quarta-feira, 17 de abril de 2013

PARAGUAI: O TORTUOSO CAMINHO ELEITORAL*



16 abril 2013, Diálogos do Sul http://www.dialogosdosul.org.br (Brasil)

Paraguai caminha para eleições gerais a serem realizadas dia 21 de abril, que podem ser determinantes para o eventual regresso do país ao seio do Mercosul e Unasul, os dois grandes blocos integracionistas sul-americanos dos quais foi suspenso.

Ha quase um ano de vigorar as sanções políticas, o processo eleitoral se aproxima da data chave em meio a posições intransigentes das autoridades no poder, encabeçadas por Federico Franco, empenhadas sem êxito em desconhecer o isolamento internacional a que estão sujeitos.

Apesar das ajudas provenientes de Washington e do secretario geral da OEA, Jose Miguel Insulza, o Paraguai tem sido excluído também da maioria dos foros internacionais realizados, entre eles a cúpula Ibero-americana e a constituição da Comunidade de Estados Latino-americanos e do Caribe.

Seus esforços por romper o isolamento terminaram no fracasso e por isso, a maioria das representações diplomáticas acreditadas em Assunção, permanecem vazias de embaixadores, retirados por seus correspondentes governos em sinal de protesto.

O processo eleitoral é disputado por candidatos dos dois maiores partidos tradicionais, o Colorado, com o empresário Horacio Cartes, e o Liberal Autêntico, qcon Efraín Alegre. Ambos se uniram pra materializar a destituição de Lugo e agora disputarão entre si para tratar de impor seus candidatos nas próximas eleições. Segundo as pesquisas os dois encabeçam a preferencia dos eleitores.

O primeiro deles, os colorados, postulam como Associação Nacional Republicana (ANR), que durante 60 anos no poder e apoiou a ditadura de 35 anos de Alfredo Stroessner (1954-1989) com apoio dos Estados Unidos, até que, em 2008, Lugo obteve uma vitória de caráter popular e assumiu a presidência. Além disso Horácio Cartes é investigado por narcotráfico nos Estados Unidos, segundo denúncia de Lídia Ruiz, dirigente de Via Camponesa.

O segundo, apoio do atual governo, carrega sobre as costas a união com os colorados, seus inimigos tradicionais, a troco de desfrutar dos 14 meses no poder que terminará com a posse, em agosto próximo, de quem seja proclamado vencedor das votações planejadas.

Diante disso se opõem o esforço da esquerda agrupada no Frente Guasú, coalização de partidos e organizações sociais indígenas e camponesas, sem os grandes recursos econômicos dos anteriores e impedida pelos mais importantes meios de comunicação de ter acesso igualitário na difusão de seu programa e propostas. O programa televisivo de debate foi ao ar somente com a participação dos candidatos dos quatro maiores partidos.

A Frente, com a direção de Lugo, tem como candidato o médico Aníbal Carrillo, aponta para a consolidação de um aparato político nacional representativo das esperanças populares com o propósito de modificar o sistema neoliberal existente e conseguir mudanças nas terríveis condições de vida de um país com quase 50% de sua população na pobreza.

Lugo aspira uma cadeira de senador na lista da Frente Guasú, integrada pelos partidos Tekojoja, Movimiento Patriótico Popular, Comunista, Frente Amplio, de la Unidad Popular, Solidario y Convergencia Popular Socialista.

Dessa frente luguista e de centroesquerda se desprendeu a coalizão Avanza Pais, que propõe o animador de televisão Mario Ferreiro, e está integrada pelos partidos Movimiento al Socialismo, Revolucionario Febrerista, Demócrata Cristiano, Paraguay Tekopyahú y Movimiento 20 de Abril.

O conjunto de partidos com maior peso se completa com a Unión Nacional de Ciudadanos Éticos (UNACE), do falecido general Lino Oviedo, morto em plena campanha, substituído por um sobrinho com seu mesmo nome mas com menos peso eleitoral, segundo as pesquisas.

Também concorre ao pleito a médica Lilian Soto, candidata do movimento feminista e socialista Kuña Pyrenda (Marcas de Mulher), que foi ministra secretária da Função Pública no governo de Lugo. Dia 21 de abril os paraguaios elegerão presidente, vice-presidente, 45 senadores, 80 deputados, 18 deputados ao Parlasul e 17 governadores, junto a parlamentares de departamentos de número variável segundo a região. Kuña Pyrenda encabeça todas as listas em todas as instâncias com mulheres.

São mais de onze os postulantes a ocupar o Palácio de López, mas as chances dos demais partidos são limitadas. O socialista Mario Ferreiro e o conservador senador Miguel Carrizosa, de Patria Querida, também buscam a preferencia dos três milhões de paraguaios aptos a comparecer às urnas.

A lista de candidatos inclui também Roberto Ferreira Franco, pelo Partido Humanista; Coco Arce, pelo Partido de los Trabajadores; Ricardo Almada, pelo Partido Blanco, e Anastásio Galeano, por Patria Libre.

A guerra das pesquisas de opinião pagas pelos partidos golpistas e os meios de comunicação conservadores só deixam espaço para a vitória dos colorados e liberais, mas ainda em algumas delas se reconhece tangencialmente a importância que posa ter a Frente e outras forças progressistas menos na conformação do futuro Congresso e na eleição presidencial.

Em definitiva, a estratégia da esquerda se centraliza em lutar por cada voto emitido para impedir a fraude, seguir lutando na base até o último momento para orientar aos setores mais humildes e converter-se em uma parede de contenção das decisões antipopulares do próximo governo.

*De Orbe e Telan,  especial para Diálogos do Sul

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