a paz naquela região. No que se refere à Síria,
a gravíssima escalada do conflito continua a trazer uma grande preocupação, e
convergimos em nossa condenação a todo ato de violência contra os civis e, ao
mesmo tempo, que o diálogo é o melhor método para que se estabeleça a paz em
definitivo naquela região. Defendemos um cessar fogo imediato efetivo e
defendemos, também, o início de um processo político liderado pelos sírios, com
o apoio da comunidade internacional.
O Brasil
defende a realização da Conferência para a criação de uma zona livre de armas
nucleares e de todas as outras armas de destruição de massa no Oriente Médio, a
exemplo do que já existe aqui na nossa região, na América Latina. Nós apoiamos
a reforma da ONU, em particular de seu Conselho de Segurança, e enfatizamos a
importância da representação de árabes e africanos neste órgão multilateral.
No plano
econômico, nós temos de lutar contra as assimetrias existentes, ainda, nas
instituições financeiras internacionais. A implementação da reforma do sistema
de cotas e do sistema de votação no FMI está entre as iniciativas urgentes.
Eu quero,
aqui, reiterar o meu agradecimento pelo apoio do Egito, que muito valorizamos,
ao candidato brasileiro Roberto Azevêdo ao cargo de diretor-geral da OMC.
O
presidente Morsi e eu concordamos que uma cooperação Sul-Sul entre nossos
países é estratégica para que se estabeleça, de fato, a multipolaridade no
mundo.
Finalmente,
temos a convicção que nossos países e povos têm pela frente um grande futuro e
um imenso caminho de cooperação. Queremos construí-lo juntos.
Muito
obrigada ao presidente Morsi, agradeço também à sua comitiva. E reitero a
importância para o Brasil da relação entre o Brasil e o Egito, países que têm
papéis importantes, não só a desenvolver na sua região, mas também para a paz,
o desenvolvimento e o bem-estar das populações do nosso mundo.
Muito
obrigada.
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