quarta-feira, 10 de abril de 2013

Presidente de São Tomé e Príncipe quer apoio da CPLP na reforma da Justiça



9 abril 2013, Lusa

São Tomé --- O Presidente de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa, defendeu na segunda-feira que o Governo deve recorrer ao apoio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para iniciar o processo de reforma do setor da Justiça.

"É possível, em cooperação com os nossos parceiros e com os instrumentos ao nosso dispor nas organizações internacionais de que fazemos parte, nomeadamente a CPLP, iniciar um processo reformista, quer no plano institucional, quer na modernização do quadro legal que coloque ao dispor dos operadores judiciários as condições e os instrumentos necessários para aumentar a sua eficácia no combate à criminalidade", disse Pinto da Costa, na abertura do novo ano judicial.

Para o chefe de Estado são-tomense, o seu país "reclama há muito" uma reforma que "permita importantes ganhos a nível da sua imagem externa".

Pinto da Costa reconheceu que não está a ser fácil para as autoridades iniciarem a reforma do setor judiciário, em que, quer os tribunais, quer o Ministério Público, quer os serviços policiais têm sido fortemente contestados nos últimos anos, particularmente por parte dos operadores comerciais, políticos e Ordem dos Advogados.

"A reforma na Justiça não se faz de um dia para outro. Seria ilusão julgar que é possível mudar em poucos meses uma situação que se arrasta há longos anos. É preciso ter em conta os condicionalismos, quer da situação económica do país, quer da crise financeira internacional, que continua a persistir", explicou Pinto da Costa.

O chefe de Estado disse também que a instabilidade política que o país tem vivido nos últimos anos tem gerado também a falta de consenso para o início desta reforma.

"A instabilidade política não pode continuar a ser, nem um álibi permanente, nem um travão constante ao desenvolvimento do país, nem um motivo para que o futuro continue a ser adiado", disse.

"O diálogo deve ser o mais inclusivo possível, mas também não pode ser motivo para que o país se torne refém dos que, por esta ou aquela razão, se excluem dessa urgente busca dos indispensáveis consensos que a situação exige", acrescentou.

Por seu lado, o primeiro-ministro são-tomense, Gabriel Costa, deu alguns exemplos de como os tribunais são-tomenses com enormes deficiências.

"Enquanto na primeira instância cada juiz tem mais de 600 processos, no Supremo Tribunal de Justiça os juízes conselheiros não têm mais de 20 processos (...) as providências cautelares e processos de menores - que são processos urgentes - levam meses e até anos a serem despachados", exemplificou.

"As notificações judiciais não são cumpridas por falta de combustível para as deslocações dos funcionários. Com este cenário, dificilmente se pode falar no princípio da celeridade processual pois este deixou de ter qualquer aplicação pratica", acrescentou o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe.

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