22 maio 2016, Jornal de Angola http://jornaldeangola.sapo.ao (Angola)
Victor Carvalho
Quer alguns queiram ou não, a verdade é que Angola continua a desfrutar
de um prestígio intocável no areópago internacional, tanto nos centros das
grandes decisões como a nível de comunidades empresariais, sejam elas privadas
ou públicas.
Trata-se não de uma mera suposição mas de um dado inquestionável, como
disso são prova os múltiplos exemplos que quase diariamente se revelam como que
a desdizerem, categoricamente, todos os fazedores das ideias e dos conceitos
com que querem catalogar a avaliação que fazem do resultado de todo o esforço
colectivo que os angolanos estão a desenvolver para ultrapassar a crise.
Enquanto uns falam de “apostas falhadas”, quando se referem a algumas das opções do Governo para enfrentar a actual situação económica, outros preferem
Se para uns, como por exemplo para um alto responsável da Câmara de
Comércio Estados Unidos-Angola, com os actuais constrangimentos “nenhuma
empresa gerida por gente séria vai entrar no mercado angolano”, para outros a
grande dúvida é saber quais são os melhores projectos nacionais que estão
disponíveis para receber os seus investimentos. Isto sucede, por exemplo, em
relação a fundos de investidores de países tão variados como são a Finlândia, a
Itália, a Índia e de muitos outros países e governos.
A economia angolana, aos poucos, talvez mais lentamente do que seria desejável, vai-se diversificando e abrindo-se a investidores estrangeiros que não escondem o seu entusiasmo em participar nesse desafio, fazendo-o porque acreditam convictamente nas capacidades empreendedoras do empresariado nacional e na sua determinação em ultrapassar os problemas, tal como disso já deram repetidos exemplos num passado ainda fresco. Quem esteve fora do país entre 2002 e agora a ele regressa, não pode deixar de se surpreender com o muito que foi feito a nível de infra-estruturas, especialmente na reabilitação de estradas e pontes, na construção de escolas e de hospitais e na oferta, de um modo geral, de melhores serviços às populações.
Isto foi possível, em primeiro lugar, graças a estratégias de desenvolvimento devidamente estruturadas e minuciosamente aplicadas, mas também pelo apoio obtido junto de parceiros internacionais que acreditaram no trabalho que estava a ser desenvolvido.
Ainda hoje, em plena crise económica, continuam a funcionar numerosas parcerias entre empresas nacionais e estrangeiras, com ou sem a presença do Estado, e que já possibilitam um certo aconchego em muitos sectores, tanto na área alimentar como na de indústria, pescas e construção.
No sector alimentar, neste momento e apenas a título de exemplo, o país está em condições de exportar sal, crustáceos, farinha e óleo de peixe além da tilápia, graças, precisamente, ao funcionamento de modernas fábricas ligadas à indústria pesqueira e que são um bom exemplo das parcerias internacionais, algumas delas subvencionadas pelo próprio Estado.
Poderá dizer-se que um país não enriquece apenas a exportar estes alimentos, mas só o facto disso estar neste momento a ser feito deveria ser encarado como motivo de satisfação, por provar a capacidade das empresas nacionais em ultrapassarem as dificuldades e aproveitarem da melhor forma as oportunidades que se lhes oferecem.
No sector agrícola, determinante para a desejada consolidação da diversificação económica, há a registar o facto de o país estar até ao final do ano em condições de exportar ovos e carne de frango, para lá de diversos tipos de fruta e de produtos hortícolas. Na indústria, os projectos públicos de infra-estruturação para a criação de pólos industriais, seis deles através da linha de crédito da China, oferecem um variado leque de oportunidades, em quase todas as províncias do país, que tanto o empresariado nacional como estrangeiro estão prontos para aproveitar.
Nas páginas deste jornal têm vindo a ser publicados diversos trabalhos que retratam o muito que está a ser feito, em todo o país, com o objectivo de garantir a sustentabilidade do desenvolvimento capaz de gerar cada vez mais emprego.
Este esforço e esta realidade estão à vista de todos, mesmo daqueles que teimam em insistir na ideia de que Angola é um país condenado ao fracasso por ter perdido as condições que já teve para se financiar, quase que exclusivamente, através das receitas petrolíferas.
É claro que, ao que já foi feito, muito se poderia ter acrescentado não fosse a existência de uma tendência, quase fatal, de alguns continuarem a minimizar as capacidades do país se superar, em vez de trabalharem de forma construtiva.
Talvez menos tocado por essa estranha fatalidade, o empresariado estrangeiro olha para Angola de forma mais pragmática e, por isso, não hesita, contrariamente ao que muitos ainda querem fazer crer, em continuar a depositar a sua confiança traduzida na busca incessante de novas parcerias nos diversos sectores da economia nacional.
Essas parcerias são fundamentais, pois permitirão ao sector público estar mais acompanhado e melhor apetrechado no desempenho da missão de liderar todo o processo de diversificação económica e que está em marcha já bem adiantada.
Para trás, irremediavelmente, ficarão aqueles que ainda sonham com a possibilidade de voltar a ver Angola com a sua economia virada, quase que exclusivamente, para o sector do petróleo e seus derivados e que, por não saberem conviver com estes tempos de mudança, produzem declarações totalmente irresponsáveis mas reveladoras das suas insuficiências.
Esse período, definitivamente, faz já parte do passado!
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