3 maio 2016, Sul21 http://www.sul21.com.br (Brasil)
A presidenta Dilma
Rousseff disse nesta terça-feira (3) que recebeu pedidos para que renunciasse
mas que a “injustiça” que sofre com o processo de impeachment vai continuar visível.
Ela voltou a dizer que está em curso um “golpe” no país, que é vítima de uma
fraude e que não vai renunciar a seu mandato. Mais uma vez, a presidenta
declarou estar “do lado certo da história”, que é a democracia.
“Muitas vezes, não foi
uma nem duas, pediram que eu renunciasse, porque assim se esconde para debaixo
do tapete esse impeachment sem base legal,
portanto esse golpe. É extremamente confortável para os golpistas que a vítima
desapareça, que a injustiça não seja visível. Eu quero dizer uma coisa para
vocês: a injustiça vai continuar visível. Bem visível”, disse.
Dilma voltou a dizer
que não há causa para o impeachment e que a “democracia
brasileira sofre um assalto porque querem encurtar
o caminho”. “Se eu for
comparar com todos os presidentes que me antecederam, pelo menos os dois
últimos, a situação é extremamente estranha. Eu fiz seis decretos. Quem mais
fez foi FHC [Fernando Henrique Cardozo] que fez 101 decretos. Falaram que eu
não estava cumprindo a meta fiscal. Foram feitos por demanda minha? Não, não
fui eu que pedi”, disse, em referência a solicitações de edição dos decretos de
crédito suplementar feitas por diferentes órgãos, como o Tribunal Superior
Eleitoral.
A presidenta fez as
declarações ao participar do lançamento do Plano Safra de Agricultura Familiar
2016/2017, que vai fornecer R$ 30 bilhões em créditos para financiamento da
produção orgânica e agroecológica de alimentos.
Movimento das elites
Antes de Dilma, outras
pessoas que discursaram também condenaram o que chamaram de golpe. Para o
ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, há um movimento das elites
e oligarquias contra a presidenta Dilma e a Constituição Federal, mas também
contra políticas públicas que promovem a “inserção social produtiva de milhões
de famílias”.
Anunciando demonstrar
“indignação cívica” com o momento atual, o ministro petista classificou o
processo como “tentativa explícita de romper a ordem constitucional do Brasil,
quebrando o mandato legítimo de uma presidenta legitimamente eleita nas urnas”.
“Nesse momento, além da
tentativa da quebra do mandato através do golpe, há uma tentativa de golpe
contra as políticas públicas sociais que nós implantamos no Brasil nos últimos
anos. Está na hora de afirmarmos aqui lealdade ao mandato da presidenta, o
compromisso com a democracia brasileira e com os mais pobres do Brasil, que têm
fome e sede de justiça, que utilizam a função social da terra. Não podemos
deixar que eles vençam mais uma vez. Em tono da presidenta Dilma, nós
venceremos”, disse Patrus.
Movimentos sociais
Repetindo o discurso
que Dilma vem fazendo, Anderson Amaro, do Movimento dos Pequenos Agricultores,
disse que impeachment
sem crime é golpe. “E golpe nós não aceitamos. Golpistas, nós não vos
deixaremos governar um só dia. Lutaremos com ousadia, sem trégua, até
estabelecermos a normalidade democrática. Nossa luta é contra o golpe e em
defesa da democracia. Nossa luta é pela reforma agrária popular integral e
contra o latifúndio. Temer e Cunha, a batata de vocês está assando”, disse.
Segundo o presidente da
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch,
é preciso haver uma “trincheira de luta” para que as políticas públicas não
sejam diminuídas “um centímetro”. “Somos a favor da democracia que custou muito
suor, muito sangue, muita luta do povo brasileiro. Nós sabemos para quem é que
sobra quando acontece isso. É para nós, para o povo, os trabalhadores, os
acampados, os assentados, para o agricultor familiar. Nós vamos resistir. Não
aceitaremos retrocesso”, disse.
Elisangela Araújo, da
Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar,
também mandou um recado para a oposição. “Aqueles e aquelas que estão dizendo
que vão dar um golpe na democracia brasileira, eles que esperem, porque o
movimento social e popular e sindical não vai dar trégua, porque nós não vamos permitir
o retrocesso das conquistas”, disse.
Além dos créditos, o
Plano Safra de Agricultura Familiar 2016/2017 vai fornecer uma nova linha de
juros mais baixa. Durante o evento, a
presidenta assinou decreto que regulamenta lei sobre os créditos concedidos aos
assentados da reforma agrária. De acordo com Patrus Ananias, também será
lançado o 2º Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica 2016/2019.
Sobre a legislação que
trada da seleção das famílias beneficiárias, o ministro disse que os acampados
serão reconhecidos “como sujeitos de direitos, estabelecendo condições para
famílias do programa e aperfeiçoamento”.
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