22 abril 2013, Vermelho
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A
tríplice fronteira foi palco de uma das manifestações mais expressivas, em
termos de representatividade, em defesa da causa palestina. Na última semana,
dos dias 16 a 19 de abril, mais de 1.500 pessoas, representando a diversidade
étnica, religiosa, cultural e política, lotaram a sala de cinema do Iguassu
Boulevard, em Foz do Iguaçu, para participarem do 1º Ciclo de Debates e Mostra
de filmes sobre a causa Palestina.
Por Mônica Nasser*, de Foz do Iguaçu
Por Mônica Nasser*, de Foz do Iguaçu
Mais de 1.500 pessoas lotaram a
sala de cinema
Quatro dias que expuseram, através de documentários, o drama e a resistência do povo palestino frente à estratégia de genocídio instalada no Oriente Médio desde a instituição do Estado de Israel em 1948.
Quatro dias que expuseram, através de documentários, o drama e a resistência do povo palestino frente à estratégia de genocídio instalada no Oriente Médio desde a instituição do Estado de Israel em 1948.
Idealizada pelo professor dr. Jorge Anthonio e Silva, docente da Unila-Universidade Federal da Integração Latino-Americana, o objetivo foi o de integrar ainda mais as comunidades da tríplice fronteira, aproveitando a diversidade ética e cultural da região. Foz do Iguaçu, por exemplo, possui mais de 72 etnias, com mais de 20 mil árabes. De acordo com Silva, a escolha da data da realização do evento também foi simbólica, e representou mais um marco do processo de integração entre os povos.
O dia do encerramento, 19, coincidiu com a comemoração de um ano do dia em que Foz do Iguaçu e Jericó, na Palestina, foram declaradas coirmãs, ato que oficializou, entre as duas cidades, o intercâmbio cultural, tecnológico, turístico, educacional, entre outros.
“Regiões assim permitem a criação de projetos culturais comuns, pela comunicação que se instaura entre diferentes culturas linguísticas, ampliando a difusão e o empréstimo de traços culturais, na medida do contato entre povos. Esse é o caráter dinâmico da cultura e pode ser colaborativo para a convivência pacífica e integração”, destacou Silva.
De acordo com Maria José El Saad, coordenadora-geral do evento, a expressiva participação e diversidade foi resultado do envolvimento de várias instituições e movimentos sociais da região ao projeto, demonstrando a adesão da tríplice fronteira à causa Palestina. Entre os parceiros do evento, a Unila, a Itaipu Binacional, Sociedade Árabe Palestina Brasileira de Foz do Iguaçu, Centro Cultural Beneficente Islâmico de Foz do Iguaçu e Sociedade Beneficente Islâmica de Foz do Iguaçu, Federação Árabe Palestina de Foz do Iguaçu, Cebrapaz- Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta Pela Paz, CDH-Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu, Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Fundação Cultural de Foz do Iguaçu, UJS-União da Juventude Socialista, Companhia de Teatro Amadeus, Iguassu Boulevard e imprensa local.
A Professora da Unila, Francieli Rebelatto, uma das mediadoras e idealizadoras do projeto, ressaltou a importância do evento. “O evento Palestina Vive superou todas as expectativas tanto em relação ao público como no nível do debate. Foram quatro dias para romper as fronteiras da falta de entendimento em relação à causa palestina, dos nossos preconceitos e nos encontrarmos em uma causa da humanidade e pelo bem da humanidade”. Claudia Ribeiro, da Cia de Teatro Amadeus, lembrou a importância das parcerias. “Agradecemos a toda a comunidade Árabe Palestina e deixamos nosso desejo de realizar mais parcerias em prol de causas tão nobres e necessárias como essa.”
Força do cinema
A obras cinematográficas, no gênero documentário, arrancaram lágrimas, indignação, e, sobretudo, deixaram o público incomodado com a realidade vivenciada pelos palestinos, que é fragmentada e oculta nos meios de comunicação tradicionais. A seleção das obras foi realizada criteriosamente e buscou desconstruir mitos e a alienação perante a temática.
Durante os quatro dias foram exibidos os filmes Occupation 101 (2006) com uma extensa pesquisa histórica sobre as raízes do conflito; Check Point (2003), que relata as barreiras impostas aos palestinos pelo governo de Israel com um forte processo de submissão e humilhação, como demonstração de poder; 5 Câmaras Quebradas (2011), que mostra como é a ocupação e como o cinema pode ser um forte instrumento de registro e contribuir para a construção da paz e Budrus (2009), que ressalta a construção do muro separatista por Israel e todas as suas trágicas consequências. Além dos filmes, quem visitou o espaço pode conferir parte da história da comunidade árabe local, com o Museu do Imigrante, da Escola Árabe Brasileira, e uma exposição de fotos sobre a Causa Palestina.
Após a exibição dos filmes foram realizados debates com a participação dos pesquisadores Ualid Rabah, diretor cultural da Federação Árabe Palestina, Fábio Bacila, escritor e docente no Colégio Medianeira, e Socorro Gomes, do Cebrapaz - Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta Pela Paz. “Acredito que devemos nos esforçar mais e mais para libertar a Palestina, e não só porque a queremos libertar para nela celebrar nossas vidas, nossos sonhos, nossa milenar história e nossa fé, mas porque ao fazê-lo, estaremos libertando cada israelense do sionismo e do Estado degenerado que suas elites construíram ao arrepio de toda moralidade vigente e aceitável”, ressaltou Ualid Rabah.
Maria José El Saad, coordenadora do Cebrapaz em Foz do Iguaçu, ressaltou o sucesso do Ciclo de Debates, com casa lotada todos os dias, o que consolida e lembra a importância de debater temas desta magnitude. “A proposta é unir e criar mecanismos para que possamos repetir anualmente o evento, entrando no calendário turístico e cultural das cidades da fronteira e demonstrando a contribuição do cinema na defesa da autodeterminação dos povos.”
*Mônica Nasser é assessoria de imprensa do Projeto Palestina Vive
Fotos: Paulo Gomes e Mônica Nasser
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