2 maio
2016, Diário do Centro do Mundo http://www.diariodocentrodomundo.com.br
(Brasil)
por Paulo
Nogueira
Mercosul & CPLP + BRICS: "Dono do helicóptero apreendido em 2013 pela mesma
Polícia Federal com 450 kg de pasta base de cocaína, o senador mineiro (no
centro) – aliado histórico de Aécio Neves no estado (Minas Gerais) – foi rapidamente
inocentado; agora, entra na campanha #euconfionaPF, cujo objetivo é tirar da
instituição a subordinação ao Ministério da Justiça." (Fonte: 21 de
março de 2016, Revista Forum)
Quando você pensa que
o circo em torno do impeachment não poderia piorar eis que aparece Zezé
Perrela. Ele é integrante da Comissão do Senado que julga Dilma.
A posteridade terá
que decifrar, no futuro, como um homem como Perrela teve poder para remover
alguém como Dilma.
Perrela virou senador
por herança. Era suplente de Itamar Franco, morto em 2011.
Era conhecido pelos
anos em que foi presidente do Cruzeiro. Negócios obscuros surgiram em seu
currículo de cartola. Perrela foi acusado de lavar dinheiro na venda de um
jogador do Cruzeiro para a Europa.
O processo acabou
dando no SFT, onde jaz há anos, para surpresa de ninguém.
No comando do
Cruzeiro, Perrela se notabilizou também por aparecer em fotos em jogos ao lado
de um cruzeirense de fama nacional, o amigo Aécio. Numa delas, a dupla não
passaria num teste do bafômetro, claramente.
Mas a celebridade de
Perrela não se deveu nem ao Cruzeiro e nem a Aécio. Ele brilhou quando um
helicóptero seu foi apreendido pela Polícia Federal com quase meia
tonelada de pasta de cocaína.
O piloto era seu
funcionário.
Perrela conseguiu o
milagre de escapar de qualquer investigação mais profunda. Um cidadão comum em
cujo carro sejam descobertos míseros gramas de cocaína enfrenta um enrosco
fenomenal.
Perrela, com seu
“Helicoca”, está aí, julgando Dilma.
A amizade com Aécio
pode tê-lo ajudado. A mídia, que batalhava freneticamente por Aécio na ocasião,
quando o mineiro do Leblon estava em campanha para ser presidente, ignorou o
caso.
O que um pedalinho
mereceu 500 quilos de pasta de cocaína não mereceram nem da Polícia Federal e
nem, muito menos, da mídia.
Falar de cocaína num
escândalo em que era protagonista um amigo de Aécio poderia prejudicar o
candidato da plutocracia.
Este é o Brasil, e
estas são nossas instituições, que o eminente juiz Dias Toffoli diz, grave, que
não podem ser ofendidas.
Num mundo menos
imperfeito, Perrela agora estaria em sérios apuros por causa da mercadoria de
seu helicóptero e Dilma seguiria em seu segundo mandato, para o qual foi eleita
por mais de 54 milhões de votos.
Mas o Brasil é o que
é, e o senador do Helicoca é um dos algozes de Dilma – e da democracia.
A única diferença
entre o circo da Câmara e o circo do Senado é que o circo do Senado tem menos
palhaços.
------------ Recomendamos
Nenhum comentário:
Postar um comentário