24 maio
2016, Pátria Latinahttp://www.patrialatina.com.br (Brasil)
Por Héctor Bernardo*
Entreouvido na redação do Pátria Latina:
“Os tentáculos da CIA no Brasil não abrange somente
o golpista do Temer. A Mídia, os mídiatico,
parlamentares,
ONGS e entidades secretas e outras não tão
secretas assim, estão a serviço da agencia”.
(Valter Xéu)
Buenos Aires (Prensa Latina) -- Uma comunicação
revelada pelo Wikileaks mostra que o presidente interino do Brasil, Michel
Temer, a quem Dilma Rousseff definiu como “o chefe dos conspiradores”, era
informante da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA).
De acordo com a informação em seu momento
confidencial, Temer reunia-se periodicamente com os representantes da Embaixada
dos Estados Unidos e oferecia-lhes informação que ele mesmo qualificava como
“sensível” e “somente para uso oficial”.
A mensagem difundida pelo Wikileaks, que teria sido
emitida em 2005, foi enviada de São Paulo ao Comando Sul (com sede em Miami) e
assinala:
“O deputado Federal Michel Temer, presidente nacional
do Partido do Movimento Democrático Brasileiro
(PMDB), acredita que a desilusão
pública com o presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) proporciona
uma oportunidade para que o PMDB apresente seu próprio candidato às eleições
presidenciais de 2006”.
Outra parte da mensagem revelada pelo Wikileaks
assegura: “Ao ser perguntado sobre o programa do partido, Temer afirmou que o
PMDB apoia políticas que favorecem o crescimento econômico.
[O partido] não tem nenhuma objeção à Área de Livre
Comércio das Américas (ALCA) [e] preferiria ver o Mercosul fortalecer-se com o
fim de negociar com a ALCA como bloco, mas a tendência parece ser a contrária”.
A mensagem confirma, mais uma vez, o nível de
ingerência que o governo dos Estados Unidos exerce na região através de suas
embaixadas, serviços de inteligência, e suas redes de fundações e OGNs.
Em um artigo publicado na diário Página/12, o
sociólogo Atilio Borón apontou: “Em seu momento Barack Obama enviou como
embaixadora no Brasil Liliana Ayalde, uma especialista em promover “golpes
brandos” porque antes de assumir seu cargo em Brasília, o qual continua exercendo,
seguramente não por acaso havia sido embaixadora no Paraguai, nas vésperas da
derrubada “institucional” de Fernando Lugo. Mas o império não é onipotente, e
para viabilizar a conspiração reacionária no Brasil suscitou a cumplicidade de
vários governos da região, como o argentino, que definiu o ataque que seus
amigos brasileiros estavam perpetrando contra a democracia como um rotineiro
exercício parlamentar e nada mais”.
Não chama a atenção, neste contexto, que o primeiro
governo a cumprimentar a chegada de Temer à presidência de fato seja o de
Mauricio Macri, cuja chefa de política exterior é Susana Malcorra, que também
foi denunciada por seus vínculos com a CIA.
Macri na embaixada
Segundo aponta o jornalista Santiago O’Donnell em seu
livro Argenleaks, o próprio presidente Macri tinha uma clara dependência da
Embaixada dos Estados Unidos. O’Donnell afirma em seu livro que no ano 2007
Macri manteve uma reunião com membros da Embaixada dos Estados Unidos na
Argentina.
Naquele encontro – segundo detalha-se na mensagem
enviada pelo cônsul político estadunidense Mike Matera – Macri assegurou que
sua fundação Crecer y Crecer trabalhava “com o Instituto Republicano dos
Estados Unidos (e também com a fundação Konrad Adenauer da Alemanha) na
formação de novas lideranças”, instituições estreitamente vinculadas à agência
de inteligência norte-americana.
A atitude do presidente argentino foi extremamente
oposta a do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Quando se soube que o golpe
parlamentar no Brasil era um fato, o líder bolivariano assegurou: “Hoje
consumou-se a primeira fase de um golpe de Estado para acabar com uma era de
força e liderança popular, para dividir o Brasil. O norte têm claro que o
Brasil é importantíssimo para o rumo da América Latina, para o rumo do mundo
(…) os Estados Unidos querem impedir que na América Latina continuem os
governos progressistas e revolucionários eleitos democraticamente para o
bem-estar dos direitos fundamentais do povo”. Na Venezuela, os homens da
oposição vinculados à CIA são numerosos, para somente nomear alguns, Henrique
Capriles Radonski e Leopoldo López. Os planos da Casa Branca para
desestabilizar o governo bolivariano têm sido inumeráveis e não pararam.
Como se tratasse do jogo de Táticas e Estratégias de
Guerra (TEG), o governo de Barack Obama distribui suas fichas pelo tabuleiro da
região. A direita, comandada a partir da Casa Branca, já ficou com a Argentina
e também acaba de tomar o governo no Brasil. Agora, antes que o governo de
Obama chegue ao seu fim (em novembro), busca a Venezuela.
*Analista político argentino que colabora com a Prensa
Latina.
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