8 abril 2013, Pátria Latina http://www.patrialatina.com.br
(Brasil)
Embora haja quem deliberadamente desqualifique a força dos BRICS como
aliança política e econômica de mútua cooperação, a 5ª Cúpula do bloco,
realizada na última semana em Durban, na África do Sul, deixou claro o objetivo
de seus integrantes em viabilizar mecanismos capazes de converter o crescente
poder econômico do grupo em benefícios que possam ser compartilhados por
todos os seus membros.
O anúncio e o início dos acordos para a criação do chamado Banco dos BRICS foi,
sem dúvida, a expressão mais evidente desta intenção, um acontecimento de
grande peso, que servirá principalmente ao financiamento de infraestrutura e
desenvolvimento sustentável dos cinco países que formam o grupo - Brasil,
Índia, China, Rússia e África do Sul.
Porém, mais do que isso, a iniciativa explicita a nova correlação de forças
no mundo atual, já que se trata da primeira manifestação multilateral entre
países de regiões diferentes desde a criação de instituições como a ONU, o
FMI e o Banco Mundial, que aglutinaram as várias nações em torno de si.
A criação de uma entidade própria dos BRICS ocorre em um cenário no qual, por
pressão e controle dos EUA, esses organismos internacionais, surgidos após a
2ª Guerra Mundial, continuam recusando-se a reconhecer a nova realidade do
século 21 e a emergência do mundo asiático, africano e latino-americano.
O banco significa, ao mesmo tempo, uma alternativa ao Banco Mundial e uma
resposta à incapacidade dos organismos existentes de promover reformas
necessárias para atender às novas demandas que surgem. Como destacou o
presidente sul-africano, Jacob Zuma, a criação do novo banco representa o
surgimento de uma nova era "em um mundo que necessita urgentemente de
uma origem mundial mais justa".
Evidentemente, não será uma tarefa simples constituir o banco, já que há
diferenças políticas e econômicas muito relevantes entre os cinco países,
disputas entre si na questão comercial e uma certa preocupação em relação ao
expansionismo da China, que, ao reproduzir a estratégia colonialista de
comprar matéria prima e vender manufaturados, torna-se pouco conveniente para
seus parceiros.
Contudo, os interesses comuns deverão prevalecer, afinal, é inegável a
potência dessa aliança. Para se ter uma ideia, juntos, os cinco países
respondem por 43% da população mundial e dispõem de US$ 4,4 trilhões em
reservas de moedas estrangeiras. O comércio entre os cinco países cresceu
mais de dez vezes em dez anos e deve dobrar até 2015, chegando a meio trilhão
de dólares.
O Investimento Estrangeiro Direto (IED) no grupo triplicou na última década,
chegando a US$ 263 bilhões, de acordo com a ONU. Nesse período, a
participação do grupo saltou de 6%, em 2000, para 20% em 2012. Sem dúvida, um
crescimento extraordinário.
Dentre os principais desafios do banco, está o incentivo aos investimentos
entre os integrantes dos BRICS, que atualmente são baixos. Apenas 2,5% do que
investem se direciona para países do grupo, contra 40% que se destinam às
economias desenvolvidas, particularmente União Europeia, EUA e Japão.
Uma das primeiras medidas já acertadas foi a criação de um fundo de reserva
de US$ 100 bilhões para ser usado em caso de eventuais crises de liquidez.
Além de representar uma alternativa ao FMI, o fundo pode ser de grande
contribuição para a estabilidade das moedas dos países do grupo.
Uma das primeiras medidas já acertadas foi a criação de um fundo de reserva
de US$ 100 bilhões para ser usado em caso de eventuais crises de liquidez, o
que pode ser de grande contribuição para a estabilidade das moedas dos países
do grupo.
A presidenta Dilma lembrou que a iniciativa faz parte do esforço dos países
emergentes, em especial Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, de
criar fontes próprias de investimento e financiamento e que será um
instrumento importante para que se protejam dos efeitos da crise econômica
internacional. Aliás, àqueles que desacreditam no poder atual dos BRICS e não
enxergam mais tanto vigor em suas economias, nunca é demais lembrar que menos
vigor é melhor do que a falência total apresentada por muitos países
desenvolvidos. Além disso, nenhum país dos BRICS sofreu crise bancária, tendo
os prejuízos financeiros sido decorrentes das turbulências globais.
Outro ponto importante apontado por Dilma é que os problemas dos países ricos
não podem se tornar obstáculos para o crescimento econômico dos países em
desenvolvimento. Por isso, é necessário encontrar novas soluções e criar
ferramentas que garantam a esses países crescer de forma sustentada e
inclusiva, desenvolvendo sua infraestrutura, gerando empregos de qualidade e
promovendo a melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos.
A criação do Banco dos BRICS e o fortalecimento das relações dos países do
grupo caminham nesta direção e estão em consonância com o peso de suas
economias no novo contexto geopolítico mundial.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário