26 abril 2013, ODiário.info
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(Portugal)
É bem provável que em 39 anos
passados desde 1974 nunca se tenha verificado um tão chocante fosso entre as
comemorações populares e as comemorações “oficiais” do 25 de Abril como o que
ficou este ano à vista, nomeadamente na intervenção de Cavaco Silva na
Assembleia da República.
Enquanto o povo nas ruas, em
combativos desfiles de muitas dezenas de milhares de homens, mulheres e jovens,
exigia a demissão do governo e uma nova política, na Assembleia da República os
discursos da maioria e de Cavaco Silva constituíram a obstinada, cega e
reaccionária reafirmação do rumo de desastre económico e social que vêm impondo
ao país.
Tal oposição flagrante entre o povo
e os actuais executantes das imposições da troika estrangeira indicia a outra
perigosa vertente da obra destruidora que levam a cabo: o desastre económico e
social, a não ser detido, conduzirá também ao desastre do regime democrático.
Para o governo e para Cavaco Silva, a lei fundamental em vigor são as imposições da troika, não a Constituição da República. O seu programa não visa o défice orçamental ou o endividamento externo, como alegam (e que a sua política agrava), mas o Portugal de Abril e o que permanece do regime democrático.
O 25 de Abril de 2013 deu a clara
imagem de um confronto entre posições inconciliáveis e em acelerada agudização:
entre a vontade do povo manifestada nas ruas e a obstinação destruidora das
troikas e de Cavaco.
A dimensão de massa das
manifestações realizadas transmite uma poderosa mensagem: com a força do povo,
que é a mais genuína expressão do interesse nacional, este confronto poderá ser
vencido. E poderá ser retomado o caminho de Abril.
Os Editores
de odiario.info
*A ilustração que acompanha esta Nota é da autoria de José Santa
Bárbara
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