23 maio 2016, Rede Brasil Atual
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Brasilianista James N. Green, da Brown
University, rebate diplomata americano e questiona: "Quantos congressistas
Cunha e seus aliados compraram ou ganharam com suas promessas de um novo
governo?"
Green questiona STF e
afirma que ele levou quase seis meses para julgar afastamento de Eduardo Cunha
São Paulo – Em carta aberta ao embaixador dos Estados
Unidos na Organização dos Estados Americanos (OEA), Michael Fitzpatrick, o
historiador e brasilianista James Naylor Green, da Brown University, rebateu o
diplomata norte-americano, o primeiro representante do governo de Barack Obama
a se pronunciar sobre o impeachment de Dilma Rousseff.
Na carta aberta, James Green diz que o governo
estadunidense está repetindo o mesmo erro de 52 anos atrás. “Mesmo considerando
os perigos existentes na comparação histórica de eventos ocorridos em
diferentes períodos, digo que o governo dos Estados Unidos está correndo o
risco de repetir o trágico erro de abril de 1964, quando o presidente Lyndon B.
Johnson reconheceu a ditadura militar que
havia tomado o poder e que terminou
governando o país por 21 anos”.
"O que está ocorrendo no Brasil foi feito
seguindo o processo legal e respeitando a democracia", disse Fitzpatrick
na semana passada, em plenária da OEA. “Nós não acreditamos que isso seja um
exemplo de um 'golpe brando' ou, para esse efeito, um golpe de qualquer tipo”,
acrescentou o diplomata dos EUA.
O brasilianista deixa na carta aberta o claro paralelo
que, segundo ele, se pode fazer entre os golpes de 1964 e de 2016. “Como já foi
largamente documentado e revelado pelos documentos liberados do Departamento de
Estado dos EUA, o embaixador Lincoln Gordon e o seu adido militar Vernon
Walters ativamente apoiaram a conspiração para depor Goulart.”
Em sua carta aberta ao diplomata, o historiador da
Brown University faz uma série de questionamentos. “Como pode ter havido
procedimento democrático na Câmara dos Deputados quando Eduardo Cunha, que
controlava totalmente essa instituição, foi afastado do seu cargo uma semana
após a votação de admissão do processo do impeachment?”.
Green menciona a morosidade do Supremo Tribunal
Federal em relação ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, responsável pela
condução do impeachment. “Um pedido para seu afastamento dessa posição havia
sido feito em dezembro do ano passado por desvio de finalidade e abuso de
poder, mas um membro da Suprema Corte sentou sobre esse pedido até que Cunha
tivesse garantido que a oposição teria os dois terços necessários para aprovar
o seguimento do processo do impeachment da Presidenta Dilma”, escreveu.
“Quantos congressistas Cunha e seus aliados compraram
ou ganharam com suas promessas de um novo governo? Como um processo conduzido
por uma pessoa que é processada por lavagem de dinheiro e por recebimento de
suborno pode ser legitimado?”.
O historiador continua questionando a Suprema Corte
brasileira e afirma que ela “tem sido excessivamente arbitrária em decidir
quais casos analisar, levando quase seis meses para julgar o afastamento de
Eduardo Cunha e proferindo uma decisão veloz contra a indicação de Lula para um
cargo no governo Dilma”.
Para Green, “esses casos são exemplos, dentre tantos
outros, das maneiras perversas como o Judiciário se enredou com a política, ao
invés de permanecer separado dela”.
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